sexta-feira, 30 de abril de 2021

Minari (2020)

Depois do surpreendente e estrondoso sucesso de ‘Parasite’ em 2019, a Coreia do Sul volta a ter grande protagonismo no cinema em 2020 com ‘Minari’ que não tendo as condições necessárias para concorrer ao Óscar de melhor filme estrageiro por ter uma produção Norte-Americana continua ainda assim a ter uma forte ligação à Coreia do Sul. Depois de ter visto o filme foi com enorme espanto que fui confrontado com uma generalização de críticas positivas acerca de ‘Minari’, quão mal está o cinema para um filme como este conseguir ter seis nomeações nos Óscares da academia? É a pergunta que deixo no ar. O argumento de ‘Minari’ centra-se na história de uma comum família Sul-coreana que arrisca emigrar para a rural cidade de Arkansas nos anos 80, tentando a sua sorte num projecto agrícola, e basicamente o filme arrasta-se durante quase duas horas acerca deste conceito sem que nada de significativo aconteça deixando a sensação que mesmo que ‘Minari’ fosse um documentário seria enfadonho, até os pseudo aristocratas da sétima arte vão ter dificuldades em defender estas entediantes e monótonas duas horas de filme. A nomeação na categoria de melhor argumento original é particularmente perturbante, no mínimo pornográfica e até ofensiva para com argumentistas que realmente se dão ao trabalho de escrever uma história em que acontecem coisas. Parece que chegámos a uma altura em que o contraponto para a torrente de filmes sobre super-heróis, reboots e remakes são filmes como este ‘Minari’. 

5/10

quarta-feira, 28 de abril de 2021

Goat The Head - Strictly Physical (2021)

Outro surpreendente regresso é o dos mestres do Death Metal (das cavernas), os Noruegueses Goat The Head. Mais de dez anos depois do seu impressionante segundo álbum de originais ‘Doppelgängers‘ os Goat The Head estão finalmente de volta com ‘Strictly Physical’. Originários de um dos mais reconhecidos bastiões do Black Metal cedo os Goat The Head começaram a explorar um Death Metal rude e cavernoso mas que pouco tem de primitivo, mostrando o auge de toda a sua capacidade técnica no espantoso ‘Doppelgängers‘, já ‘Strictly Physical’ parece-me estar vários furos abaixo do seu antecessor. ‘Strictly Physical’ oferece-nos novamente um som alicerçado no habitual Death Metal da banda mas desta vez com algumas intromissões, em particular de Doom Metal e Viking Metal que não me parece de todo que tenham funcionado como era pretendido. Às convencionais vocalizações a fazer lembrar os míticos Gorefest os Goat The Head decidiram desta vez incorporar também um órgão Hammond talvez com a intenção de adicionar uma certa harmonia e dinâmica à rugosidade do seu som característico, no entanto na minha opinião foi claramente um tiro no pé pois o resultado final foi um eclipse da sua já referida apurada capacidade técnica. 

6.5/10

sexta-feira, 23 de abril de 2021

Horndal - Late Drinker (2021)

Além de partilharem o mesmo nome os Horndal são também claramente inspirados pela trágica história da sua cidade natal. A pequena cidade industrial de Horndal sofreu bem na pele a ganância sem limites de empresas focadas apenas no lucro quando a siderurgia local foi comprada e posteriormente desmantelada provocando um consequente e forçoso êxodo populacional. Estes acontecimentos impulsionaram em grande parte uma temática de crítica ao capitalismo sem escrúpulos que os Horndal começaram por explorar no seu álbum de estreia ‘Remains’ e que aprofundaram agora em ‘Late Drinker’. Em termos musicais a banda Sueca apresenta-nos uma formidável e bem oleada mescla de Sludge Metal com Post-Hardcore com uns vestígios de Stoner. ‘Late Drinker’ brinda-nos com um fantástico trabalho de riffs onde a envolvência do Groove não ofusca a intensidade e compostura técnica da banda. Extraordinárias faixas como ‘Kalhygget’, ‘Ruhr’ e ‘Thor Bear’ projectam ‘Late Drinker’ directamente para o nível dos melhores álbuns de 2021 e os Horndal para um patamar de relevo no espectro do Sludge Metal.

8/10

[Sample] 

sexta-feira, 16 de abril de 2021

The Lion's Daughter - Skin Show (2021)

Era para mim um dos álbuns mais aguardados de 2021, falo do quarto álbum de originais dos Norte-Americanos The Lion's DaughterSkin Show’. Tem sido constante e consequente a metamorfose dos The Lion's Daughter, longe vão os tempos da ambivalente mistura de Sludge Metal e Stoner dos primórdios da sua carreira e depois de uma intensa transformação aditivada por outras sonoridades onde se destacaram o Black Metal e o Post-Metal sem nunca descartarem o Sludge a banda fez uma clara aposta no Electrónico no seu último álbum ‘Future Cult’, evolução essa que foi agora aprofundada com ‘Skin Show’. ‘Skin Show’ não será porventura um álbum fácil de digerir, consequência directa de uma inédita e invulgar composição musical que talvez se possa catalogar como uma inacreditável fusão entre Sludge Metal e Synthwave onde se destacam a melodia açucarada dos sintetizadores em total contraste com os riffs sujos e opacos do Sludge imersos nas austeras e cavernosas vocalizações já habituais da banda. Os The Lion's Daughter arriscaram e de que maneria com ‘Skin Show’ essencialmente devido a um nítido piscar de olhos ao Gothic Rock dos anos 80, no entanto acho que o resultado obtido é surpreendentemente positivo comprovado por formidáveis faixas como ‘Neon Teeth’ e o tema titulo ‘Skin Show’, destaque ainda para a fantástica ‘Werewolf Hospital’ recuperando uma fase mais crua da banda onde ainda era bastante intensa a influência do Black Metal

8/10

[Sample] 

segunda-feira, 12 de abril de 2021

Philm - Time Burner (2021)

Voltamos ao presente a propósito do terceiro álbum de originais dos Norte-Americanos Philm intitulado ‘Time Burner’. Os Philm compostos pelo trio Gerry Nestler, Poncho Tomaselli e o incontornável Dave Lombardo atingiram um nível verdadeiramente excepcional com o seu segundo trabalho ‘Fire From The Evening Sun’ (2014) no entanto e de forma deveras inesperada em 2016 Lombardo abandonou o grupo, pondo em causa a própria continuidade da banda mas sete anos volvidos os Philm aí estão, de volta ao activo. Com ‘Time Burner’ os Philm voltam mais uma vez a demonstrar toda a sua capacidade técnica numa envolvente, peculiar e experimental mistura de Post-Hardcore, Rock Progressivo com laivos de Psychedelic Rock e até algum Jazz. ‘Time Burner’ certamente não alcança os estratosféricos níveis de qualidade do seu antecessor ainda assim não deixa de contar com faixas impactantes e de assinalável complexidade como são os casos das formidáveis ‘Cries Of The Century’ e ‘The Seventh Sun’. Destaque ainda para a roupagem de um improvisado Jazz de ‘Evening Star’ e a atmosfera hipnótica e dissonante de ‘Like Gold’ fazendo mesmo lembrar a intemporal ‘The End’ dos míticos The Doors.

7.5/10

[Sample]