sexta-feira, 29 de março de 2019

Aquaman (2018)


É já um dos grandes desafios aqui do blog, escrever uma crítica sobre um filme de super-heróis tentando herculeamente não me repetir, neste jogo de ténis entre Marvel e DC desta vez o “objecto de estudo” é o recente filme da DCAquaman”. As críticas a “Aquaman” são díspares, uma espécie de amor e ódio em simultâneo, na minha opinião livre e liberta de influências acho que “Aquaman” tem sem dúvida alguns pontos positivos mas é em geral mais do mesmo, isto é, um filme onde quase tudo soa a cliché e pré-fabricado. Os efeitos visuais são de grande nível (também este elogio já se tornou chiche), as sequências de acção também estão bem produzidas e até arrisco a dizer que genericamente, “Aquaman” até tem alguma seriedade e credibilidade e ficamos por aqui em termos de pontos positivos. Em contraponto as miseráveis, inócuas e tépidas personagens e respectivas interpretações das mesmas juntando a uma espécie de plastificação cinematográfica anulam por completo qualquer hipótese de o filme sair da mediocridade quase intrínseca deste género de filmes. 

6/10

At Eternity's Gate (2018)


É inegável a tendência cada vez mais acentuada para o surgimento de filmes biográficos, desta vez o filme é questão intitula-se “At Eternity's Gate” e incide sobre o sobejamente famoso e influente pintor Vincent van Gogh um dos ícones do movimento artístico ‎Pós-impressionismo. “At Eternity's Gate” é um filme estranho e demasiado aleatório, o filme tem de facto uma cinematografia de excelência tal como o recente “Roma”, mas parece-me ser talvez o único ponto realmente positivo do filme. “At Eternity's Gate” assenta nos últimos anos de vida de Van Gogh e ao querer dar uma visão artística e delirante do artista acho que entra numa longa espiral de tédio e irracionalidade, as várias filmagens com uma espécie de câmara de vídeo, as longas sequências de filmagem com câmara fixa e os absurdos e terríveis diálogos dão para isso um decisivo contributo. Willem Dafoe (um actor que até aprecio particularmente) que até me pareceu um boa escolha para o papel principal, mas nem ele tem uma performance de encher o olho. “At Eternity's Gate” parece-me a mim um filme demasiado pretensioso onde o foco aparenta ser a demência do famoso pintor em vez da explanação da sua arte, é incomparavelmente mais enriquecedor visitar o museu em sua homenagem do que ver o filme em questão. 

6/10

terça-feira, 26 de março de 2019

Can You Ever Forgive Me? (2018)


O filme chama-se “Can You Ever Forgive Me?” e valeu a nomeação para a melhor actriz a Melissa McCarthy no papel da escritora Lee Israel. “Can You Ever Forgive Me?” É mais um filme biográfico (que parece ser a nova tendência de Hollywood), e se alguns filmes biográficos não têm muito interesse, sem dúvida que não é o caso deste, não é que Lee Israel seja uma figura sobejamente conhecida no entanto a sua vida tornou-se bastante interessante quase por acaso. Lee Israel um escritora ultrapassada e desactualizada vê-se envolvida numa severa e exasperante agonia financeira e quase por acidente descobre uma maneira inovadora de conseguir dinheiro, como? Falsificando cartas de famosos escritores usando a sua excelente capacidade de escrever. Um filme que tem um fantástico ambiente nova-iorquino dos anos 90 tal como um argumento ponderado que se desenrola numa cadência eficaz e cativante. Melissa McCarthy arriscou e de que maneira ao aceitar este papel (provavelmente o mais difícil da sua carreira até agora), mas desmarcou-se finalmente do rótulo de só participar filmes de comédia absurdos e medíocres, não sendo uma interpretação fenomenal é sem dúvida uma prestação aprazível. 

