sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Don’t Look Up (2021)

A nova proposta cinematográfica da plataforma Netflix dá pelo nome de ‘Don’t Look Up’ e foi elaborada por Adam McKay, um realizador/argumentista que tem estabelecido um estilo muito singular de realização particularmente evidente nos filmes ‘The Big Short’ e ‘Vice’. Tal como nesses dois filmes também em ‘Don’t Look Up’ se torna claro que a grande competência de McKay não deriva da profundidade dos argumentos, advém sim da sua perícia na desconstrução dos mesmos e na sua estreia ligação com os espectadores. A premissa de ‘Don’t Look Up’ é das mais replicadas da história do cinema moderno, numa pequena Universidade Norte-Americana dois cientistas Leonardo DiCaprio/Dr. Randall Mindy e Jennifer Lawrence/Kate Dibiasky descobrem um novo cometa, no entanto o festejo da descoberta vertiginosamente se transforma em pânico quando se apercebem que esse mesmo cometa se dirige para a Terra e que pelos seus cálculos o seu embate com o nosso planeta pode-se designar por um “evento de extinção da vida” (‘Greenland’, ‘Armageddon’). Todavia após esta assustadora descoberta, os dois cientistas começam a perceber que seja por que meio for não conseguem fazer passar a mensagem da importância e do perigo que representa a sua terrível descoberta pois a “humanidade” está literalmente mais preocupada com qualquer outro assunto. Apesar “desta” história já ter sido interpelada vezes sem conta a abordagem de McKay é verdadeiramente refrescante e original, pondo a tónica numa espécie de sátira de duplo efeito, pois ela funciona quer do ponto de vista de outros filmes do género onde a habitual tendência para actos heróicos e para uma humanidade unida e coesa é desta vez substituída por uma intrigante e realista indiferença, quer pelo ponto de vista do que se passa na actualidade pois observada a egoísta, subserviente e ignorante reacção de grande parte da humanidade em relação à actual pandemia, a história de ‘Don’t Look Up’ poderia facilmente passar de ficcional a verídica. Uma pequena nota para a formidável representação de Mark Rylance no papel de Peter Isherwell (uma espécie de Jezz Bezos desta ficção). 
 
7.5/10
 

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