Em tempos de quarentena e quase
dois meses despois eis que finalmente chega o tão esperado review à noite dos Óscares. A edição número 92 da entrega
dos galardões dourados realizou-se como é hábito no Teatro Dolby em Los Angeles
e mais uma vez não contou com a presença de um apresentador permanente, no entanto
o intuito deste post não é uma crítica à noite em si mas sim há justiça nas
entregas dos prémios. Vou debruçar-me sobre as categorias que conheço os
nomeados deixando assim irremediavelmente algumas de lado.
Começando
como sempre pelas categorias técnicas, os grandes pesos pesados ‘Ford v Ferrari’ (Melhor Edição e Melhor
Edição de Som) e ‘1917’ (Melhor Mistura de Som e Melhores
Efeitos Visuais) levaram a melhor sobre a concorrência com toda a justiça
confirmando o seu favoritismo e provando que tecnicamente são dois files ímpares,
impedindo logo aqui os “filmes caixa-registradora” ‘Star Wars: Episode IX - The Rise of Skywalker’ e ‘Avengers: Endgame’ de ganharem qualquer
galardão. Destaque para a única nomeação de Ad Astra (uma das grandes decepções de 2019) na categoria de Melhor Mistura de Som. O Óscar de Melhor Maquilhagem foi entregue ao
polémico ‘Bombshell’ enquanto o
prémio de Melhor Guarda-roupa ficou
para ‘Little Women’ deixando ‘Jojo Rabbit’ com um travo agridoce.
Nas
secções artísticas houve o primeiro grande embate entre os filmes com mais nomeações
e quem sorriu foi Tarantino com ‘Once Upon a Time in Hollywood’
conquistando o galardão para a Melhor
Direcção Artistica, enquanto na melhor Cinematografia
‘1917’ levava o seu terceiro Óscar
da noite, sem qualquer discussão possível. A Melhor Banda Sonora caiu para ‘Joker’ (o seu primeiro Óscar da noite
deixando o fantástico Thomas Newman (‘1917’) mais uma vez de mãos a abanar
apesar da sua 15ª nomeação.
Passando
para os argumentos, 2019 foi sem dúvida um ano prolifero em bons argumentos, arriscando
mesmo a dizer que vários dos nomeados nas duas categorias ganhariam facilmente
o respectivo Óscar em anos antecedentes. No Melhor Argumento Adaptado o vencedor foi ‘Jojo Rabbit’ embora a justiça dessa vitória possa ser debatida,
pois ‘The Irishman’ ou ‘Joker’ seriam igualmente justos
vencedores, já no Argumento Original quem
sorriu foi o fenomenal ‘Parasite’
vencendo Tarantino (‘Once Upon a Time in Hollywood’)
precisamente num dos seus pontos mais fortes. Destaque ainda para a única
nomeação do brilhante ‘Knives Out’ precisamente
nesta categoria.
Umas
das partes sempre mais esperadas da mítica noite são a entrega dos Óscares de interpretação
e desta vez não foi diferente. Nas actrizes o Óscar de Melhor Actriz secundária recaiu sobre Laura Dern pela sua meritória performance em ‘Marriage Story’, enquanto Renée
Zellweger levou para casa a tão cobiçada estatueta como Melhor Actriz Principal pela sua interpretação
como Judy Garland em ‘Judy’ ficando assim Scarlett Johansson a sentir-se como uma
das grandes derrotadas da noite ao deixar fugir ambos os Óscares. ‘Bombshell’ tinha também nomeações em
ambas as categorias (Charlize Theron
como Principal e Margot Robbie como Secundária) não conseguindo assim efectivar o seu segundo galardão
da noite.
Nas
categorias de Melhor Actor Secundário
tivemos como também já vem sendo hábito um verdadeiro grupo de elite com Al Pacino e Joe Pesci (‘The Irishman’),
Anthony Hopkins (‘The Two Popes’), Tom Hanks (‘A Beautiful Dayin the Neighborhood’) e o vencedor Brad
Pitt (‘Once Upon a Time in Hollywood’),
sendo que qualquer um destes sensacionais actores merecia o Óscar, a par de Pitt talvez Pacino ou Pesci seriam
igualmente justos vencedores. O Óscar de
Melhor Actor Principal além de estar decidido muito antes da sua entrega é
tão óbvio que seria até ridículo discutir a sua justiça. Joaquin Phoenix é sem dúvida um dos melhores actores de sempre e
teve em ‘Joker’ uma interpretação de
excelência completamente determinante para o sucesso do filme.
Desta
vez a grande supressa estava guardada para o final pois desta vez a Academia engoliu o orgulho e entregou
com toda a justiça os dois Óscares mais cobiçados da noite (Melhor Realizador e Melhor Filme) a ‘Parasite’ (que também já tinha vencido na categoria de Melhor Filme Estrageiro), o primeiro
filme estrageiro de sempre a ganhar o principal Óscar, imagine-se. Uma decisão
que estado sujeita a diferentes interpretações é para mim um claro sinal de alarme
para o evidente estado decrépito do cinema Norte-Americano em geral. Uma última
nota para o ultra demorado mas inteiramente justo reconhecimento feito ao
genial David Lynch através de um Óscar honorário pela sua carreira como Argumentista e Realizador.
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