sexta-feira, 21 de maio de 2021

The Monolith Deathcult - V3 - Vernedering: Connect the Goddamn Dots (2021)

Para concluir a trilogia começada com ‘Versus I’ passando por ‘V2 – Vergelding’ os holandeses The Monolith Deathcult estão de volta com ‘V3 - Vernedering: Connect the Goddamn Dots’. Uma trilogia de álbuns é porventura uma missão espinhosa que é muitas vezes rotulada de pretensiosa habitualmente devido a um excesso de ambição e no caso dos The Monolith Deathcult parece-me que dificilmente se consegue fugir a essa tendência, uma trilogia bem delineada consiste num conceito que vai sendo explorado em três álbuns consecutivos, pressupostos que sinceramente não consigo identificar nesta trilogia. O trio Holandês que espantou o universo do Metal com a sua fantástica mistura de Death Metal, Industrial e Symphonic tem sido a meu ver vítima do seu próprio sucesso, depois dos formidáveis ‘Trivmvirate’ e ‘Tetragrammaton’ os The Monolith Deathcult ficaram reféns da sua própria criatividade e experimentalismo, pois dentro do saturado subgénero do Death Metal conseguiram sem dúvida apresentar uma refrescante amalgama sonora que ainda se reflectiu de maneira bastante efusiva em ‘Versus I’ mas que claramente não tem tido o mesmo impacto a partir do álbum seguinte. ‘V3 - Vernedering: Connect the Goddamn Dots’ não é de todo um álbum medíocre no entanto também não apresenta qualquer evolução em relação ao que a banda já fez no passado. 

7/10

[Sample] 

terça-feira, 18 de maio de 2021

Invincible (2021)

É a nova proposta da Amazon, refiro-me à nova serie de animação ‘Invincible’ baseada na BD criada por Robert Kirkman lançada pela parceria Skybound/Image Comics da qual é sócio, para além de também partilhar parte da responsabilidade do argumento da série, Kirkman ficou também conhecido por participar nos argumentos das séries ‘The Walking Dead’, ‘Fear The Walking Dead’ e ‘The Walking Dead: World Beyond’ e das respectivas BD’s que lhes deram origem. A história de ‘Invincible’ gravita em torno de Nolan Grayson/Omni-Man vocalizado pelo extraordinário J.K. Simmons e Mark Grayson/Invincible com a voz a cargo de Steven Yeun uma das figuras mais emblemáticas de ‘The Walking Dead’ e protagonista no recente filme ‘Minari’. Depois da abrupta e cruel morte dos Guardians of the Globe, um emblemático grupo de super-heróis com bastantes similaridades com a Justice League, Omni-Man, o ser mais poderoso do planeta fica ainda com mais responsabilidade na sua defesa enquanto o seu filho Invincible começa a dar os primeiros passos na utilização dos seus poderes, entretanto o desenlace da história começa a ter contornos muito mais sombrios e surpreendentes consequência da revelação de alguns segredos. Com uma clara inspiração quer em termos de história quer em termos de “gore” na série ‘The Boys’, ‘Invincible’ consegue agarrar os espectadores quase de maneira instantânea através não só, do seu elaborado e bem gizado argumento mas também em virtude de um ambiente moderno e sóbrio com fantásticas e alucinantes sequências de acção. Apesar da primeira Season só ter oito episódios foi com grande entusiasmo que percebi que já foram anunciadas mais duas Seasons de ‘Invincible’. 

8/10

[Trailer] 

sábado, 15 de maio de 2021

Os Óscares 2021

 












            Quase três semanas depois da cerimónia vamos finalmente dar a devida atenção aos Óscares, dado que para mim esta review só faz sentido após o visionamento da grande maioria dos filmes nomeados. A edição 93 dos Óscares tal como a edição anterior e como não poderia deixar de ser, foi também fortemente marcada pela pandemia, desde logo porque foi adiada para o mês de Abril mas além disso foi também a edição com uma das mais fracas audiências de sempre com a respectiva quebra em termos financeiros. Mais uma vez deixo a nota que este post é centrado na justiça da entrega dos prémios e não na cerimónia em si porque o objectivo do Blog não passa por discutir as “lições de moral” dos discursos de uma classe altamente privilegiada mas sim por debater o mérito dos galardões.

             Ao contrário do que é habitual desta vez vou começar pelo Melhor Filme Estrageiro atribuído com alguma surpresa ao Dinamarquês Druk’ (Another Round), e honestamente não posso fazer um comentário mais informado porque foi o único filme que vi desta categoria mas consigo ainda assim dizer que sem dúvida é um filme que vale a pena ver e que porventura até merecia uma nomeação da categoria de Melhor Musica Original com a faixa ‘What a Life’ dos Scarlet Pleasure.

