terça-feira, 31 de dezembro de 2024

Óscares: 96ª Edição (2024)

Bom para último post de 2024 a escolha vai recair sobre a 96ª edição dos Óscares, uma espécie de balanço do ano no que ao cinema diz respeito.

Vamos voltar ao início tradicional e começar pelas chamadas categorias técnicas. Onde o domínio de ‘Poor Things’ foi evidente arrebatando logo aqui três prémios (melhor Guarda-Roupa, melhor caracterização e melhor Design de Produção). Eu diria para além de ‘Poor Things‘ os grandes concorrentes nestas categorias eram ‘Napolean’ e ‘Barbie’ mas ‘Poor Things’ acaba por vencer nas três com inteira justiça. No Óscar de melhor ediçãoOppenheimer’ levou a melhor numa categoria onde a concorrência era particularmente forte (‘Anatomie d'une chute’, ‘The Holdovers’, ‘Killers of the Flower Moon’ e ‘Poor Things’), uma categoria em que Chistopher Nolan já levava alguns Óscares em divida. Enquanto no melhor som ‘The Zone of Interest’ sobrepôs-se no queria viria a ser o primeiro dos seus dois prémios da noite. Num dos Óscares técnicos mais importantes (melhores efeitos visuais), deu-se a primeira grande incongruência da cerimónia com o prémio a recair sobre ‘Godzilla Minus One’ na sua única nomeação e se por vezes é difícil encontrar cinco nomeados nesta categoria desta feita qualquer um dos nomeados (‘The Creator’, ‘Guardians of the Galaxy Vol. 3’, ‘Mission: Impossible – Dead Reckoning Part One’ e ‘Napoleon’), pode ter ficado com um travo a injustiça especialmente ‘The Creator’ diria eu. No galardão técnico que já ostenta a tradição de ser o mais cobiçado (melhor cinematografia), ‘Oppenheimer’ não deu qualquer hipótese à concorrência num Óscar que de facto tinha o seu nome escrito desde o lançamento do filme.

Passamos então para os Óscares mais “sensíveis”, os prémios onde se destacam as melhores interpretações. Nos actores secundários Da'Vine Joy Randolph arrecadou sem grande supressa o Óscar de melhor actriz secundária com o seu fantástico papel em ‘The Holdovers’ enquanto na vertente masculina a vitória foi conquistada por Robert Downey Jr. pela sua encarnação de Lewis Strauss em ‘Oppenheimer’, uma interpretação que não só é brilhante como pode muito bem ser a sua melhor em muito tempo. No já habitual Óscar mais disputado da noite (melhor actor principal) tivemos a (já mais do que merecida) consagração de um actor de excelência, Cillian Murphy na pele de Julius Robert Oppenheimer, um papel que além de desafiante era totalmente decisivo no sucesso de ‘Oppenheimer’. Uma categoria que contava com uma concorrência onde perfilavam nomes como Bradley Cooper/’Maestro’, Colman Domingo/’Rustin’, Paul Giamatti/’The Holdovers‘ e Jeffrey Wright/’American Fiction’. No Óscar de melhor actriz principal deu-se a meu ver a maior injustiça da edição 96 dos Óscares com o prémio a ser atribuído a Emma Stone pelo seu papel em ‘Poor Things’ um papel que apesar de ser formidável não tem argumentos para superar o de Sandra Hüller como Sandra Voyter em ‘Anatomie d'une chute’.

Antes dos Óscares mais importantes uma pequena “paragem” para falarmos dos argumentos como o galardão de melhor argumento original a ser arrebatado precisamente por ‘Anatomie d'une chute’ e o de melhor argumento adaptado por ‘American Fiction’ no que viriam a ser os seus únicos Óscares da noite. Numa Edição em que estes Óscares foram particularmente bem atribuídos. 

