A nova
proposta cinematográfica da plataforma Netflix
dá pelo nome de ‘Don’t Look Up’ e
foi elaborada por Adam McKay, um realizador/argumentista
que tem estabelecido um estilo muito singular de realização particularmente
evidente nos filmes ‘The Big Short’
e ‘Vice’. Tal como nesses dois
filmes também em ‘Don’t Look Up’ se
torna claro que a grande competência de McKay
não deriva da profundidade dos argumentos, advém sim da sua perícia na desconstrução
dos mesmos e na sua estreia ligação com os espectadores. A premissa de ‘Don’t Look Up’ é das mais replicadas da
história do cinema moderno, numa pequena Universidade Norte-Americana dois
cientistas Leonardo DiCaprio/Dr. Randall Mindy e Jennifer Lawrence/Kate Dibiasky descobrem um novo cometa, no entanto o festejo da
descoberta vertiginosamente se transforma em pânico quando se apercebem que
esse mesmo cometa se dirige para a Terra e que pelos seus cálculos o seu embate
com o nosso planeta pode-se designar por um “evento de extinção da vida” (‘Greenland’, ‘Armageddon’). Todavia após esta assustadora descoberta, os dois
cientistas começam a perceber que seja por que meio for não conseguem fazer
passar a mensagem da importância e do perigo que representa a sua terrível
descoberta pois a “humanidade” está literalmente mais preocupada com qualquer
outro assunto. Apesar “desta” história já ter sido interpelada vezes sem conta
a abordagem de McKay é
verdadeiramente refrescante e original, pondo a tónica numa espécie de sátira
de duplo efeito, pois ela funciona quer do ponto de vista de outros filmes do género
onde a habitual tendência para actos heróicos e para uma humanidade unida e
coesa é desta vez substituída por uma intrigante e realista indiferença, quer pelo
ponto de vista do que se passa na actualidade pois observada a egoísta,
subserviente e ignorante reacção de grande parte da humanidade em relação à
actual pandemia, a história de ‘Don’t
Look Up’ poderia facilmente passar de ficcional a verídica. Uma pequena
nota para a formidável representação de Mark
Rylance no papel de Peter Isherwell
(uma espécie de Jezz Bezos desta
ficção).
7.5/10
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