               Nas categorias técnicas ‘Tenet’, sem concorrência à altura ganhou o prémio para os Melhores Efeitos Visuais enquanto ‘Sound of Metal’ venceu na categoria de Melhor Som que é uma espécie de junção entre os “antigos” Óscares de Melhor Edição de Som e Melhor Mistura de Som, o que faz algum sentido dado que foram muito raras as vezes em que não foi o mesmo filme a vencer as duas. No Óscar de Melhor Edição vejo-me obrigado a referir a inexplicável ausência de ‘Tenet’ nos nomeados, provavelmente um dos filmes com uma das mais difíceis edições de sempre. ‘Sound of Metal’ foi também o vencedor nesta categoria e infelizmente estes viriam a ser os únicos Óscares ganhos por ambos os filmes durante toda a cerimónia. 

                Os Óscares de Melhor Guarda-Roupa e Melhor Maquilhagem acabaram por “cair” para ‘Ma Rainey's Black Bottom’ num duelo bastaste renhido com ‘Mank’ para mim os dois grandes favoritos nestas categorias sendo que ‘Mank’ acabou por se “vingar” vencendo na categoria de Melhor Direcção Artística, com toda a justiça.

                No sempre emblemático Óscar de Melhor Cinematografia quem acabou por levar a melhor também foi ‘Mank’ no que me pareceu num dos prémios em que á partida não haveria discussão possível, apesar de ‘Nomadland’ também se ter destacado nesta categoria.

                Passamos para os argumentos, e se no Melhor Argumento Adaptado tendo a concordar com a escolha do excelente ‘The Father’, numa categoria onde ‘The White Tiger’ teve a sua única nomeação, já não posso dizer o mesmo sobre o Melhor Argumento Original, uma categoria onde já se tornaram tradição as escolhas completamente absurdas foi mais uma vez o que voltou a acontecer com o prémio a ser atribuído a ‘Promising Young Women’ em detrimento de filmes como ‘Judas and the Black Messiah’, ‘The Trial Of The Chicago 7’ ou ‘Sound Of Metal’, simplesmente inacreditável.

                Na parte mais esperada da noite foi para mim onde se cometeram as maiores atrocidades, falo como é obvio dos Óscares de interpretação e a minha critica não vai necessariamente para a justiça na escolha dos vencedores mas sim para a completa falta de critério na separação de actores principais e secundários. Nas actrizes a vencedora do Óscar de Melhor Actriz Secundária foi a Sul Coreana Yuh-Jung Youn pelo seu papel em ‘Minari’ no que foi o único Óscar atribuído ao filme e penso honestamente que as interpretações de Glenn Close em ‘Hillbilly Elegy’ ou Olivia Coleman em ‘The Father’ seriam escolhas mais adequadas. No galardão de Melhor Actriz Principal a vencedora foi mais uma vez Frances McDormand pelo seu formidável papel em ‘Nomadland’ e a meu ver com inteira justiça apensar de Viola Davies ter também ela feito uma incrível prestação em ‘Ma Rainey's Black Bottom’. Nos actores Daniel Kaluuya pulverizou qualquer tipo de concorrência possível na categoria de Melhor Actor Secundário com o seu fabuloso papel em ‘Judas and the Black Messiah’ provando que é sem duvida um dos melhores actores da sua geração, destaque para a incompreensível nomeação nesta mesma categoria de LaKeith Stanfield no mesmo filme deixando aparentemente, ‘Judas and the Black Messiah’ sem um actor principal. Foi com total espanto que me fui apercebendo de uma grande revolta generalizada acerca da justiça da entrega do Óscar de Melhor Actor Principal, aparentemente muita gente ficou indignada pela não atribuição do prémio ao falecido Chadwick Boseman pela sua prestação (que infelizmente seria a ultima) em ‘Ma Rainey's Black Bottom’ numa espécie de Heath Ledger parte dois, e o que me apraz dizer sobre o assunto é o seguinte, lamento como é óbvio a prematura morte de Boseman e não tenho duvidas que ele teria muito para oferecer ao cinema agora tentar comparar o seu papel neste filme com o de Anthony Hopkins em ‘The Father’ ou com o genial Joker de Ledger em ‘The Dark Knight’ é comparar o incomparável, aliás com completa imparcialidade até se pode facilmente reconhecer que as interpretações de Gary Oldman em ‘Mank’ ou Riz Ahmed em ‘Sound Of Metal’ são claramente superiores à de Chadwick Boseman. Tudo isto torna-se ainda mais estranho quando me parece evidente que Chadwick Boseman nunca poderia estar nomeado nesta categoria mas sim na de Melhor Actor Secundário pois é bastante claro que a personagem principal de ‘Ma Rainey's Black Bottom’ é a própria Ma Rainey interpretada com distinção por Viola Davies como já referi. Qualquer pessoa com imparcialidade e sentido crítico diria que é incontestável o Óscar ter sido entregue a Hopkins pela sua magistral interpretação em ‘The Father’.

