sábado, 30 de novembro de 2024

Dragunov - Vepr (2024)

Formados em 2013 na França os Dragunov começaram por ser um projecto paralelo do baterista Seb (Abysse), que transitou para a posição de guitarrista ficando a bateria aos cuidados de Tristan. A origem do nome Dragunov provem de uma arma de longo alcance produzida na antiga União Soviética desenvolvida na altura pelo engenheiro Evgeny Dragunov. Também o nome do álbum ‘Vepr’ tem proveniência militar e não é mais que uma nova versão da conhecida metralhadora kalashnikov AK-74 utlizada pelo exército ucraniano a partir de 2003. Muito para além de um álbum conceptual ‘Vepr’ é um verdadeiro manifesto de apoio à Ucrânia em tempos de guerra, com a excepção de ‘Bialowieza’ todos os outros temas tem um significado simbólico. ‘Makhno’ foi um revolucionário Ucraniano do séc. XX, ‘Holodomor’ foi um genocídio do povo Ucraniano feito através da fome entre 1932 e 1933 supostamente ordenado por Stalin, ‘The Great Hour’ é um trecho que uma música patriótica muito emblemática para o povo Ucraniano, ‘Orange’ (laranja) é a cor que ficou associada à revolução que marcou em definitivo o fim da influência Russa na Ucrânia em 2004, ‘2402’ a data do ataque de Putin sobre a Ucrânia e por fim ‘Alligator’ que é um nome alusivo à espingarda de longo alcance utilizada pelo exército Ucraniano intitulada Snipex Alligator. Musicalmente ‘Vepr’ é uma aposta forte num Post-Metal instrumental com um ambiente austero e dissonante aqui e ali com uns ténues e bem oportunos arranjos de Electrónico. Destaque para a participação das vocalizações de Stefan De Graef (Psychonaut e Hippotraktor) na faixa ‘The Great Hour‘. Não sendo um álbum que consiga quebrar barreiras ou redefinir um subgénero ‘Vepr’ contém momentos de grande pujança criativa e intensidade emocional assentes essencialmente no Groove e no vigor dos riffs, é difícil ficar-se indiferente à energia de temas como ‘Orange’ ou ‘2402’. 

7.5/10

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quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Body Count - Merciless (2024)

O final de 2024 marca o regresso dos lendários Californianos Body Count com o seu oitavo álbum de originais ‘Merciless’. Quatro anos depois de ‘Carnivore’ os Body Count estão de volta com mais um capítulo na sua atribulada carreira. ‘Merciless’ é o quarto álbum desta espécie de segunda vida da banda depois uma longa paragem entre 2006 ‘Murder 4 Hire’ (apelidado pela critica especializada como seu pior álbum) e 2014 ‘Manslaughter’. Quem já acompanha a carreira dos Body Count há algum tempo sabe bem o que esperar da sua sonoridade, o seu hibrido de Hardcore com Crossover Thrash Metal é inconfundível mesmo tendo em conta uma dissimulada modernização sonora nos tempos mais recentes, o Hardcore “Old School” made in gueto continua a ser o “gene” predominante da sua musicalidade. Também na parte lírica a banda contínua fiel às suas origens e num mundo cada mais criticável a banda sente-se com terreno mais fértil do que nunca para carregar a fundo no pedal da crítica social e politica. Tal como já tinha acontecido nos seus dois antecessores também em ‘Merciless’ a banda continua com a sua febre de participações especiais, desta feita elas são encabeçadas pelo “cliente habitual” Max Cavalera em ‘Drug Lords’, Howard Jones (ex- Killswitch Engage) em ‘Live Forever’, Joe Bad (Fit for an Autopsy) em ‘Psychopath’, David Gilmour na bizarra cover de Pink FloydComfortably Numb’ e o lendário Corpsegrinder no formidável tema ‘Purge’ (uma faixa manifestamente inspirada pelo filme do mesmo nome).

