sábado, 25 de abril de 2020

The Ditch and the Delta - Hives In Decline (2017)


Depois do post acerca do novíssimo álbum homónimo dos The Ditch and the Delta resolvi ouvir também os anteriores trabalhos da banda, incluindo o seu primeiro álbum de originais ‘Hives In Decline’ (2017). Já em ‘Hives In Decline’ era bem notória a “impressão digital” dos The Ditch and the Delta, um Sludge fluído e consistente assente em riffs verdadeiramente coesos e ríspidos, acompanhados por uma compassada e volátil secção rítmica e uma produção de excelência. São também indesmentíveis as influências muito em particular dos pioneiros Neurosis nas sonoridades dos The Ditch and the Delta. Em comparação com o seu sucessor ‘The Ditch and theDelta’ ‘Hives In Decline’ consegue a meu ver ter um fio condutor menos instável apesar do seu grau de polidez menos refinado. Destaco as sublimes ‘Hives In Decline’ e ‘Sleeping Dogs’ como pontos bem altos deste extraordinário álbum de estreia. 

8/10

segunda-feira, 20 de abril de 2020

The Ditch and the Delta - The Ditch and the Delta (2020)


Apesar de ser um álbum homónimo ‘The Ditch and the Delta’ é já o segundo álbum da banda originária de Salt Lake City (Utah). O Sludge Metal é por estes dias um subgénero que muito aprecio em particular, não só pela sua originalidade inerente mas também pela sua pacífica e natural conexão com outros subgéneros como por exemplo o Stoner, o Black Metal ou o Progressivo, no entanto os The Ditch and the Delta dão-nos a conhecer um Sludge num estado mais puro apesar de não dispensarem uma moderada dose de experimentalismo. ‘The Ditch and the Delta’ tem tudo para ser o álbum de consolidação da banda do mesmo nome, no entanto a grande criatividade e variedade entre as faixas de ‘The Ditch and the Delta’ resultou também em alguma inesperada irregularidade qualitativa, pois se ‘Maimed’, ‘Molt’ e ‘Bleed the Sun’ são sem dúvida musicas sensacionais revelando pungentes e viciantes riffs condensados no borbulhante Sludge, as restantes faixas do álbum acabam por expor mais a vertente ambiental e experimentalista dos The Ditch and the Delta comprometendo ainda que parcialmente a solidez e intensidade do álbum. 

7.5/10
 


Benighted - Obscene Repressed (2020)


Três anos volvidos após o intenso e explosivo ‘Necrobreed’ e depois do aperitivo ‘Dogs Always Bite Harder ThanTheir Master’ os Benighted estão de volta com o seu novo trabalho ‘Obscene Repressed’. Os Benighted têm conseguido ao longo da sua carreira e por mérito próprio construir um estatuto de nunca desiludir os seus fãs e ‘Obscene Repressed’ é mais confirmação desse estatuto. A magnífica composição musical e invejável técnica está mais uma vez na base de uma duplicidade de brutalidade e Gore onde o Grindcore encaixa na perfeição com Brutal Death Metal, sonoridades onde a banda desfila confortavelmente a sua confiança e talento. ‘Obscene Repressed’ é mais uma verdadeira erupção de grande magnitude, desta vez espelhada numa temática de sangrento e repugnante terror. Destaque para as faixas ‘Causal Piece of Meat’, ‘Scarecrow’ e ‘Bound to Facial Plague’, bem representativas da excelência de ‘Obscene Repressed’. 

7.5/10

terça-feira, 14 de abril de 2020

O Corona Vírus, os culpados e os inocentes.




Eis que com 2020 chega também uma pandemia de proporções assustadoras, apresentando até à data números alarmantes onde se destacam particularmente os Estados Unidos com mais de 600.000 casos e mais de 24.000 mortos, números verdadeiramente perturbantes.
                Muito se tem falado nos últimos meses sobre o nefasto efeito desta crise mundial quer em termos de saúde pública quer acerca da inevitável crise económica inerente, outra temática amplamente abordada são as conhecidas medidas de protecção individual (isolamento, distancia social e higiene), o mundo praticamente “parou” devido à Covid-19 no entanto o foco desde post vai ser sobre algo menos falado mas de grande relevância a meu entender, a origem do Corona Vírus.

