segunda-feira, 13 de março de 2017

Os Óscares (2017), o envelope maldito e as "farpas" a Trump



Passadas exactamente 2 semanas da atribuição dos Óscares da academia aqui fica a minha opinião sobre a edição 89 da cerimónia.

É uma verdade que não vi ainda todos os filmes envolvidos (não é fácil ver todos e esta publicação até foi atrasada precisamente por esse motivo), tal como o ano passado não vou comentar as categorias de documentários; animação; banda sonora/música e filmes estrangeiros porque vi pouquíssimos filmes destas mesmas categorias.
Nas categorias técnicas Hacksaw Rigde (o filme que mais gostei entre os nomeados) arrebatou os Óscares de melhor Montagem e melhor Mistura de Som com toda a justiça, enquanto também aqui La La Land (o filme com mais nomeações) adiantou-se logo à concorrência também com 2 Óscares (Cinematografia e Direcção Artística) na minha opinião também ambos justos se bem que Lion seria porventura também um justo vencedor na melhor Cinematografia. Justíssimo também foi a atribuição do Óscar de melhor Edição de Som a Arrival no que seria o seu único prémio da noite, juntamente com Hacksaw Rigde a dominarem a parte “sonora” dos Óscares técnicos e sem dúvida os dois filmes com um trabalho de excelência nesta área. Foi com alguma surpresa e até uma ligeira indignação The Jungle Book ganhar o galardão de melhores Efeitos Especiais quando para mim os claros favoritos seriam Doctor Strange e Deepwater Horizon. No melhor Guarda Roupa a vitória foi para FantasticBeasts and Where to Find Them e na Melhor Maquilhagem para Suicide Squad (penso eu que pelo emblemático trabalho na personagem Killer Croc).
Nos argumentos ganharam para mim dois filmes bastante decepcionantes como já tinha referido antes são eles Moonlight (Adaptado) e Manchester bythe Sea (Original) e se os argumentos originais são um bem raríssimo por estes dias em Hollywood como já foi por inúmeras vezes esmiuçado aqui no Blog, nos argumentos adaptados acho que Fences ou Arrival seriam os mais dignos vencedores, saliento ainda que um filme como Nocturnal Animals fica de fora das nomeações nesta categoria, escandaloso no mínimo.
Chegamos pois aos Óscares principais e aqui sim começa a notar-se as politiquices Hollywoodescas e a já famosa doutrina da compensação da Academia. À falta de nomeações e por sua vez vencedores Afro-Americanos em 2016 este ano foi uma verdadeira “chuva” de nomeações quer em actores quer em filmes de algum modo relacionados com a comunidade Afro-Americana, uns muito justamente outros apenas a aproveitar a vaga certa como é óbvio. Para ironia das ironias é Casey Affleck que ganha o Óscar para melhor actor em vez de Denzel Washington numa das maiores injustiças de sempre na minha opinião na entrega de estatuetas. Denzel Washington é bem provável que seja o melhor actor Afro-Americano de sempre e faz para mim o melhor papel da sua carreira ainda assim insuficiente para a Academia, inacreditável. Nos Papéis Secundários Viola Davies a vencer finalmente com Fences a concorrência forte de Octavia Spencer em Hidden Figures a contrapor com a estapafúrdia a nomeação de Nicole Kidman em Lion, se há filme em que a interpretação de Nicole Kidman deixa bastante a desejar é precisamente neste filme. No actor secundário a vitória conseguida por Mahershala Ali em Moonlight contra uma concorrência de prestígio (Dev Patel/Lion, Jeff Bridges/Hell or High Water e Michael Shannon/Nocturnal Animals).
No sempre muito aguardado Óscar de melhor actriz em que Meryl Streep parece já ter um lugar vitalício, Emma Stone a levar a estatueta para casa e se a sua performance é muito melhor que Ruth Negga em Loving, já os papéis de Isabelle Huppert em Elle ou Natalie Portman em Jackie tem um nível de dificuldade bastante superior ao de Emma Stone.
Na realização vitória para o grande favorito Damien Chazelle com o seu La La Land e no momento mais aguardado da noite um volte face de repercussões mundiais, um verdadeiro momento histórico e a todos os níveis invulgar, é anunciado La La Land como vencedor e quando já o terceiro produtor do filme fazia o discurso de agradecimento descobre-se que houve um engano e afinal o vencedor é Moonlight, destaque para a intocável postura de fair-play dos produtores de La La Land neste momento insólito e tudo por causa do envelope trocado como poucos momentos mais tarde se percebeu. Sinceramente acho que foi um “bom” engano pois La La Land merecia mesmo na minha opinião o Óscar de melhor filme pois o que parece ser um romance banal “embrulhado” num musical tem afinal mais densidade do que isso. Uma nota de rodapé para as inevitáveis “farpas” do anfitrião Jimmy Kimmel para Donald Trump durante toda a noite juntamente com algumas indirectas num ou noutro discurso de agradecimento.

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