quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Regarde Les Hommes Tomber - Ascension (2020)


Drastus, Merrimack, Seth, Spektr, Svart Crown e os magnéticos Deathspell Omega são apenas as principais bandas que, desfazendo qualquer tipo de dúvida, validam a França como uma fonte inesgotável de Black Metal de excelência sem rival à altura neste momento, Regarde Les Hommes Tomber apenas vem dar mais um contributo para esta evidência. ‘Ascension’ é o terceiro álbum de originais da banda e que álbum, afigurando-se desde já como um dos melhores de 2020. ‘Ascension’ emana agonia e desespero numa torrente de malicia e esquizofrenia, embutidas em riffs aturdidos em blasfémia e heresia, enfeitiçados por vocalizações decadentes semelhantes a eternos ecos de dor. Regarde Les Hommes Tomber têm com ‘Ascension’ a verdadeira confirmação de todo o seu talento, onde as exigentes e complexas composições de Black Metal são adornadas com alguns arranjos habitualmente mais comuns no Post-Metal. Posso destacar ‘Stellar Cross’ e ‘Au Bord Du Gouffre’ como os pontos mais altos de ‘Ascension’, no entanto o álbum vale essencialmente pelo seu todo pois a sua mística é indissociável. 

8/10

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

Dyscarnate - With All Their Might (2017)


Depois da grande importância que teve nos anos 90, com a viragem do milénio o Reino Unido parece ter caído no esquecimento no âmbito da música mais pesada, foi por isso mesmo que, para minha grande surpresa descobri recentemente os britânicos Dyscarnate por intermédio do seu último álbum de originais ‘With All Their Might’. Detentores de uma robusta combinação de Death Metal com Groove Thrash os Dyscarnate apresentam em ‘With All Their Might’ uma poderosíssima onde de choque onde o peso e a rapidez prevalecem e fazem estremecer a mais forte parede de betão. ‘With All Their Might’ tem todos os condimentos que um álbum de Metal moderno é suposto ter, riffs pungentes e dilacerantes que contemplam a velocidade e o groove acompanhados pela sónica e militarizada bateria, deixando bem patente que mesmo com a actual normalização do Metal, quem poe o talento ao serviço da composição musical ainda consegue fazer a diferença. São notórias as influências de ‘With All Their Might’ que vão desde os Gojira aos Dying Fetus passando ainda pelos Vader ou até pelos Meshuggah. Destaco as sensacionais ‘This is Fire!’, ‘Backbreaker’ e ‘All The Devils Are Here’. 

8/10

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Variações (2019)


No sentido completamente oposto, apesar de também esta personagem não ter muito reconhecimento internacional, não só é mais que justificável um filme sobre ela como quase obrigatório, diria eu. Falo portanto de ‘Variações’, um filme sobre o incontornável, icónico e marcante musico Português António Variações. Não sendo eu um particular fã de cinema Português, não por causa de qualquer dogma acerca de produções nacionais mas sim porque na grande maioria das vezes os temas abordados não me despertam qualquer interesse, em contraponto com este ‘Variações’ que captou e muito a minha atenção. António Variações teve uma vida curta mas recheada de motivos de interesse, desde as suas sofisticadas excentricidades, passado pela sua influência na música portuguesa da altura (anos 70 e 80) até aos dias de hoje ou mesmo a sua trágica doença. ‘Variações’ tem uma inegável qualidade e autenticidade desde logo porque se centra principalmente na carreira musical de António dando até um particular enfâse a musicas menos divulgadas mas também muito por mérito de Sérgio Praia que encarna admiravelmente o papel do prestigiado musico, uma interpretação que alem de difícil tinha o pesado fardo de ser decisiva para o sucesso no mesmo. 

7.5/10

A Beautiful Day in the Neighborhood (2019)


Um dos mais recentes subterfúgios Hollywoodescos para tentar encobrir a notória e gritante falta de criatividade que por lá paira é o cinema biográfico, o que por si só não seria necessariamente prejudicial o inconveniente está sim na sua exaustiva e despropositada utilização. ‘A Beautiful Day in the Neighborhood’ parece-me um claro exemplo disso, um filme sobre a vida de Mr. Rogers, um relativamente conhecido entertainer televisivo Norte-Americano, e relativamente porquê? Porque fora dos Estados Unidos o meu palpite é que a grande maioria dos espectadores nunca tenham ouvido falar de tal pessoa. Mr. Rogers acaba também por ser um bom exemplo de alguém que apesar da sua importância não tem uma vida assim tão interessante que justifique um filme acerca dela, talvez um documentário que aparentemente até já foi feito. ‘A Beautiful Day in the Neighborhood’ centra-se então no relacionamento de Mr. Rogers com o jornalista do Esquire (Lloyd Vogel) incumbido de escrever uma crónica sobre ele, e de como a sufocante e enjoativa generosidade de Mr. Rogers mudou a sua vida. Destaque para o brilhante papel de Tom Hanks (Mr. Rogers) já muito na senda de Meryl Streep que mesmo em filmes de qualidade duvidosa consegue fazer interpretações de excelência. 

6/10

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Ihsahn - Telemark [EP] (2020)


É simplesmente uma personagem incontornável do Metal moderno e um dos preconizadores da evidente evolução do Black Metal escandinavo na viragem do milénio, falo do carismático líder dos lendários e extintos Emperor, Ihsahn. A carreira a solo de Ihsahn já conta com uma assinalável longevidade, composta por 7 álbuns de originais, e na senda dos últimos dois (‘Arktis’ e ‘Ámr’) a qualidade permanece intacta mas desta vez no formato de EP de seu nome ‘Telemark’. Composto apenas por três temas originais e duas covers ‘Telemark’ provoca um súbito interesse quase instantâneo, pois desta vez Ihsahn consegue até inserir elementos de sopro na sua frenética quimera de experimentalismo entre fogazes e esbatidos ecos de Black Metal. ‘Stridig’, ‘Nord’ ou ‘Telemark’ são três faixas dotadas de uma produção e uma composição de excelência, complexas e inovadoras deixando bem notória a incontestável capacidade musical de Ihsahn. ‘Telemark’ fecha com duas covers que pouco ou nada acrescentam ao EP na minha opinião, além de totalmente dispensáveis, criam um corte abrupto com a atmosfera de ‘Telemark’. 

7.5/10