                Na realização mais uma vez Fincher a ser preterido apensar do seu excelente trabalho em ‘Mank’ recaindo a escolha em Chloé Zhao com ‘Nomadland’ com alguma injustiça pois parece-me evidente que a dificuldade de fazer um filme como ‘Mank’ exige muito mais de um realizador.

                E finalmente chegamos ao Melhor Filme e também aqui quem levou a melhor foi ‘Nomadland’, apesar de que na minha opinião ‘Mank’, ‘The Trial Of The Chicago 7’ e ‘The Father’ serem claramente mais interessantes quer em termos de história quer em termos de qualidade cinematográfica. Uma última nota para a aberrante inclusão de ‘Minari’ e ‘Promising Young Women’ nesta categoria quando ficaram de fora filmes como ‘Tenet’, ‘The White Tiger’ ou ‘The Devil All The Time’ só para dar alguns exemplos.

 

 

quinta-feira, 13 de maio de 2021

Hillbilly Elegy (2020)

Antes do já habitual e aguardado post sobre os Óscares o Espelho Distópico vai focar a sua atenção em mais um filme que marcou presença nas nomeações, falo de ‘Hillbilly Elegy’. Com duas nomeações e com um argumento baseado num livro com o mesmo título (ambos escritos por J. D. Vance), ‘Hillbilly Elegy’ conta-nos a dramática história do autor deste romance que já na sua vida de pré-adulto e depois de ter entrado para a conceituada Universidade de Yale recebe um perturbante telefonema que o faz voltar às suas origens em Ohio para enfrentar vários dos seus traumas de infância. Com constantes flashbacks, ‘Hillbilly Elegy’ vai-nos guiando sobre a disfuncional e problemática família de J. D. Vance/Gabriel Basso com especiais destaques para a sua mãe Bev/Amy Adams e a sua avó    Mamaw/Glenn Close, enquanto em simultâneo vamos percebo que os problemas desta família já vêm de gerações antes. Com interpretações seguras e assertivas ‘Hillbilly Elegy’ mostra-nos o lado mais cruel do chamado “american dream”. 

7/10

[Trailer] 

domingo, 9 de maio de 2021

Seth - La Morsure Du Christ (2021)

Continuamos em terras Gaulesas, mas numa vertente completamente diferente. Após a entrada no novo milénio foi notório o surgimento de uma tendência de Black Metal Francês na Europa que em certa altura até chegou a suplantar, pelo menos em quantidade, o emblemático Black Metal Escandinavo principalmente o Norueguês, onde se foram destacando bandas como Decrepit Spectre, Svart Crown, Regarde Les Hommes Tomber, Merrimack, Spektr, Drastus, Novae Militiae e os icónicos Deathspell Omega, ora outra das bandas que apareceu nesta vaga foram os Seth, que além de até serem uma das mais antigas está também ligada ao aparecimento dos Decrepit Spectre. Oito anos depois do sensacional ‘The Howling Spirit’ os Seth voltam finalmente a dar sinal de vida com o seu sexto álbum de originais ‘La Morsure Du Christ’ (a mordida de Cristo), com uma espectacular e simbólica capa onde se vê a mítica Catedral de Notre-Dame em chamas os Seth aproveitaram também esse acontecimento como inspiração para o álbum fazendo uma ligação entre esse trágico momento e a progressiva decadência do Cristianismo. Em ‘La Morsure Du Christ’ os Seth recuperam um Black Metal dos anos 90 pautado pelo equilíbrio entre a ferocidade e a rapidez dos riffs com uma parte ambiental caracterizada por um sombrio e diabólico romantismo. Apesar do toque revivalista os Seth conseguem que ‘La Morsure Du Christ’ não tenha uma sonoridade obsoleta, contribuindo decisivamente para isso, não só uma produção de excelência como uma grande capacidade de composição e atenção ao pormenor por parte da banda. 

8/10

[Sample]