sábado, 25 de dezembro de 2021

Resident Evil: Welcome to Raccoon City (2021)

Ora numa altura em que o cinema é especialmente prolifico em remakes e reboots o franchise Resident Evil tornou-se na mais recente “vítima” deste fenómeno com o surgimento de ‘Resident Evil: Welcome to Raccoon City’. Não sendo eu um expert do franchise de jogos que de alguma maneira tem servido de base ao franchise cinematográfico concluído(?) em ‘Resident Evil: The Final Chapter’, fui-me apercebendo que as críticas apesar de serem díspares centram-se essencialmente na comparação de ‘Resident Evil: Welcome to Raccoon City’ com os seus antecessores. A história de ‘Resident Evil: Welcome to Raccoon City’ não é de todo mal elaborada embora seja bastante decalcada dos dois primeiros jogos da série, colhendo desse modo os louros da fidelidade mas ficando aquém na vertente criativa. O filme começa com o regresso da protagonista Claire Redfield/Kaya Scodelario à sua cidade natal Raccoon City vinte anos depois de uma conturbada infância passada no orfanato local revisitada num pequeno prólogo, o foco de Claire passa pelo reencontro com o seu irmão Chris (um policia local) para o informar que a razão pela qual a gigante farmacêutica Umbrella Corporation abandonou recentemente Raccoon City não é inocente, pois esta temível farmacêutica expôs os seus escassos habitantes a agentes químicos e radioactivos com efeitos completamente imprevisíveis para o ser humano durante anos. Claire, o seu irmão e os restantes efectivos da policia de Raccoon enfrentam assim um longa noite encurralados entre os nativos infectados com um vírus que os transforma numa espécie de zombies, os limites da cidade bloqueados por uma imponente força militar e uma total aniquilação dos potenciais sobreviventes da cidade via ataque aéreo a pedido da Umbrella Corporation marcado para as seis horas da manhã. É verdade que ‘Resident Evil: Welcome to Raccoon City’ tinha à partida algum potencial no entanto, o elenco verdadeiramente deplorável, a miserável qualidade dos diálogos e falta de capacidade de interligar com precisão a sequência de cenas arruinaram por completo esse potencial, realizar um filme não passa apenas por sequenciar cenas de um jogo, todavia tenho muita dificuldade em corroborar criticas que enaltecem outros filmes do franchise em comparação, ‘Resident Evil: Welcome to Raccoon City’ está por certo num nível medíocre mas qual é o filme da “série” Resident Evil que não está?!

5/10

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Don’t Look Up (2021)

A nova proposta cinematográfica da plataforma Netflix dá pelo nome de ‘Don’t Look Up’ e foi elaborada por Adam McKay, um realizador/argumentista que tem estabelecido um estilo muito singular de realização particularmente evidente nos filmes ‘The Big Short’ e ‘Vice’. Tal como nesses dois filmes também em ‘Don’t Look Up’ se torna claro que a grande competência de McKay não deriva da profundidade dos argumentos, advém sim da sua perícia na desconstrução dos mesmos e na sua estreia ligação com os espectadores. A premissa de ‘Don’t Look Up’ é das mais replicadas da história do cinema moderno, numa pequena Universidade Norte-Americana dois cientistas Leonardo DiCaprio/Dr. Randall Mindy e Jennifer Lawrence/Kate Dibiasky descobrem um novo cometa, no entanto o festejo da descoberta vertiginosamente se transforma em pânico quando se apercebem que esse mesmo cometa se dirige para a Terra e que pelos seus cálculos o seu embate com o nosso planeta pode-se designar por um “evento de extinção da vida” (‘Greenland’, ‘Armageddon’). Todavia após esta assustadora descoberta, os dois cientistas começam a perceber que seja por que meio for não conseguem fazer passar a mensagem da importância e do perigo que representa a sua terrível descoberta pois a “humanidade” está literalmente mais preocupada com qualquer outro assunto. Apesar “desta” história já ter sido interpelada vezes sem conta a abordagem de McKay é verdadeiramente refrescante e original, pondo a tónica numa espécie de sátira de duplo efeito, pois ela funciona quer do ponto de vista de outros filmes do género onde a habitual tendência para actos heróicos e para uma humanidade unida e coesa é desta vez substituída por uma intrigante e realista indiferença, quer pelo ponto de vista do que se passa na actualidade pois observada a egoísta, subserviente e ignorante reacção de grande parte da humanidade em relação à actual pandemia, a história de ‘Don’t Look Up’ poderia facilmente passar de ficcional a verídica. Uma pequena nota para a formidável representação de Mark Rylance no papel de Peter Isherwell (uma espécie de Jezz Bezos desta ficção). 
 