7/10

quinta-feira, 21 de março de 2019

True Detective - Season 1 (2014), Season 2 (2015), Season 3 (2019)


A série em questão chama-se True Detective, uma espécie de série de culto que estreou em 2014 e já vai na Season 3. True Detective tem um formato um pouco invulgar mas que já foi replicado por outras séries, cada Season nada tem a ver com a anterior, é feita tábula rasa e volta tudo à estaca zero, novo argumento novos personagens etc., dito isto faz todo o sentido analisar cada Season separadamente. Se a minha nota fosse apenas baseada na Season 1 não teria duvidas que seria o 10, a historia passa-se numa América podre e rural onde 2 detectives veem-se perante um estranho homicídio com laivos de ter sido perpetrado por um serial Killer, a série prossegue sombria, pesada e cativante enquanto a dupla Rust Cohle (Matthew McConaughey) e Martin Hart (Woody Harrelson) vai seguindo pistas e a sua intuição, tudo é perfeito nesta Season 1, desde a fantástica banda sonora, o ambiente denso e credível quase em modo anti-CSI e principalmente as extraordinárias interpretações dos 2 protagonistas, destaque para Matthew McConaughey que se supera de uma maneira que ninguém esperaria. A Season 2 transporta-nos para uma ambiente totalmente diferente (urbano e citadino), desta vez na cidade de Vinci e o argumento condensa-se mais uma vez num crime por revolver, captando a atenção de 3 policias distintos, a historia vai-se desenvolvendo entre corrupção, prostituição e trafico de droga pelo meio, destaque para a brilhante participação do falecido Leonard Cohen no tema inicial na série e para os principais protagonistas Rachel McAdams, Collin Farell e Vince Vaughn. A Season 3 é bastante recente e conta com presença do Afro-Americano mais famoso do momento Mahershala Ali que interpreta de maneira genial o papel do detective Wayne Ways que forma uma bem oleada dupla com o detective Roland West também com uma interpretação de belo efeito pelo surpreendente Stephen Dorff. A Season 3 recupera muito do ambiente rural e conservador de uma América esquecida já abordado na Season 1. Destaque ainda para a abordagem bastante criativa como a série se desenrola, onde a acção se passa em 3 diferentes alturas no tempo. 

8/10

 

quarta-feira, 20 de março de 2019

The Punisher - Season 1 (2017), Season 2 (2019)


De volta às séries com mais uma parceria Marvel-Netflix, a série sobre o mais eticamente questionável “herói” da Marvel, “The Punisher”. Foi à relativamente pouco tempo que saiu a Season 2 e quase em simultâneo a triste noticia que a série não iria continuar, mas comecemos pelo início. A Season 1 começa, (e bem) por contar a origem do Punisher, um ex-soldado que vê toda a sua família morrer à sua frente numa operação de tráfico de droga que acaba por se transformar num banho de sangue e, a partir desse momento Frank Castle (Punisher) jura vingança a todos os envolvidos na morte da sua família. Frank Castle começou por aparecer na Season 2 de “Daredevil” antes mesmo de herdar uma série para si. “The Punisher” tem uma intocável fiabilidade às BD’s que lhe servem de inspiração, personagens interessantes e que vão evoluindo ao longo da série (Microchip, Curtis, Madani, Karen Page), tudo isto são pontos bastante válidos para a solidez de “The Punisher”. Na Season 2 no entanto penso que a qualidade média da série baixa alguns patamares, desta vez o foco da série vira-se para dois vilões de enorme estatuto, e se John Pilgrim apresenta de facto um invulgar carisma já Billy Russo, agora como “Jigsaw” deixa bastante a desejar, a personagem não tem facto a profundidade e robustez que se lhe pedia pois se já era uma personagem importante na Season 1 nesta Season 2 pode-se dizer que é a personagem central. “The Punisher” funciona também quase invulgarmente como uma espécie de correctivo para os vários filmes medíocres e estapafúrdios feitos após a viragem do milénio, onde o nosso Frank Castle aparenta sempre ter mais semelhanças com um modelo do que com um ex-soldado. 

7/10