sexta-feira, 27 de novembro de 2020

A Storm Of Light - Anthroscene (2018)

Cinco anos depois de ‘Nations To Flames’ os A Storm Of Light voltam à carga com ‘Anthroscene’. Liricamente ‘Anthroscene’ tem, tal como o seu antecessor, uma forte componente critica explanada por uma revolta contra o rumo político do mundo ocidental, parece-me que por esta altura os A Storm Of Light já devem ter conteúdo mais do que suficiente para o seu próximo álbum. Musicalmente ‘Anthroscene’ aposta mais uma vez numa abordagem onde o Post-Metal se dilui por entre influências de Sludge Metal, Industrial e Post-Punk, a grande diferença para ‘Nations To Flames’ é no entanto a envolvência do álbum, pois desta vez os A Storm Of Light arriscaram deliberadamente num ambiente muito mais desolador e distópico fazendo sobressair com mais intensidade a dissonância do Post-Metal. Com composições mais directas e menos complexas dando assim mais importância à atmosfera pode-se destacar novamente a importância de bandas como Neurosis, Killing Joke ou Ministry na criação de ‘Anthroscene’. ‘Anthroscene’ tem sem dúvida uma solidez e uma “cola” que torna extremamente complicado escolher faixas, ainda assim tenho de realçar as magníficas e emblemáticas ‘Short Term Feedback’ e ‘Rosebud’.

8/10

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quinta-feira, 26 de novembro de 2020

A Storm Of Light - Nations To Flames (2013)

Também oriundos de Nova Iorque, mais precisamente de Brooklyn são os A Storm Of Light, a banda formada em 2007 por Josh Graham conhecido sobretudo pelo seu trabalho artístico nos incontornáveis Neurosis, foram progressivamente ganhando reconhecimento com os seus três primeiros álbuns mas foi essencialmente com o seu quarto álbum de originais ‘Nations To Flames’ que, não só solidificaram o seu som como ganharam a projecção que faz deles, na minha opinião, uma das melhores bandas de Post-Metal da actualidade, senão mesmo a melhor. Envolto numa temática ainda hoje bastante actual que aborda a reconhecível decadência da civilização ocidental, ‘Nations To Flames’ tem uma criativa e inovadora interpretação do Post-Metal juntando a este uma intensa e corrosiva dose de Industrial, fazendo com que, à óbvia influência dos Neurosis se possam também reconhecer ingerências de bandas tão relevantes como Killing Joke ou Ministry. À distante e abrasiva voz de Graham juntam-se os riffs sujos, tensos e opressivos do Sludge com um travo a Stoner acompanhados de maneira intratável pelos superlativos e ocasionalmente tribais ritmos de bateria. Apesar da intrínseca qualidade de ‘Nations To Flames’ como um todo destaco ainda assim a fabulosa e enérgica sequência ‘All The Shining Lies’, ‘Disintegrate’ e ‘Lifeless’ e ‘You Are The Hunted’. 

8/10

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Tombs - Under Sullen Skies (2020)

Uma das excelentes supressas desde fatídico ano de 2020 é o novo trabalho dos Nova-iorquinos Tombs, ‘Under Sullen Skies’. Formados 2007 pelo vocalista/guitarrista Mike Hill, após quatro álbuns de estúdio os Tombs sofreram uma verdadeira revolução na banda sendo que Hill foi o único “sobrevivente” com a respectiva e inevitável consequência nas sonoridades da banda. ‘Under Sullen Skies’ oferece uma refrescante e diferenciada nova roupagem à habitual base de Black Metal da banda, são impressionantes e marcantes as variações sonoras de faixa para faixa, em faixas como ‘Bone Furnace’ou ‘Angel Of Darkness’ sobressai um Black Metal moderno e urbano com melodias dissonantes, já noutras como ‘Void Constellation’ ou ‘Plague Years’ é notória a influência do Doom Metal, temos ainda o temporizado e suculento Death Metal de ‘Hunger’, a subtil mas eficaz infusão de Hardcore de ‘Mordum’, ou até a atmosfera de Post-Metal de ‘Secrets Of The Black Sun’ e ‘Sombre Ruin’. ‘Under Sullen Skies’ é em suma um álbum com uma fantástica amplitude sonora onde sobre um suporte de Black Metal sofisticado e citadino a fazer lembrar o penúltimo álbum nos Britânicos VoicesLondon’ recaem uma multiplicidade de influências enaltecendo e de que maneira a vitalidade do álbum. Destaque ainda para a fabulosa descarga de Black Metal/Death Metal de ‘Lex Talionis’ sem dúvida uma das melhores músicas de 2020. 

7.5/10

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quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Dark Tranquillity - Moment (2020)

Depois de uma pausa de quatro anos, a maior que os Dark Tranquillity alguma vez fizeram entre álbuns a banda está de volta com o sucessor de ‘Atoma’, ‘Moment’. Numa primeira impressão posso referir que esta pausa teve um efeito positivo na composição de ‘Moment’. Sendo virtualmente impossível de ultrapassar o gritante bloqueio de criatividade imposto pelo chamado Gothenburg Metal é no entanto mais do que justo salientar que os Dark Tranquillity são porventura a banda mais consistente neste subgénero, tirando maior proveito dessa fidelidade sonora do que os seus “irmãos” In Flames por exemplo. Apensar de ter perdido um dos seus membros fundadores, o guitarrista Niklas Sundin, os Dark Tranquillity conseguiram explanar da melhor forma as suas virtudes, ‘Moment’ mostra-nos um Melodic Death Metal assente numa dicotomia entre riffs sólidos e orgânicos e a emotividade e melodia dos teclados regulados eficazmente pela formidável alternância de vocalizações do carismático Mikael Stanne. Destaque para as extraordinárias ‘Ego Deception’, ‘A Drawn Out Exit’ e ‘Failstate’ as três melhores faixas de ‘Moment’ na minha opinião. 

7/10 

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segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Killer Be Killed - Reluctant Hero (2020)

Seis anos depois da estreia homónima os Killer Be Killed estão de volta com o seu segundo álbum ‘Reluctant Hero’. ‘Reluctant Hero’ está sem dúvida na categoria dos álbuns mais esperados do 2020, a chamada superbanda composta pelos incontornáveis Max Cavalera, Greg Puciato e Troy Sanders teve uma troca de elementos na bateria e conta agora com a presença de Ben Koller (Converge) em vez de Dave Elitch (The Mars Volta). ‘Reluctant Hero’ consegue manter o mesmo nível qualitativo de ‘Killer Be Killed’ ou talvez até esteja ligeiramente abaixo, a aposta continua a ser o Groove Thrash tecnicamente evoluído onde são notórias as várias influências das bandas de origem dos seus prestigiados membros. A objectiva qualidade de ‘Reluctant Hero’ assente numa produção de excelência e numa técnica irrepreensível só não é superior porque a banda tende em não sair da sua zona de conforto e não arrisca no seu enorme potencial de imprevisibilidade e experimentalismo o que até seria de alguma maneira expectável tendo em conta a preponderância dos seus elementos. Destaque para as formidáveis ‘From A Crowded Wound’ e ‘Comfort From Nothing’. 

7.5/10

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