domingo, 5 de abril de 2020

Os Óscares - A 92ª Edição


Em tempos de quarentena e quase dois meses despois eis que finalmente chega o tão esperado review à noite dos Óscares. A edição número 92 da entrega dos galardões dourados realizou-se como é hábito no Teatro Dolby em Los Angeles e mais uma vez não contou com a presença de um apresentador permanente, no entanto o intuito deste post não é uma crítica à noite em si mas sim há justiça nas entregas dos prémios. Vou debruçar-me sobre as categorias que conheço os nomeados deixando assim irremediavelmente algumas de lado.

                Começando como sempre pelas categorias técnicas, os grandes pesos pesados ‘Ford v Ferrari’ (Melhor Edição e Melhor Edição de Som) e ‘1917’ (Melhor Mistura de Som e Melhores Efeitos Visuais) levaram a melhor sobre a concorrência com toda a justiça confirmando o seu favoritismo e provando que tecnicamente são dois files ímpares, impedindo logo aqui os “filmes caixa-registradora” ‘Star Wars: Episode IX - The Rise of Skywalker’ e ‘Avengers: Endgame’ de ganharem qualquer galardão. Destaque para a única nomeação de Ad Astra (uma das grandes decepções de 2019) na categoria de Melhor Mistura de Som. O Óscar de Melhor Maquilhagem foi entregue ao polémico ‘Bombshell’ enquanto o prémio de Melhor Guarda-roupa ficou para ‘Little Women’ deixando ‘Jojo Rabbit’ com um travo agridoce.



                Nas secções artísticas houve o primeiro grande embate entre os filmes com mais nomeações e quem sorriu foi Tarantino com ‘Once Upon a Time in Hollywood’ conquistando o galardão para a Melhor Direcção Artistica, enquanto na melhor Cinematografia1917’ levava o seu terceiro Óscar da noite, sem qualquer discussão possível. A Melhor Banda Sonora caiu para ‘Joker’ (o seu primeiro Óscar da noite deixando o fantástico Thomas Newman (‘1917’) mais uma vez de mãos a abanar apesar da sua 15ª nomeação.



                Passando para os argumentos, 2019 foi sem dúvida um ano prolifero em bons argumentos, arriscando mesmo a dizer que vários dos nomeados nas duas categorias ganhariam facilmente o respectivo Óscar em anos antecedentes. No Melhor Argumento Adaptado o vencedor foi ‘Jojo Rabbit’ embora a justiça dessa vitória possa ser debatida, pois ‘The Irishman’ ou ‘Joker’ seriam igualmente justos vencedores, já no Argumento Original quem sorriu foi o fenomenal ‘Parasite’ vencendo Tarantino (‘Once Upon a Time in Hollywood’) precisamente num dos seus pontos mais fortes. Destaque ainda para a única nomeação do brilhante ‘Knives Out’ precisamente nesta categoria.



                Umas das partes sempre mais esperadas da mítica noite são a entrega dos Óscares de interpretação e desta vez não foi diferente. Nas actrizes o Óscar de Melhor Actriz secundária recaiu sobre Laura Dern pela sua meritória performance em ‘Marriage Story’, enquanto Renée Zellweger levou para casa a tão cobiçada estatueta como Melhor Actriz Principal pela sua interpretação como Judy Garland em ‘Judy’ ficando assim Scarlett Johansson a sentir-se como uma das grandes derrotadas da noite ao deixar fugir ambos os Óscares. ‘Bombshell’ tinha também nomeações em ambas as categorias (Charlize Theron como Principal e Margot Robbie como Secundária) não conseguindo assim efectivar o seu segundo galardão da noite.

                Nas categorias de Melhor Actor Secundário tivemos como também já vem sendo hábito um verdadeiro grupo de elite com Al Pacino e Joe Pesci (‘The Irishman’), Anthony Hopkins (‘The Two Popes’), Tom Hanks (‘A Beautiful Dayin the Neighborhood) e o vencedor Brad Pitt (‘Once Upon a Time in Hollywood’), sendo que qualquer um destes sensacionais actores merecia o Óscar, a par de Pitt talvez Pacino ou Pesci seriam igualmente justos vencedores. O Óscar de Melhor Actor Principal além de estar decidido muito antes da sua entrega é tão óbvio que seria até ridículo discutir a sua justiça. Joaquin Phoenix é sem dúvida um dos melhores actores de sempre e teve em ‘Joker’ uma interpretação de excelência completamente determinante para o sucesso do filme.



                Desta vez a grande supressa estava guardada para o final pois desta vez a Academia engoliu o orgulho e entregou com toda a justiça os dois Óscares mais cobiçados da noite (Melhor Realizador e Melhor Filme) a ‘Parasite’ (que também já tinha vencido na categoria de Melhor Filme Estrageiro), o primeiro filme estrageiro de sempre a ganhar o principal Óscar, imagine-se. Uma decisão que estado sujeita a diferentes interpretações é para mim um claro sinal de alarme para o evidente estado decrépito do cinema Norte-Americano em geral. Uma última nota para o ultra demorado mas inteiramente justo reconhecimento feito ao genial David Lynch através de um Óscar honorário pela sua carreira como Argumentista e Realizador.

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