domingo, 26 de março de 2023

A Man Called Otto (2022)

Tal como CODA também ‘A Man Called Otto’ é um remake, desta feita do bem-sucedido filme Sueco ‘A Man Called Ove’. Nesta versão Norte-Americana a história quase se mantem inalterada mudando apenas os protagonistas. Num bairro quase familiar vive Otto/Tom Hanks destacando-se por ser o pior vizinho do mundo, sempre amargurado e maldisposto, contudo com a chegada de uma nova família ao bairro Otto vê-se obrigado a sair da sua zona de conforto. Com o desenrolar do filme vamos percebendo que Otto tem um passado bastante trágico e que a sua amargura afinal não está relacionada com a vida quotidiana, mas sim com esse passado dramático. Já o tinha apontado na review de CODA, este tipo de filmes dramáticos com alguma espécie de superação pessoal não são de todo novidade, todavia num cinema cada vez mais caracterizado por falta de diálogos de qualidade ‘A Man Called Otto’ acaba por ser um filme bem idealizado e bem executado com o Oscarizado Tom Hanks a voltar a estar em evidência depois de uma fase menos positiva na sua carreira.     

7/10

[Trailer]

sábado, 25 de março de 2023

The Pale Blue Eye (2022)

Numa altura em que a cerimónia dos Óscares ainda está relativamente fresca parece-me adequado voltar ao separador de cinema desta feita para falar de ‘The Pale Blue Eye’, um filme que curiosamente passou despercebido à Academia. Com uma história que nos faz recuar até 1830 a narrativa de ‘The Pale Blue Eye’ inicia-se com um macabro e violento assassinato de um jovem cadete na West Point Academy (a Academia Militar de Nova Iorque). Sem capacidade interna suficiente para conseguir investigar o bizarro homicídio a direcção da Academia decide então recorrer ao conceituado e invulgar detective Augustus Landor/Christian Bale, Landor que depois de se familiarizar com o espaço e zonas circundantes acaba por escolher como seu auxiliar nada mais, nada menos do que o cadete Edgar Allan Poe/Harry Melling (Poe que por esta altura era ainda um nobre desconhecido). Além do argumento bem cimentado e bastante interessante ‘The Pale Blue Eye’ conta também com um ambiente pesado e austero que se adequa na perfeição com o desígnio do filme. Um último destaque para as interpretações de Christian Bale e Harry Melling num nível fantástico abrilhantadas pelas contribuições de Robert Duvall/Jean Pepe, Timothy Spall/Thayer e Toby Jones/ Dr. Daniel Marquis, três experientíssimos e subvalorizados actores.  

8/10 

[Trailer] 

sábado, 18 de março de 2023

Enslaved - Heimdal (2023)

Era para mim um dos álbuns mais esperados de 2023 especialmente depois do fantástico “aperitivo” ‘Caravans To The Outer Worlds’ (2021), falo portanto do décimo sexto álbum de originais dos Noruegueses Enslaved, ‘Heimdal’. Quando a espectativa é elevada a tendência para a desilusão aumenta significativamente todavia no caso particular dos Enslaved esta profética desilusão acaba por nunca se confirmar e ‘Heimdal’ vem mais uma vez comprovar essa regra. Os Enslaved foram conquistando um merecido estatuto de consistência, uma consistência que não é de todo sinónimo de segurança, aliás os Enslaved tem-se distinguido precisamente pelo contrário, a sua fértil criatividade e capacidade de sair da sua zona de conforto. ‘Heimdal’ não é apenas mais um grande álbum da banda, prefigura-se desde já como um potencial candidato a melhor álbum de 2023, muito graças a um fantástico equilíbrio entre agressividade e vertente ambiental onde sobressai de forma bastante natural e orgânica toda a genialidade da banda. Riffs melódicos, maduros e incorpóreos baptizados por uma quase indistinta confluência de subgéneros que vão desde o Black Metal até ao Progressivo passando pelo Folk. De realçar a ténue mas inteligente aposta dos Enslaved nos “acabamentos” Electrónicos, a banda já a tinha evidenciado em ‘Utgrad’ e volta agora a manifestá-la em ‘Heimdal’. Um último destaque para ‘Congelia’, ‘Kingdom’ e ‘The Eternal Sea’, três temas que são bastante elucidativos da extraordinária qualidade dos Enslaved

9/10

[Sample]

quinta-feira, 16 de março de 2023

Disturbed - Divisive (2022)

Depois da tempestade vem a bonança, será? Apesar de já ter saído no passado mês de Novembro o oitavo álbum dos Norte-Americanos Disturbed não passou despercebido ao Espelho Distópico. Depois do catastrófico ‘Evolution’ (o pior álbum do seu “cardápio” sem margem para duvidas) os Disturbed tinham em ‘Divisive’ uma excelente oportunidade para se redimirem, contudo essa oportunidade foi aproveitada mas apenas parcialmente. ‘Divisive’ traz-nos uns Disturbed empenhados em tentarem recuperar as suas trademarks, os riffs orelhudos alimentados por um Nu-Metal frugal e pouco criativo aliados ao sui generis estilo de cantar de David Draiman usando com elevada perícia uma espécie de gaguez premeditada. Apesar das notórias melhorias em comparação com o seu antecessor o grande problema de ‘Divisive’ acaba por ser estrutural, a “fórmula” está evidentemente esgotada, a banda parece incapaz de apresentar qualquer sinal de evolução ou sofisticação musical continuando 23 anos depois a ser relembrada por ‘Stupify’ e ‘Down With The Sickness’.

6/10

segunda-feira, 6 de março de 2023

The Current War (2017)

Já por várias vezes aqui foram criticados filmes biográficos não porque o género em si tenha algum defeito primordial mas sim porque em diversas ocasiões o indivíduo/a visado não tem a dimensão que justifique um filme sobre si, talvez nessas situações o mais apropriado seja um documentário. Dito isto ‘The Current War’ não é de todo um desses casos até porque além de abordar um tema bastante interessante o foco do filme não é sobre uma só pessoa mas sim sobre um momento único na história da evolução energética fruto da épica disputa entre Thomas Edison/Benedict Cumberbatch e George Westinghouse/Michael Shannon sobre a soberania da energia eléctrica. Algures entre 1880 e 1890 o mundo via literalmente a luz, ou seja, o mundo saia da escuridão e entrava em definitivo na era moderna com a massificação da energia eléctrica, consequência directa de uma implacável “guerra” entre Edison e Westinghouse sobre qual o mais adequado e viável sistema eléctrico. Além dos “titãs” Shannon e Cumberbatch The Current War’ conta ainda com assertivas participações de Tom Holland como Samuel Insull e Nicholas Hoult (ele que recebeu um papel de grande revelo no recente filme ‘The Menu’) na pele de Nikola Tesla (outro nome incontornável quando se fala de energia eléctrica, principalmente de corrente alternada). ‘The Current War’ tem uma excelente dinâmica decorrente de um argumento aliciante e bem estruturado que vai interligando de forma expedita os acontecimentos do filme. 

7.5/10

[Trailer]