A noite terminou com o tardio mas mais do que merecido reconhecimento de Christopher Nolan pois ‘Oppenheimer’ venceu sem grandes sobressaltos as categorias de melhor filme e melhor realização, uma consagração justíssima pois Nolan é no meu ponto de vista o melhor realizador em actividade, uma carreira intocável que fala por si alicerçada numa genialidade e criatividade incontestáveis. Uma última nota para falar dos grandes derrotados da 96ª Edição, ‘Barbie’ e ‘Killers of the Flower Moon’, pois apesar dos filmes contarem com umas impressionantes seis nomeações (‘Barbie’) e sete (‘Killers of the Flower Moon’) apenas ‘Barbie’ confirmou um dos potenciais prémios na categoria de melhor canção original. Uma cerimónia difícil para o lendário Martin Scorsese e para o seu ‘Killers of the Flower Moon’.


segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Venom: The Last Dance (2024)

A novidade acerca dos argumentos de filmes no subgénero Super-heróis é que eles não só transparecem mediocridade para o filme em questão mas tratam de arruinar os argumentos de possíveis sequelas. Três anos depois de ‘Venom: Let There Be Carnage’ chega a anunciada sequela ‘Venom: The Last Dance’ e o filme além de consolidar alguns dos erros comuns aos seus predecessores tem ainda o condão de acumular outros tantos. Sendo verdade que é impossível condensar anos de histórias de BD num filme de duas horas é impressionante a incapacidade dos argumentistas em oferecer o mínimo de contexto ou justificação para os acontecimentos, a história vai-se desenrolando numa base do ‘é assim porque sim’, resumindo-se um filme numas sequências de acção assentes numa narrativa ridícula, fútil e altamente conveniente. A insistência numa parceria Eddie Brock/Venom em modo ventríloquo além de aborrecida começa a ser embaraçosa até para o próprio Tom Hardy. Outro vector em que ‘Venom: The Last Dance’ falha em toda a linha é na parca explicação da origem de vários novos simbiontes, aliás durante todo o filme nem sequer se chega a saber os nomes de nenhum simbionte. Para além dos novos simbiontes ‘Venom: The Last Dance’ conta também com a inclusão de Knull (uma espécie de Deus criador do Planeta dos simbiontes Klyntar), também Knull sofre de uma escassa atenção durante o filme ficando o seu passado e as suas ambições com explicações pendentes. Em jeito de conclusão ‘Venom: The Last Dance’ é o terceiro filme de uma trilogia sustentada em argumentos que não passam de manta de retalhos, mais uma hora e cinquenta minutos de “plástico” cinematográfico numa arte cada vez mais “plástica”. 

4.5/10

sábado, 21 de dezembro de 2024

Squid Game - Season 2 (2024)

Continuamos no âmbito das séries desta vez a propósito da segunda temporada de ‘Squid Game’, a série Sul Coreana que há três anos deixou o mundo em choque quer pela sua temática quer pela sua violência um tanto ou quanto inesperada mas sobre esse assunto eu já falei a quando da review sobre a Season 1 não vou voltar ao tema. Quais os problemas da segunda temporada de ‘Squid Game’? O primeiro e também o mais crítico é similar a outras séries (‘Prison Break’, ‘The Walkind Dead’ ou ‘La Casa de Papel’), quando a narrativa de uma série é muito forte na sua vertente de originalidade como é o caso, uma segunda temporada fica logo aquém porque perde o factor novidade, ‘Squid Game’ é mais um exemplo clássico desta envolvência. Nos dois primeiros episódios o argumento está delineado para justificar uma nova participação nos jogos por parte do protagonista Seong Gi-hun/Lee Jung-jae e embora não seja uma justificação perfeita tem no entanto o condão de ser razoavelmente credível. Um tópico em que esta Season 2 até consegue superar a primeira é sem dúvida no que ao elenco diz respeito, os actores além de mais consistentes tem quase todos eles uma prestação bastante eficiente. A série começa bem e continua numa harmoniosa evolução por entre novos jogos e novas interacções entre personagens onde se destaca a intensa relação entre o protagonista e o vilão contudo tudo descamba no ultimo episodio que além de atraiçoar a evolução que a temporada vinha a ter não oferece qualquer tipo de sentido a não ser o de deixar a série num impasse, se a isso juntarmos o facto de a Season 2 ter menos três episódios que a primeira, tudo aponta para que ‘Squid Game’ se venha a tornar em mais uma série que vai aproveitar a popularidade para esticar a sua existência em prol do factor financeiro.