                A versão oficial é que a Covid-19 foi detectada em primeira instância em várias pessoas utilizadoras do mercado de Wuhan (China) algures no início de Janeiro de 2020 e que o vírus supostamente foi transmitido de alguma maneira de um morcego para um pangolim e A posteriori para humanos. Sabendo de antemão que por aí vão surgir várias teorias da conspiração férteis em criatividade contrastando com a versão oficial, acho bastante prematuro haver uma certeza absoluta do que se terá verdadeiramente passado, parecendo-me no entanto pacifico aceitar que Wuhan foi de facto a primeira região onde se descobriu a Covid-19.

                Serve então este post para refutar veementemente um primitivo, fácil e constante apontar de dedo à China como o país verdadeiramente culpado do aparecimento deste trágico vírus, não porque a China seja inocente mas sim porque me revolta profundamente a incessante pose de “virgem ofendida” por parte de todo o mundo ocidental.

                Desde a viragem do milénio que a China tem feito uma declarada e intencional abertura económica ao mundo com tudo o que isso acarreta, fruto de um estonteante crescimento industrial a sua economia tem-se solidificado gerando assim uma densa e volumosa classe média praticamente inexistente até então, no entanto tudo tem um preço e esse preço está agora bem visível. A indústria Chinesa não tem nem nunca teve quaisquer preocupações ambientais e de segurança tal como o comércio Chinês descura inusitadamente quaisquer normas sanitárias, não porque o povo Chinês tenha um histórico de não cumprir regras mas sim porque essas normas pura e simplesmente não existem, ao contrário do que acontece e bem no chamado mundo ocidental onde se destaca a Europa como grande impulsionadora dessas normas. Qualquer empresa seja de que área for situada algures da Europa, vê-se obrigada a cumprir escrupulosamente várias directrizes ambientais, sanitárias e de segurança encarecendo assim forçosamente o produto que fabrica competindo em mercado aberto com produtos chineses mais baratos não só mas também devido a este factor.

                Um claro exemplo do resultado desta despreocupação do governo Chinês com normas ambientais é a gigantesca e permanente nuvem de poluição que paira sobre Pequim vista distintamente e com estupefacção por todo o mundo nos Jogos Olímpicos de 2008 dando uma perdurável tonalidade cinzenta ao céu da cidade independentemente das condições climatéricas que se façam sentir submetendo a população ao compulsivo uso de mascaras já desde essa altura.

                 A grande questão que se impõe é: Será que os governos do mundo ocidental estão isentos de culpa? E todos nós? Será que estaremos completamente inocentes?

                A resposta parece-me evidente, é óbvio que não. Todo o mundo ocidental há anos que conhece estas práticas e a troco de um enorme potencial de consumidores de uma classe média que não existia assobia para o lado acerca dos padrões Chineses, aliás várias marcas ocidentais de renome até tem empresas na China para se aproveitarem da mão-de-obra mais barata e de não terem normas do que quer que seja a cumprir para aumentarem as suas margens de lucro. Os governos ocidentais também estão longe de serem inocentes, pois tem coragem para efectuar embargos de cariz politico durante décadas a países como Cuba mas falta-lhes a mesma coragem para, por este e outros meios e por motivos bem mais importantes limitar ao máximo as exportações Chinesas, fazendo assim desse modo pressão à China até haver nítidas mudanças nas suas politicas internas.

                 E também nós (onde me incluo) os comuns mortais podemos achar não temos culpa nenhuma mas isso não é inteiramente verdade, pois cada vez que vamos às famosas “lojas do Chinês” ou ao “restaurante Chinês” estamos, mesmo que seja de maneira residual, a fomentar as lamentáveis praticas deste País, portanto não podemos agora ser ágeis a apontar o dedo sem assumir primeiro a nossa (mesmo que ínfima) quota-parte de culpa.

