segunda-feira, 27 de junho de 2022

Crimes of the Future (2022)

É bem possível que David Cronenberg seja o realizador/argumentista de culto que menos aprecio e ‘Crimes of the Future’ veio relembrar-me das razões que suportam essa opinião. Quem viu ‘Crimes of the Future’ sem ter previamente investigado nada sobre o filme (onde me incluo) certamente que esperava algo numa vertente similar ao formidável ‘Minority Report’, no entanto nada mais errado, a história de ‘Crimes of the Future’ circula em torno de um futuro não muito distante onde a humanidade se adaptou a um contexto sintético e onde a biologia do corpo humano evoluiu ao ponto de produzir novos órgãos, este estado metamórfico também conhecido por ‘Accelerated Evolution Syndrome’ é mal visto e fiscalizado por uma parte da raça humana enquanto outro segmento da população o aceita de braços abertos. Uma dessas pessoas é Saul Tenser/Viggo Mortensen que além de aceitar esta metamorfose com toda a naturalidade até a aproveita para fazer “arte” através de repulsivas e impressionáveis cirurgias ao vivo. O único factor positivo que se pode extrair de ‘Crimes of the Future’ acaba por ser a sua originalidade o que aliás é habitual nos filmes de Cronenberg, pois é um falhanço completo em todos os outros aspectos. Uma história entediante que nunca se altera nem evolui juntamente com personagens etéreos e estáticos, diálogos completamente fúteis e vagos dentro de um futuro onde aparentemente o mundo permanece igual ao que conhecemos hoje com a excepção das áreas da biologia e cirurgia, são os principais problemas que fazem de ‘Crimes of the Future’ uma verdadeira decepção cinematográfica. 

6/10

domingo, 26 de junho de 2022

The Unbearable Weight of Massive Talent (2022)

A ideia é de facto bastante original e promove o regresso às grandes produções de Nicholas Cage, falo de ‘The Unbearable Weight of Massive Talent’ onde Nicholas Cage assume o papel dele próprio. A carreira de Cage é de facto um mistério inexplicável, é bem provável que seja o actor em que mais filmes participa anualmente mas quase todos eles com uma qualidade muito duvidosa, ou seja, Cage assume uma incompreensível e injustificável falta de critério na escolha dos seus papéis e não estamos a falar de um actor qualquer, pois para além de já ter trabalhado com realizadores de grande prestígio, Cage também já provou de forma inatacável o seu talento em interpretações com um grau de dificuldade bastante elevado, ‘Adaptation’, ‘Lord of War’ e ‘Matchstick Men’ são apenas alguns exemplos. Pois bem ‘The Unbearable Weight of Massive Talent’ aborda este assunto em forma de sátira, e não sendo propriamente uma comédia tem os seus momentos humorísticos. Um Nicholas Cage desacreditado e a braços com problemas financeiros vê-se obrigado a aceitar uma verba assinalável em troca da sua presença no aniversário de Javi Gutierrez (Pedro Pascal), um obsessivo fã de Cage que ao mesmo tempo que lhe vai recuperando o ego também se torna seu amigo. Todavia nem tudo corre como esperado pois Lucas Gutierrez (primo de Javi) é um traficante de droga local, factor que obriga a C.I.A. a abordar o próprio Cage para ser o seu homem infiltrado. ‘The Unbearable Weight of Massive Talent’ não será porventura um filme excepcional ainda que mostre uma eficaz alternância entre o humor e a acção assente numa boa dinâmica entre Cage e Pascal.

7/10

[Trailer] 

sábado, 25 de junho de 2022

Sonic the Hedgehog 2 (2022)

Dois anos depois de ‘Sonic the Hedgehog’ o mais famoso porco-espinho do mundo e ícone da SEGA está de volta para uma nova aventura. Dissecando ao pormenor ‘Sonic the Hedgehog 2’ os sentimentos acabam por ser contraditórios, se por um lado temos de ter em consideração o público-alvo e “perdoar” as básicas e ocas lições de vida próprias do chamado “filme familiar”, por outro podemos afirmar que ‘Sonic the Hedgehog 2’ tem uma estrutura consistente e uma racionalidade digna de uma sequela. Dr. Robotnik está de volta mas desta feita com um poderoso aliado, o combativo, sóbrio e persistente equidna Knuckles, estes improváveis aliados tem como objectivo alcançar o fantástico poder da esmeralda, mas também o nosso Sonic tem um novo aliado, a raposa de duas caudas Tails. ‘Sonic the Hedgehog 2’ contrasta as entretidas e bem concebidas sequências de acção entre os quatro protagonistas com a supérflua e descartável inclusão dos personagens humanos que nada acrescentam ao filme. Um último destaque para a fluidez e dinâmica apresentada pela equipa de CGI. ‘Sonic the Hedgehog 2’ acaba por ser um filme que não sendo perfeito tem a capacidade de entreter com algumas inteligentes e simbólicas referências ao franchise de Videojogos onde se evidencia a eficaz e oportuna inclusão de novas personagens.   

 6.5/10

sexta-feira, 24 de junho de 2022

Morbius (2022)

Voltamos ao cinema na ressaca dos Óscares, apenas para continuar a assistir à completa degradação da sétima arte, aliás actualmente quase nada se pode considerar arte na esfera do cinema. O filme chama-se ‘Morbius’ e mais uma vez é uma adaptação de uma personagem de banda desenhada (Marvel). Um cientista (Dr. Michael Morbius) descobre ainda em criança que tem uma incurável e rara doença sanguínea, no entanto não conformado com o seu destino usa o seu apurado intelecto numa longa e difícil pesquisa com o objectivo de encontrar uma cura, Michael acaba por ser bem-sucedido todavia essa “cura” acaba por o transformar numa espécie de vampiro. Enquanto na sua versão de BD Morbius acaba por ser tornar num dos primeiros inimigos de Spider-Man na sua adaptação ao cinema o filme presenteia-nos com uma versão benigna do célebre cientista. ‘Morbius’ é um filme verdadeiramente frívolo, inconsequente e ordinário, onde nenhuma das personagens aparenta sequer saber o mínimo sobre o papel que está a representar, diálogos primários e artificiais, sequências de acção completamente enfadonhas, confusas e despromovidas de propósito e um CGI circense e imbecil. Esteticamente a escolha de Jared Leto para o papel de Morbius até encaixa sem grande dificuldade contudo a sua interpretação acabou por se revelar completamente desinspirada e entediante.        

5/10

terça-feira, 21 de junho de 2022

Station Eleven - Season 1 (2022)

Station Eleven’ é o perfeito exemplo de que se pode “pegar” num tema à partida saturado desde que a abordagem seja feita de uma forma inovadora, inteligente e bem construída. Esta nova série de dez episódios com o selo HBO transporta-nos para um mundo pós-apocalíptico, mas quem está de um ‘Walking Dead’ ou um ‘World War Z’ por certo vai ficar bastante desiludido pois a história de ‘Station Eleven’ precipita-se a partir de um evento (algo similar à pandemia de covid-19) mas com uma taxa de mortalidade consideravelmente superior, no entanto o principal foco da série são as suas personagens principais e como todo este paradigma as afecta. Outro dos grandes atractivos da história de ‘Station Eleven’ é a maneira ousada como ela é contada, não de uma forma linear mas com inúmeros saltos temporais que vão desde meses antes do dia D da pandemia até vinte anos depois. ‘Station Eleven’ aposta todas as fichas no modo como as personagens são escritas e toda a sua evolução durante a série, oferecendo uma predominância ao dramatismo e realismo em prol da acção e da extravagância.    

7.5/10

[Trailer]