terça-feira, 22 de junho de 2021

Fear Factory - Aggression Continuum (2021)

Aggression Continuum’ é o título da nova proposta dos Norte-Americanos Fear Factory, este no entanto pode até ser interpretado com ironia dado que quase em simultâneo foi também anunciada a “descontinuação” da banda, pelo menos tal como a conhecemos. O conflito entre a magistral dupla Dino Cazares/Burton C. Bell parece desta vez ser inultrapassável e avizinham-se mesmo uma longa batalha legal, esta contenta já não é a primeira vez que chega ao nível do insustentável, o mesmo já tinha acontecido em 2005 após a banda lançar na altura o seu sexto álbum de originais ‘Transgression’, no entanto ao contrário do que aconteceu nessa altura, e de maneira algo inacreditável desta vez o choque entre os dois incontestáveis líderes da banda não se reflectiu de todo na qualidade do álbum e ‘Aggression Continuum’ prefigura-se mesmo como um dos mais consistentes álbuns da banda. ‘Aggression Continuum’ contém uma equilibrada mistura de todas as variáveis que os Fear Factory tão bem têm controlado ao longo da sua carreira algumas numa abordagem praticamente exclusiva, uma poderosa e indestrutível “parede sonora” de um monolítico e impiedoso Thrash Industrial como uma produção de excelência, onde se destaca o ponderado e meticuloso uso de sintetizadores tal como pontuais arranjos sinfónicos. ‘Aggression Continuum’ pode muito bem ser o último álbum desta fantástica e mítica banda, resta-nos a satisfação de pensar que desta vez é um “final” em grande estilo.

8/10

[Sample]

quinta-feira, 17 de junho de 2021

Final Space - Season 3 (2021)

É uma das séries de animação que mais prestígio e adeptos têm ganho ao longo do tempo, falo de Final Space que está de volta em 2021 com a Season 3. Final Space tem tido sem duvida, não só uma fantástica projecção como uma interessante e carismática evolução, nesta Season 3 a nossa já sobejamente conhecida equipa vê-se presa na dimensão "Final Space" e tem como objectivo reunir as condições para de lá conseguir sair, no entanto desta vez um novo e muito mais imponente e assustador inimigo se revela reduzindo Lord Commander a um banalíssimo opositor, falo do sinistro e temerário Invictus. A série Final Space tem também evoluído no sentido de deixar cada vez mais de parte a sua abordagem humorística sendo esta substituída de maneira mais intensa a cada nova Season por mais acção e drama. Esta Season 3 vai-nos presenteando com uma alternância entre episódios mais calmos com enfâse em personagens específicos com outros com uma forte carga dramática e sequências de acção verdadeiramente alucinantes. Para concluir posso afirmar que a Season 3 de Final Space nada deve às Seasons 1 e 2 em termos de qualidade e que a história ainda não fica por aqui. 

8/10

[Trailer] 

Infinite (2021)

Quando os próprios espectadores se perguntam se realmente estão na carreira certa pois muitos certamente conseguiriam escrever um argumento mais ortodoxo do que estão a presenciar percebemos que estamos na presença de mais uma (e acumula-se a uma velocidade estonteante) catástrofe cinematográfica, falo no novo filme de Mark Wahlberg, ‘Infinite’. Deixo aqui um sincero apelo aos cinemas para não cobrarem bilhetes para este filme. ‘Infinite’ transporta-nos para um universo em que umas centenas de humanos tem o “dom” de reencarnar e terem lembranças de suas vidas passadas, divididos em duas facções, os “believers” que acreditam que esse dom trás benefícios à espécie humana e os ‘Nihilists’ que vem esta “habilidade” como uma maldição e por isso querem extinguir a nossa espécie de vez. Em abono da verdade “este filme” já foi feito centenas de vezes com vampiros, imortais de várias origens, etc. mas isso nem sequer é o pecado original de ‘Infinite’, o factor decisivo para este filme em particular bater recordes de estupidez é a total e intencional ausência de respeito por qualquer leis da física ao ponto de deixar sequências de acção de filmes como ‘Mission: Impossible II’ ou ‘Casino Royale’ passarem para o limiar do credível. O argumento boçal, descabido e sem o mínimo coerência serve para uma narrativa onde nada tem uma explicação plausível, tudo acontece porque dá jeito e ninguém durante todo o filme apresenta um mínimo de objectividade para o que faz, um verdadeiro lixo cinematográfico. Como sempre tenho de dar o mérito a equipa de CGI que não tem qualquer tipo de responsabilidade nesta tragédia da sétima arte.  