                 A alucinante velocidade de transmissão da Covid-19 resulta essencialmente de uma fétida e incomportável globalização assente numa doentia obsessão com o turismo, é portanto perfeitamente natural que a resposta a esta pandemia seja também ela global, porque para mim muito mais importante do que a actual crise sanitária e a mais que prometida crise económica adjacente será garantir que uma crise desta dimensão jamais se volte a repetir.

                Resumindo, não existem inocentes, todos temos uma parte (por mais pequena que seja) de culpa, portanto mais importante do que simplesmente fingirmo-nos de inocentes e acusarmos terceiros é digerir o que esta a acontecer, apreender com tudo isto de preferência sem as propagandas ridículas do “vai ficar tudo bem”, não não vai, aliás para muita gente não vai mesmo ficar nada bem, e fazer o possível para que não volte a acontecer pois o preço que se paga é demasiado alto.       


segunda-feira, 13 de abril de 2020

The Platform (2019)


Uma prisão vertical com mais de duzentos pisos, em cada piso estão duas pessoas e uma vez por dia uma plataforma com comida desce continuamente parando durante dois minutos para os ocupantes de cada piso se alimentarem, é esta a simples premissa do genial ‘The Platform’. Um filme é antes de tudo uma ideia, e quando o cinema se encontra praticamente no limiar de perverter este paradigma eis que muito esporadicamente surge um filme com a intensidade e criatividade de ‘The Platform’. Oriundo da Espanha com o seu título original ‘El hoyo’, ‘The Platform’ é simplesmente um dos melhores filmes que vi em anos, fabuloso e imersivo, recheado de originalidade e prolífero em metáforas. ‘The Platform’ apresenta uma fortíssima abordagem psicológica, ética e até filosófica sobre a raça humana, bastante pertinente para a actualidade que vivemos. Além do formidável argumento, ‘The Platform’ conta ainda carismáticas personagens e com a magnífica interpretação do catalão Ivan Massagué como protagonista. Quem tem saudades de cinema na verdadeira ascensão da palavra não pode de maneira alguma perder este ‘The Platform’. 

9/10

domingo, 5 de abril de 2020

Testament - Titans of Creation (2020)


E se 2020 estava a precisar de algo assim, quando o mundo enfrenta provavelmente o seu momento mais negro desde a WWII, uma pandemia sem precedentes que até já contagiou Steve DiGiorgio e Chuck Billy, e como nem todos se “alimentam” de clichés de bolso como “vai tudo ficar bem”, precisamos de algo mais puro, algo mais enérgico e combativo, precisamos de algo como…o novíssimo álbum das lendas do Bay Area Thrash Metal Testament. Posso confessar que não é nada fácil manter a imparcialidade quando se fala dos Testament já que é há largos anos a minha banda de Thrash Metal favorita, no entanto mesmo tendo isso em conta penso que ‘Titans of Creation’ já é indisputavelmente um dos melhores álbuns de 2020, superando a vários níveis o último trabalho da Banda (‘Brotherhood Of The Snake’). ‘Titans of Creation’ tem uma energia verdadeiramente demolidora, uma produção de excelência onde a sublime voz de Billy entoa por entre os pujantes e supersónicos riffs de Peterson e Skolnick. ‘Titans of Creation’ é soberano, devastador e predominante, um álbum deliciosamente impressionante para uma banda com 33 anos de carreira. Destaco ‘Dream Deceiver’, ‘City of Angels’ e ‘Symptoms’ Como verdadeiras pérolas do Thrash Metal. Com o Metal interno em estagnação e numa situação sanitária bastante dramática ‘Titans of Creation’ apresenta-se como um esperançoso bater de coração Norte-Americano. As rápidas melhoras para Billy e DiGiorgio

8.5/10