7/10 

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sábado, 23 de novembro de 2024

Opeth - The Last Will and Testament (2024)

Não será exagero dizer que ‘The Last Will and Testament’ é provavelmente o álbum mais esperado de 2024 e não só porque os Suecos Opeth são uma das mais consensuais bandas no seio da musica mais pesada mas também porque o décimo quarto trabalho de originais da banda vem com a promessa do regresso às vocalizações guturais por parte de Mikael Åkerfeldt. Analisar um álbum de Opeth só em função das vocalizações é bastante redutor e até um tanto ou quanto injusto, é verdade que desde ‘Watershed’ que Åkerfeldt não usava o seu lendário gutural mas não é por isso que ‘Pale Communion’ ou ‘Sorceress’ deixam de ser álbuns comparáveis aos melhores que a banda já executou, a música dos Opeth sempre valeu pelo seu todo e pela sua desafiante complexidade. ‘The Last Will and Testament’ não é um álbum fácil de digerir (um cliché quando se trata de um álbum deste quinteto Sueco), soa algo estranho nas primeiras audições contudo começa a fazer cada vez mais sentido após umas quantas rodagens. O seu conceito assenta na leitura de um testamento no seio de uma família no pós primeira guerra mundial e os títulos das musicas mais não são do que os números dos parágrafos desse mesmo testamento. Musicalmente ‘The Last Will and Testament’ mostra-nos uns Opeth num perfeito equilíbrio entre todas as suas “faces” musicais, o seu Progressivo de autor vai agregando alternâncias de velocidade e de vocalizações com uma incrível naturalidade e dinâmica. A habitual sonoridade tecnicamente irrepreensível sempre numa toada heterógena e sofisticada com algumas nuances mais emotivas deixa-nos a pensar que a banda continua a ser singular na arte da composição. Destaco os temas ‘§1’, ‘§3’ e ‘§7’ embora pelo facto de ‘The Last Will and Testament’ ser um álbum conceptual a recomendação óbvia seja ouvir o álbum na íntegra. ‘The Last Will and Testament’ ficará muito provavelmente categorizado como o melhor álbum da banda desde ‘Watershed’ e, embora eu não discorde da afirmação acho que isso não se deve apenas e só ao regresso do icónico gutural de Åkerfeldt.

8/10

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sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Dopesick - Mini-Série (2024)

O assunto já foi abordado na mini-série dramática ‘Painkiller’ (Netflix) e na primeira parte da mini-série documental ‘The Crime of the Century’ (HBO), falo da célebre droga OxyContin que despoletou uma verdadeira crise dos opioides nos Estados unidos entre a última década do milénio passado e a primeira do novo. ‘Dopesick’ é a terceira perspectiva sobre o tema e tem o selo Hulu. A história (baseada em factos reais) passa-se na Virgínia e mostra o efeito devastador da droga OxyContin nesta pequena comunidade Norte-Americana. A narrativa é contada através de vários saltos cronológicos e para além de se focar no efeito do OxyContin na população evidência também a ganancia desmesurada da família Sackler, a família que gere a farmacêutica Purdue responsável pelo fabrico e venda do medicamento. Com um elenco verdadeiramente de luxo onde constam nomes como Peter Sarsgaard/Rick Mountcastle, Will Poulter/Billy Cutler ou Rosario Dawson na pele de Bridget Meyer o destaque obrigatório vai para o protagonista Micheal Keaton como o Dr. Samuel Finnix e a sensacional interpretação de Michael Stuhlbarg como Richard Sackler, o mais lunático da família Sackler e o grande entusiasta do OxyContin (ele que tinha feito um papel quase antagónico na terceira temporada de ‘Fargo’ como Sy Feltz). ‘Dopesick’ traz-nos uma realidade crua e realista da América rural e pobre em contraste com os milhões gerados pela indústria farmacêutica Norte-Americana, uma indústria forjada pela falta de escrúpulos e de integridade.

8/10 

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quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Only Murders in the Building - Season 4 (2024)

Quarto ano, quarta temporada de ‘Only Murders in the Building’. A série que pegou de estaca e veio de facto preencher um certo vazio no subgénero de mistério começa a dar os primeiros sinais de saturação da fórmula apesar das louváveis tentativas de inovação por parte da produção, esses sinais são praticamente inevitáveis numa cadência de uma temporada por ano. Esta season 4 começa com o homicídio de Sazz Pataki/Jane Lynch (a dupla de Charles-Haden Savage/Steve Martin) e logo aí começa o primeiro mistério, a dúvida se o alvo do assassino seria Sazz ou Charles. A temporada continua no habitual frenesim de pistas (algumas certas outras completamente enganadoras), enquanto o podcast do nosso conhecido trio é eleito para servir como base a um filme. Além de mais actores de renome como Zach Galifianakis, Eva Longoria ou Kumail Nanjiani a quarta temporada de ‘Only Murders in the Building’ tem outro grande ponto de interesse, a introdução da ala oeste do famoso edifício Arconia, uma ala que até agora não tinha sido explorada na série e que oferece de facto um elemento de novidade. Apesar das tais primeiras indicações de monotonia ‘Only Murders in the Building’ continua a cumprir com os propostos de entretenimento e boa disposição.

7.5/10

[Trailer]