7/10 

[Trailer]




quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Senna - Mini-série (2024)

Depois de três documentários, todos eles bem-sucedidos ‘Ayrton Senna: Portrait of a Racing Legend’ (1995) produzido pela BBC, ‘Senna’ (2010) através da ESPN e ‘Senna por Ayrton’ via TV Globo em 2024 chega a mini-série ficcional biográfica sobre o lendário piloto de Fórmula 1 Ayrton Senna também ela intitulada ‘Senna’ mas com o selo Netflix. É de facto um caso de estudo a popularidade do malogrado piloto de Fórmula 1 especialmente tendo em conta que a Fórmula 1 está longe de ser um desporto assim tão estimado no Brasil. A mini-série composta por seis episódios vai acompanhado a carreira de Senna desde tenra idade partindo das origens do seu fascínio pelo automobilismo, os episódios vão sucedendo enquanto a sua história vai acompanhado os pontos mais significativos da sua carreira até ao trágico acidente que lhe tirou a vida mas não só. A série aborda também outros temas importantes na vida do piloto tais como a sua vida amorosa ou a sua apaixonante veia rebelde acentuada na série pelo seu constante conflito com a FIA. Apesar do elenco praticamente desconhecido com a excepção de Kaya Scodelario/ Laura Harrison ela que é uma das protagonistas da série ‘TheGentleman’, ‘Senna’ oferece-nos na generalidade interpretações bem conseguidas com a mais decisiva a ficar a cargo do actor Brasileiro Gabriel Leone que deu conta do recado de forma muito assertiva. Também na vertente técnica a produção de ‘Senna’ consegue transpor-nos para a Fórmula 1 do início da década de 90 de forma bastante credível e eficaz.

7.5/10 

[Trailer]

domingo, 15 de dezembro de 2024

Arcane: League of Legends - Season 2 (2024)

Três anos depois chega finalmente a tão aguardada segunda temporada de ‘Arcane: League of Legends’. Bom, se a primeira temporada de ‘Arcane: League of Legends’ tinha deixado água na boca esta segunda temporada sobe o nível e de que maneira, o adjectivo que talvez seja mais apropriado para a descrever é arrebatador. ‘Arcane: League of LegendsSeason 2 é muito provavelmente a melhor série de 2024 e nem sequer estou a considerar apenas séries de animação, a história que já vinha em crescendo na primeira temporada entra agora em níveis de complexidade verdadeiramente desafiantes e a acção atinge um grau de intensidade que nos deixa a pensar que a Season 1 afinal foi só um “aperitivo”. Em consonância com o argumento também todos os personagens principais sem excepção sofrem uma notável evolução nesta segunda temporada além de um maior destaque cedido a personagens mais secundários como Singed, Ambessa, Mel Medarda, Ekko ou Vander. Uma última nota para não só para a excelência da animação como para as formidáveis montagens sempre acompanhadas pela atmosfera steampunk e por uma banda sonora bastante assertiva. Mesmo para quem desconhece por completo o videojogo (como é o meu caso), ‘Arcane: League of Legends’ é uma série imperdível que aparentemente termina nesta Season 2 mas o seu sucesso pode quiçá “obrigar” a uma improvável e completamente imprevisível terceira temporada.

9/10

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sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

X-Men 97 - Season 1 (2024)

Se em termos de “live action” a Marvel tem estado uns bons passos à frente em relação à DC Comics, mesmo que relativamente à qualidade dos filmes isso seja bastante discutível mas acerca do projecto isso parece-me inegável, no que diz respeito à vertente de animação a situação é exactamente a inversa. A DC Comics tem apresentado um consistente e bem elaborado plano com mais de vinte filmes, a grande maioria deles com um nível substancialmente competente, pois bem a Marvel parece quer agora acompanhar o passo. ‘X-Men '97’ não é um remake mas sim uma recuperação da prestigiada série de animação que começou no longínquo ano de 1992 e terminou precisamente em 1997 e teve na altura um total de 5 temporadas. Além de uma substancial melhoria na parte gráfica ‘X-Men '97’ contem uma bem estruturada cadência entre acção e desenvolvimento da história com um respeito pela matriz literária original de fazer inveja aos filme “live action” “made in” MCU, ainda para mais tendo em conta que a série é baseada numa altura particulmente cativante da BD X-Men. Outra evolução de ‘X-Men '97’ relativamente à série de 1997 é o público-alvo, pois é evidente uma tentativa (bem conseguida) de tornar a animação mais madura e sóbria com o intuito claro de conquistar o interesse de espectadores de outras idades, outro factor em que a animação se supera comparativamente ao “live action”. Já com mais duas temporadas asseguradas ‘X-Men '97’ tem tudo não só para ser uma série de animação de referência como assegurar um ponto de viragem no investimento em animação por parte da Marvel.

8/10 

[Trailer]