terça-feira, 30 de abril de 2024

Dvne - Voidkind (2024)

A banda mais “Pelagic” não ”Pelagic” da actualidade, falo dos Escoceses Dvne a propósito do seu terceiro álbum de originais ‘Voidkind’. Curta mas pautada pela qualidade é assim que se pode resumir a carreira deste quinteto Escocês. Se ‘Asheran’ foi indubitavelmente uma estreia auspiciosa e ‘Etemen Ænka’ uma incrível evolução sonora o que dizer de ‘Voidkind’?! Os Dvne mostram mais uma vez a sua formidável capacidade de surpreender e inovar dentro das sonoridades que lhes tem proporcionado uma notável progressão (Post-Metal/Sludge/Progressivo) mas sem hesitarem em absorver outros tipos de influências desde que encaixem na sua “personalidade musical”. Considerando que os Germânicos The Ocean são uma espécie de coqueluche da Pelagic Records, a editora tem mostrado um particular interesse em “coleccionar” bandas relativamente recentes que se vão destacando na vertente do Post-Metal (Herod, Hippotraktor, Lo! ou Sâver só para citar alguns exemplos), os Dvne foram claramente a pérola que lhes escapou. ‘Voidkind’ apresenta uma qualidade tal que rivaliza mesmo com o que de melhor os The Ocean já nos presentearam e não me refiro só às irrefutáveis semelhanças com os últimos três álbuns do colectivo Germânico mas principalmente à categórica qualidade de ‘Voidkind’. Riffs fabulosos carregados de alma, energia e genuinidade embutidos numa contínua e viciante atmosfera de Post-Metal guiada pela emotividade, pureza e espontaneidade atiram de forma altamente convincente ‘Voidkind’ para o pódio de melhores álbuns de 2024. 

9/10 

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quarta-feira, 24 de abril de 2024

Benighted - Ekbom (2024)

Com data agendada para o nosso país (17 de Maio no RCA Club) os Franceses Benighted estão de regresso com o seu décimo álbum de originais ‘Ekbom’. Quatro anos depois de ‘Obscene Repressed’ o quarteto Gaulês volta à carga com mais verdadeira onda de brutalidade sem qualquer tipo de limites ou restrições. ‘Ekbom’ é “apenas” mais uma manifestação do formidável talento dos Benighted, uma banda que tem pautado a sua carreira por uma solidez invejável com composições que agregam um Death Metal ríspido e impiedoso com a vertigem e selvajaria do Grindcore elevando-os cada vez mais a um merecido estatuto de uma das melhores bandas de Deathgrind da actualidade. A sua falta de imprevisibilidade podia tornar ‘Ekbom’ um álbum ordinário ou pouco evoluído todavia os Benighted mostraram mais uma vez que a sua capacidade de composição aliada à sua técnica e à sua dinâmica são mais do que suficientes para ultrapassar essa tendência. O meu destaque vai obrigatoriamente para os temas ‘Scars’, ‘Le Vice Des Entrailles’ e ‘Metastasis’ mas principalmente para a sensacional ‘A Reason For Treason’ talvez a faixa com mais Groove de ‘Ekbom’. 

 8/10

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sábado, 20 de abril de 2024

The Monolith Deathcult - The Demon Who Makes Trophies Of Men (2024)

