Eis que com 2020 chega também uma pandemia de proporções assustadoras, apresentando até à data números alarmantes onde se destacam particularmente os Estados Unidos com mais de 600.000 casos e mais de 24.000 mortos, números verdadeiramente perturbantes.
Muito
se tem falado nos últimos meses sobre o nefasto efeito desta crise mundial quer
em termos de saúde pública quer acerca da inevitável crise económica inerente,
outra temática amplamente abordada são as conhecidas medidas de protecção
individual (isolamento, distancia social e higiene), o mundo praticamente “parou”
devido à Covid-19 no entanto o foco
desde post vai ser sobre algo menos falado mas de grande relevância a meu
entender, a origem do Corona Vírus.
A
versão oficial é que a Covid-19 foi
detectada em primeira instância em várias pessoas utilizadoras do mercado de Wuhan (China) algures no início de Janeiro de 2020 e que o vírus supostamente foi transmitido de
alguma maneira de um morcego para um pangolim e A posteriori para humanos. Sabendo
de antemão que por aí vão surgir várias teorias da conspiração férteis em
criatividade contrastando com a versão oficial, acho bastante prematuro haver
uma certeza absoluta do que se terá verdadeiramente passado, parecendo-me no
entanto pacifico aceitar que Wuhan
foi de facto a primeira região onde se descobriu a Covid-19.
Serve
então este post para refutar veementemente um primitivo, fácil e constante
apontar de dedo à China como o país
verdadeiramente culpado do aparecimento deste trágico vírus, não porque a China
seja inocente mas sim porque me revolta profundamente a incessante pose de “virgem
ofendida” por parte de todo o mundo ocidental.
Desde
a viragem do milénio que a China tem
feito uma declarada e intencional abertura económica ao mundo com tudo o que
isso acarreta, fruto de um estonteante crescimento industrial a sua economia
tem-se solidificado gerando assim uma densa e volumosa classe média praticamente
inexistente até então, no entanto tudo tem um preço e esse preço está agora bem
visível. A indústria Chinesa não tem nem nunca teve quaisquer preocupações ambientais
e de segurança tal como o comércio Chinês descura inusitadamente quaisquer
normas sanitárias, não porque o povo Chinês tenha um histórico de não cumprir
regras mas sim porque essas normas pura e simplesmente não existem, ao
contrário do que acontece e bem no chamado mundo ocidental onde se destaca a Europa como grande impulsionadora
dessas normas. Qualquer empresa seja de que área for situada algures da Europa, vê-se obrigada a cumprir escrupulosamente
várias directrizes ambientais, sanitárias e de segurança encarecendo assim
forçosamente o produto que fabrica competindo em mercado aberto com produtos
chineses mais baratos não só mas também devido a este factor.
Um
claro exemplo do resultado desta despreocupação do governo Chinês com normas
ambientais é a gigantesca e permanente nuvem de poluição que paira sobre Pequim vista distintamente e com estupefacção
por todo o mundo nos Jogos Olímpicos de
2008 dando uma perdurável tonalidade cinzenta ao céu da cidade independentemente
das condições climatéricas que se façam sentir submetendo a população ao compulsivo
uso de mascaras já desde essa altura.
A grande questão que se impõe é: Será que os
governos do mundo ocidental estão isentos de culpa? E todos nós? Será que
estaremos completamente inocentes?
A
resposta parece-me evidente, é óbvio que não. Todo o mundo ocidental há anos
que conhece estas práticas e a troco de um enorme potencial de consumidores de
uma classe média que não existia assobia para o lado acerca dos padrões
Chineses, aliás várias marcas ocidentais de renome até tem empresas na China para se aproveitarem da mão-de-obra
mais barata e de não terem normas do que quer que seja a cumprir para
aumentarem as suas margens de lucro. Os governos ocidentais também estão longe
de serem inocentes, pois tem coragem para efectuar embargos de cariz politico
durante décadas a países como Cuba mas
falta-lhes a mesma coragem para, por este e outros meios e por motivos bem mais
importantes limitar ao máximo as exportações Chinesas, fazendo assim desse modo
pressão à China até haver nítidas
mudanças nas suas politicas internas.
E também nós (onde me incluo) os comuns
mortais podemos achar não temos culpa nenhuma mas isso não é inteiramente
verdade, pois cada vez que vamos às famosas “lojas do Chinês” ou ao “restaurante
Chinês” estamos, mesmo que seja de maneira residual, a fomentar as lamentáveis praticas
deste País, portanto não podemos agora ser ágeis a apontar o dedo sem assumir primeiro
a nossa (mesmo que ínfima) quota-parte de culpa.
A alucinante velocidade de transmissão da Covid-19 resulta essencialmente de uma fétida
e incomportável globalização assente numa doentia obsessão com o turismo, é
portanto perfeitamente natural que a resposta a esta pandemia seja também ela
global, porque para mim muito mais importante do que a actual crise sanitária e
a mais que prometida crise económica adjacente será garantir que uma crise
desta dimensão jamais se volte a repetir.
Resumindo,
não existem inocentes, todos temos uma parte (por mais pequena que seja) de
culpa, portanto mais importante do que simplesmente fingirmo-nos de inocentes e
acusarmos terceiros é digerir o que esta a acontecer, apreender com tudo isto de
preferência sem as propagandas ridículas do “vai ficar tudo bem”, não não vai,
aliás para muita gente não vai mesmo ficar nada bem, e fazer o possível para
que não volte a acontecer pois o preço que se paga é demasiado alto.
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