7.5/10
 

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

The Matrix Resurrections (2021)

“A stroll down Shittery Lane” foi a expressão que me foi proposta para descrever a nova sequela de uma das mais brilhantes e emocionantes trilogias que o cinema moderno já apresentou (‘The Matrix’, ‘The Matrix Reloaded’ e ‘The Matrix Revolutions’), falo como já se percebeu de ‘The Matrix Resurrections’. Mas antes de falar propriamente do filme vou tentar explicar o porquê de ‘The Matrix Resurrections’ estar no meu ponto de vista, destinado ao fracasso. A grande pergunta que importa fazer é a seguinte: existia a possibilidade de voltar a penetrar no universo Matrix? Na minha opinião parece-me razoável responder afirmativamente, qualquer “spin-off” sobre algum dos personagens já existentes tais como, The Oracle, Niobe, Ghost, Merovingian ou Seraph entre outros ou talvez até sobre Zion no pós-guerra seria porventura uma ideia interessante a explorar, todavia a realizadora Lana Wachowski decidiu (numa evidente e absurda falta de respeito pela sua própria genialidade) voltar a abordar a história do “The One”, um ciclo que foi concluído com tamanha mestria e de forma tão consistente que se tornou virtualmente impossível ser reaberto, a grande consequência desta irracional teimosia dá então pelo nome de ‘The Matrix Resurrections’. Mesmo gerindo as expectativas da ínfima probabilidade que uma sequela produzida após 18 anos atingir um nível mediano, assumo não está estava à espera deste grau de mediocridade. ‘The Matrix Resurrections’ entrega-nos um argumento que está permanentemente a tentar sugerir qualquer tipo de razão para existir uma ressurreição de Neo, Trinity e Smith (curiosamente os únicos três personagens principais que “morreram” em ‘Revolutions’), e sempre de uma forma tão forçada e conveniente que acaba mesmo por se tornar ridícula, juntando a isto temos uma infindável torrente de clichés imbecis de como sacar lucro aproveitando direitos de autor dos filmes anteriores, somando a tudo isto ainda nos é oferecido (ou esfregado na cara) o recente conceito do “homem branco” ser automaticamente sinónimo de pessoa vil e cruel. Destaco a “inteligente” ausência de Laurence Fishburne e Hugo Weaving (dois dos mais carismáticos actores da trilogia inicial) deste descarado e desavergonhado ataque ao bolso dos espectadores, camuflado pelo guarda-chuva da “marca” Matrix. Os últimos reparos vão para o fantástico aspecto de uma Niobe algures perto dos 100 anos, o redondo falhanço da escolha de Neil Patrick Harris para o pepel de The Analyst e o simultaneamente fantástico e inglório trabalho da equipa de CGI, ao qual dedico quase por inteiro a pontuação atribuída.

 5.5/10

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

The French Dispatch (2021)

The French Dispatch’ é a mais recente proposta do irreverente realizador/argumentista Wes Anderson que, além da pérola ‘The Grand Budapest Hotel’ conta no seu cardápio com filmes como ‘The Darjeeling Limited’ ou ‘Moonrise Kingdom’ deixando em qualquer deles bem vincada a sua singular abordagem ao mundo da sétima arte. O argumento de ‘The French Dispatch’ centra-se na última edição da revista Norte-Americana do mesmo nome sedeada na ficcional cidade Francesa de Ennui-sur-Blasé no século XX. Após a morte do seu idolatrado editor Arthur Howitzer Jr./Bill Murray o bizarro e peculiar grupo de cronistas que fazem parte da revista decide revisitar três das melhores histórias previamente lançadas em edições anteriores e relança-las num obituário fazendo assim a justa homenagem ao seu mentor e protector nessa derradeira edição. “A Obra-Prima Concreta”, “Revisões a um Manifesto” e “A Sala de Jantar Privada do Comissário de Polícia” mostram-nos engenhosamente toda gama artística e diversidade técnica que Anderson já nos habitou, desde os rápidos diálogos carregados de charme e requinte literário, passando pela dicotomia entre movimento e claustrofobia até às provocações cirúrgicas do jogo de cores convertido numa magnífica cinematografia. ‘The French Dispatch’ conta ainda com um elenco verdadeiramente exuberante onde para além de Bill Murray constam nomes como Benicio Del Toro, Adrien Brody, Tilda Swinton, Frances McDormand, Timothée Chalamet, Owen Wilson e Christoph Waltz

7/10 

[Trailer]

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

La Casa De Papel - Season 5 (2021)

E aí está (finalmente diria eu), a conclusão do assalto começado na… terceira temporada imagine-se, falo como é perceptível da quinta temporada da aclamada série La Casa De Papel. É um tanto difícil de admitir mas ao mesmo tempo incontornável, a genial ideia inicial desta fantástica série espanhola cada vez mais se vai esbatendo num verdadeira onda de clichés no que a séries diz respeito. Não falo de clichés acerca do seu conteúdo pois criatividade é o que não falta na La Casa De Papel mas sim no formato em que tem sido lançada para o público chegando ao cúmulo desta Season 5 ter sido partida em metade para maximizar a sua longevidade. Digamos que fossem reduzidas ao mínimo as longas e inócuas horas de intermináveis flashbacks sem qualquer tipo de prejuízo para a narrativa, as temporadas quatro e cinco tinham-se facilmente fundido numa só. Quanto a esta Season 5 em particular e apesar do suspense da grande conclusão perdurar nos “mínimos olímpicos” a frenética e imprevisível acção foi intercalada com uma generosa fatia de soluções atabalhoadas, inverosímeis e apressadas. É com alguma pena que tenho de reconhecer que o sucesso das duas primeiras temporadas de La Casa De Papel tornou-se numa alavancagem com o cínico e ganancioso intuito de perpetuar a mesma. 

7/10  

[Trailer 1] [Trailer 2]