Depois da ambiciosa trilogia ‘Versus I’, ‘V2 – Vergelding’ e ‘V3 - Vernedering: Connect the Goddamn Dots’ os Hola…Neerlandeses The Monolith Deathcult estão de regresso com oitavo álbum de originais ‘The Demon Who Makes Trophies Of Men’. Se já é habitual não se fazer qualquer tipo de ideia do que esperar de um novo álbum dos The Monolith Deathcult então depois desta trilogia essa afirmação sai ainda mais reforçada. ‘The Demon Who Makes Trophies Of Men’ até começa em grande estilo como o formidável tema título amplamente inspirado no clássico do Sci-Fi ‘Predator’ de 1987, infelizmente essa boa abertura não tem a continuidade desejada e o álbum acaba por incorrer em vários erros também identificados em ‘V2 – Vergelding’. Desde logo a inclusão de novas versões de três faixas do aclamado ‘Trivmvirate’ num total de oito que comporta o álbum juntamente com a falta de capacidade de associar os temas em torno de um conceito ou pelo menos de um fio condutor identificável. Se em termos de composição a banda mostra que tem um talento inato para elaborar sonoridades inventivas, bem delineadas e rebuscadas através de um Death Metal com contornos de Symphonic e Industrial já na incumbência de estruturar um álbum os The Monolith Deathcult ultimamente têm deixado muito a desejar, talvez traídos pela sua abordagem displicente e sarcástica ou mesmo por uma inexplicável premência em lançar álbuns numa cadência (demasiado) curta. 

7/10

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quinta-feira, 18 de abril de 2024

Horndal - Head Hammer Man (2024)

Outra banda com poucos anos de existência que também está de volta são os Suecos Horndal com o seu terceiro álbum de originais ‘Head Hammer Man’. A escolha das temáticas para cada álbum feita pelo quarteto Sueco continua a ser bastante peculiar tal como já tinha acontecido em ‘Remains’ e ‘Late Drinker’. Desta feita e como o próprio título o indica a inspiração para ‘Head Hammer Man’ foi o um icónico líder sindical Sueco Alrik Andersson que no longínquo ano de 1900 precisamente na pequena vila de Horndal, viu as suas acções despoletaram uma reacção em cadeia que passou pela invasão forçada das empresas por forças policiais, confrontos dessas mesmas forças com os trabalhadores e despejos de famílias culminando com a sua deportação juntamente com a sua família herdando assim Alrik, não só a humilhante colocação do seu nome numa lista negra pelo seu próprio país como também o epíteto de Head Hammer Man. Musicalmente ‘Head Hammer Man’ transparece uns Horndal numa forma fantástica a encobrirem, complicarem e dinamizarem as suas sonoridades ainda de forma mais aficada, juntando à sua familiar base de Sludge e Stoner uma multiplicidade de influências que vão desde o Post-Metal ao Doom passando pelo Post-Hardcore e até por uma variância do Heavy Metal muito ao estilo dos seus conterrâneos Ghost sendo que a faixa ‘Calling Labor’ é talvez o melhor exemplar disso. Recomendo uma especial atenção aos formidáveis temas ‘Fuck The Scabs’, ‘Famine’, ‘Evictions’ e ‘Creature Cages’, do melhor que os Horndal já nos ofereceram na sua ainda curta carreira. 

8/10

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quarta-feira, 10 de abril de 2024

VLTIMAS - Epic (2024)

Cinco anos depois da sua estreia com ‘Something Wicked Marches In’ os VLTIMAS voltam a dar sinal de vida com ‘Epic’. Engane-se quem pensa que por a banda ser recente ela é constituída por novatos, nada mais longe da verdade pois os VLTIMAS contam com as contribuições de Rune "Blasphemer" Eriksen (ex-Mayhem) na guitarra, Flo Mounier (Cryptopsy) na bateria, David Vincent (ex-Morbid Angel) na voz, Ype TVS (baixo) e ainda do português João Duarte (Filii Nigrantium Infernalium e Corpus Christii) também na guitarra (um musico que já vinha a acompanhar a banda ao vivo praticamente desde a sua formação). Aparentemente ‘Epic’ não foi um título escolhido ao acaso pois apesar do Death Metal “traçado” com uma forte influência de Black Metal especialmente evidente nas guitarras (outra coisa não seria de esperar) ser claramente a zona de conforto da banda existe uma notória intenção de dar uma atmosfera épica ao álbum ainda que mais explícita em certos temas é verdade. ‘Epic’ mostra uns  VLTIMAS bem oleados e intensos mas ainda à procura de elementos diferenciadores para outras bandas do mesmo espectro. Além do tema título destaco também as faixas ‘Scorcher’ e ‘Nature’s Fangs’ como os pontos mais apelativos de ‘Epic’.

7/10

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