sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Gojira - Terra Incognita (2001)

Corria o ano de 2001, e enquanto nos Estados Unidos se desmultiplicavam as bandas de Nu-Metal na Europa mais precisamente na França surgia uma das bandas que iria marcar forte presença no espectro do Metal até aos dias de hoje, os Gojira. ‘Terra Incognita’ é então o cartão-de-visita dos conceituados Gojira, um álbum algo estranho e não linear. Se é verdade que faixas como ‘Clone’ ou ‘Space Time’ até são bem representativas da linha sonora que a banda viria a seguir na sua grande maioria ‘Terra Incognita’ apresenta-nos um seco, temporizado e inumano Tecnical Death Metal contrastado aqui e ali com algum Groove, exibindo até algumas similaridades com os primórdios dos Fear Factory (‘Concrete’ e ‘Soul Of A New Machine’) ainda que com uma produção infinitamente melhor. Em termos técnicos nada se pode apontar a ‘Terra Incognita’, pois para um álbum de estreia já mostrava muito da perícia e talento da banda, ainda que tenha uma aceitáveis “dores de crescimento” com repercussões ao nível de coesão, a melhor prova disso é a bizarra ‘Satan Is a Lawyer’ onde se pode reconhecer uma estranhíssima “vibe” a Primus. ‘Terra Incognita’ mostra-nos portanto uns Gojira ainda no seu estado mais embriónico e com muito caminho para percorrer. 

7/10

[Sample]

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Benighted - Psychose (2002)

Tal como já tinha sido abordado na review de ‘Insane Cephalic Production’ inicialmente as sonoridades dos Franceses Benighted não eram de todo similares aos Benighted que conhecemos hoje. Corria o ano de 2002 quando a banda lançou o seu segundo álbum de originais intitulado ‘Psychose’. Apesar das óbvias influências de Brutal Death Metal e até esporadicamente de Grindcore (que a banda viria a explanar de mais tarde), ‘Psychose’ assenta predominantemente num Black Metal numa vertente habitualmente reconhecida em bandas como Marduk ou Impaled Nazarene, se tecnicamente pouco se pode apontar a ‘Psychose’ já em termos de composição o álbum deixa bastante a desejar, passando sempre impressão de ter sido concebido numa indefinida anarquia rítmica. Também em termos de criatividade ‘Psychose’ está bem longe do que a banda já conseguiu mostrar, caindo numa espécie de limbo generalista de Black Metal com interferências de Death. Em boa hora os Benighted apostaram tudo na mistura Grindcore/Death Metal que tão bem os representa na actualidade.

 6.5/10

terça-feira, 27 de outubro de 2020

The Trial of the Chicago 7 (2020)

Em tempos de pandemia aparenta ser uma solução, falo do novo filme da NetflixThe Trial of the Chicago 7’ que foi directamente para o streaming sem sequer ter passado pelas salas de cinema. Baseado em factos verídicos ‘The Trial of the Chicago 7’ passa-se em 1968 nuns Estados Unidos em verdadeiro tumulto político onde a infame guerra do Vietname marcava uma crescente onda de protestos generalizados, literalmente à porta de um famoso congresso do partido democrata em Chicago Illinois estes protestos tiveram uma violenta apoteose de confrontos com a polícia estadual. Na sequência destes acontecimentos um grupo de não relacionados activistas foi escolhido para ser julgado como exemplo pela ardilosa administração Nixon num irrascível e revoltante julgamento. Filmes que se passam maioritariamente numa sala de tribunal tendem invariavelmente para o tédio no entanto ‘The Trial of the Chicago 7’ é sem dúvida a excepção à regra. Com uma intensidade sempre ao rubro e as magníficas interpretações de Eddie Redmayne (Tom Hayden), um irreconhecível Sacha Baron Cohen (Abbie Hoffman), Frank Langella (Judge Julius Hoffman), Joseph Gordon-Levitt (Richard Schultz) e Mark Rylance (William Kunstler) entre outros ‘The Trial of the Chicago 7’ cativa-nos a atenção de início ao fim numa sistemática e perturbante variação de emoções. ‘The Trial of the Chicago 7’ é um imperdível e importante filme de cariz histórico. 
8/10 

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Gojira - The Link (2003)

Continuando na França voltamos a falar dos Gojira mais precisamente acerca do seu segundo álbum de originais intitulado ‘The Link’. Corria o ano de 2003 e os Gojira ainda lutavam para conseguir ter uma distribuição internacional quando saiu ‘The Link’, um álbum que apesar de mostrar toda a qualidade técnica e invulgar capacidade de composição da banda mostrava ao mesmo tempo uns Gojira ainda numa versão crua e embrionária. ‘The link’ caracteriza-se então por pertencer a uma altura em os Gojira  estavam na sua versão mais rugosa e austera, ainda sem a multiplicidade de influências que viriam mais tarde, e essencialmente assente numa poderosa, demolidora e compassada mistura entre Tecnical Death Metal e Progressivo mas que ainda assim já ilustrava uma a criatividade acima da média da banda. Os pontos menos bons são talvez a ausência da excelente voz limpa de Joe Duplantier tal como a ténue agregação instrumental que acaba por prejudicar a fluidez sonora do álbum. Destaque para as formidáveis ‘Remembrance’, ‘Indians’ e ‘Embrace The World’. 

7/10

[Sample] 

Ovtrenoir - Fields Of Fire (2020)

É uma das grandes supresas musicais de 2020, falo de ‘Fields Of Fire’ o álbum de estreia dos Gauleses Ovtrenoir. A banda fundada em 2013 começou por ter um conceito musical baseado num Post-Rock acústico no entanto esse conceito sofreu uma efectiva metamorfose catapultando as sonoridades da banda para a actual mescla de Sludge com Post-Metal. Tal como os Norte-Americanos Snow Burial e Morne ou os Suecos Gloson também no Post-Metal dos Ovtrenoir é nítida e evidente a grande influência dos incontornáveis Neurosis quer na sua versão mais recente quer na altura onde ainda fluía o Sludge sujo e atmosférico. 'Fields Of Fire' pode ser caracterizado por um ambiente austero, cru e emocional explorado por riffs ríspidos, vigorosos e dissonantes e vocalizações roucas e angustiadas onde se podem destacar em particular as extraordinárias ‘Those Scares Are Landmarks’ e ‘I Made My Heart A Field Of Fire’ nas quais são notórias uma ténue interferência do Doom Metal elevando ainda mais o lado sentimental das faixas como também a copiosa e irredutível ‘Echoes’. Os Ovtrenoir estreiam-se então da melhor maneira com este ‘Fields Of Fire’, um álbum que dá o mote para uma promissora carreira a este talentoso quarteto Francês. 

8/10

[Sample]