4/10

The Mauritanian (2021)

Enquanto vai escasseando a qualidade na generalidade do cinema esporadicamente lá vai aparecendo um filme digno desse nome e ‘The Mauritanian’ é claramente um destes casos. Pelas mãos de Kevin Macdonald responsável entre outros pela realização do formidável ‘The Last King of Scotland’ chega ao cinema este ‘The Mauritanian’. Era praticamente inevitável e algum dia teria de acontecer ainda assim a forma como se iria abordar o assunto “Guantánamo” seria decisiva para o possível sucesso de um filme sobre este delicado assunto. Inspirado numa história verídica ‘The Mauritanian’ centra-nos na vida de Mohamedou Ould Slahi/Tahar Rahim que depois de voluntariamente se ter entregado às autoridades da Mauritânia acaba por ir parar a Guantánamo e passar anos preso sem uma única acusação formal por parte do governo Norte-Americano, uma prática comum na ressaca do célebre 11 de Setembro. Alguns anos depois da sua detenção a prestigiada advogada especializada em direitos humanos Nancy Hollander/Jodie Foster pega no seu caso de forma pro-bono numa árdua e dramática tentativa de libertar Slahi enquanto do lado contrário o advogado militar eticamente intocável Stuart Couch/Benedict Cumberbatch tenta reunir provas inequívocas para uma acusação formal. ‘The Mauritanian’ é um filme pesado, intenso e emotivo que nos abre uma janela, não só para as horripilantes e desumanas práticas de tortura dissimulada ocorridas em Guantánamo como também para a imponente e robusta pressão do Governo Norte-Americano sobre ambos os advogados através de uma inacreditável conduta de censura em simultâneo com uma verdadeira obsessão na obtenção de culpados do infame acto terrorista. 

7.5/10

[Trailer] 

Spiral: From the Book of Saw (2021)

Continuamos no separador do cinema para falar de ‘Spiral: From the Book of Saw’. É já neste momento um hábito aparentemente bastante enraizado no cinema Norte-Americano, o de ser “pegar” em franchises de sucesso e tentar extrair mais uma percentagem de lucro dos mesmos. Depois de ter passado praticamente despercebido no cinema ‘Saw’ foi sem dúvida um verdadeiro fenómeno da Internet atingindo mesmo o patamar de filme de culto, no entanto as sequelas foram-se sucedendo e cada uma delas sempre com um exponencial decréscimo de qualidade, ainda assim ‘Spiral: From the Book of Saw’ tem o mérito de não “desfazer” nada do que aconteceu nos filmes anteriores, outra sórdida moda recente do cinema “made in Hollywood’. ‘Spiral: From the Book of Saw’ centra-se em torno de uma esquadra de polícia que se destaca essencialmente por práticas corruptas ou no mínimo eticamente discutíveis enquanto alguém inspirado no “modos operandi” do sinistro e aterrador “serial killer” Jigsaw vai levando a cabo uma “vendeta” contra vários polícias dessa mesma esquadra. ‘Spiral: From the Book of Saw’ podia muito bem uma espécie de versão dos “genéricos” do formidável ‘Cop Land’ (1997) se nos abstrairmos das “armadilhas” inspiradas em Jigsaw, e penso que o principal problema do filme é mesmo esse, estes dois mundos simplesmente não colam e o resultado é um argumento sem credibilidade, assertividade, coerência e consistência. Outro grande revés para ‘Spiral: From the Book of Saw’ é a mediocridade da generalidade dos actores do filme culminando na escolha de Chris Rock para o papel do Detective Zeke Banks, que depois da sua fantástica e surpreendente prestação na Season 4 de Fargo volta a demostrar que definitivamente não foi talhado para este tipo de personagens.  

5.5/10