terça-feira, 30 de março de 2021

Zack Snyder's Justice League (2021)

Tenho de começar esta review por assumir um erro, pois na altura acusei inadequadamente Zack Snyder como o responsável pelo desastre cinematográfico que foi ‘Justice League’ quando afinal Snyder abandou o projecto devido a uma trágica crise familiar. O surgimento de ‘Zack Snyder's Justice League’ é de facto uma história verdadeiramente rocambolesca, começou por ser um rumor e foi ganhando força com abaixo-assinados de fãs e depois de muitos avanços e recuos chegou finalmente a hora de podermos experienciar a verdadeira visão de Snyder sobre a mais icónica equipa de super-heróis da DC Comics. Se a essência da história se mantem mais ou menos igual à de ‘Justice League’, ‘Zack Snyder's Justice League’ tem de facto várias e profundas mudanças ou melhorias se preferirem em relação ao filme de 2017, desde logo existem mais duas horas de filme o que deu a Snyder uma liberdade criativa muito para além do que é habitual neste tipo de filmes, no entanto penso que as alterações mais decisivas para o grande ‘upgrade’ que Snyder trouxe a Justice League foram nas personagens, todas elas foram melhoradas significativamente, quer seja pela introdução de ‘backstories’ quer seja pela sua dinâmica e evolução ao longo do filme. Outro dos grandes pontos de interesse de ‘Zack Snyder's Justice League’ são os novos personagens introduzidos na história com um particular destaque para Darkseid, talvez o mais importante vilão de toda a DC Comics. Um último destaque para a excelência da cinematografia e dos efeitos visuais, com uma qualidade incomparavelmente superior a ‘Justice League’.

7/10

[Trailer] 


segunda-feira, 29 de março de 2021

Promising Young Woman (2020)

Acerca de duas semanas foram finalmente revelados os nomeados para edição número 93 dos Óscares, em simultâneo foi também revelado que a cerimónia que costuma acontecer em Fevereiro vai este ano realizar-se em Abril, deixando bem evidente o impacto da pandemia no mundo da sétima arte, e como já vem sendo hábito o Espelho Distópico vai dar uma particular atenção aos nomeados. Curiosamente já tinha aqui antecipado alguns dos potenciais nomeados no entanto uma das surpresas foi ‘Promising Young Woman’ que conta com a carismática Carey Mulligan como protagonista. ‘Promising Young Woman’ além de ser um filme algo estranho desperta sentimentos de algum modo contraditórios, pois se na parte técnica o filme tem de facto a qualidade necessária para estar entre os nomeados a sua história no mínimo estapafúrdia e exagerada e principalmente, as miseráveis interpretações de todo o elenco com a excepção de Mulligan deitam tudo a perder. Cassandra/Mulligan, uma mulher perto dos trinta tem a sua vida estagnada em consequência directa de nunca ter ultrapassado a trágica morte da sua melhor amiga de adolescência após esta ter sido violada e humilhada. Cassandra decidiu então fazer uma espécie de cruzada contra os homens saído regularmente à noite apenas para fingir que está bastante alcoolizada até ser abordada por algum ”bom samaritano”, com o objectivo de provar que nessa situação todos os homens se tentam aproveitar. O filme tem vários problemas de concepção, desde logo aborda um assunto bastante sério com uma inacreditável leviandade, tenta também manipular valores ao dar mais importância a uma vingança generalizada em detrimento de uma justificada e plausível vendeta pessoal a que não é alheia uma pouco camuflada retórica feminista, mas o ponto mais negativo são mesmo a deploráveis prestações dos actores, dando a sensação que todas as personagens são uma espécie de cliché genérico de determinados tipos de pessoas. 

6/10

quarta-feira, 17 de março de 2021

Dvne - Etemen Ænka (2021)

Seria bastante ousado profetizar o melhor álbum do ano ainda quando estamos em Março, no entanto quando o álbum em questão é ‘Etemen Ænka’, o segundo de originais dos Escoceses Dvne o caso por ser bem diferente. Quatro anos depois de ‘Asheran’ e apenas uns meses depois do EPOmega Sevever’, cuja faixa com o tema título foi inclusive incluída em ‘Etemen Ænka’ os Dvne entregam-nos esta verdadeira obra-prima do Metal contemporâneo. ‘Etemen Ænka’ revela-nos uma assinalável evolução musical por parte do quinteto Escocês, um verdadeiro ensaio de sofisticadas composições de uma complexidade técnica absolutamente extraordinária revelando uma coesa e dinâmica interligação entre Progressivo e Sludge Metal e uma ténue incorporação de Post-Metal. Os orgânicos, severos e abrasivos riffs não são abafados, mas sim exponenciados por um ambiente emocional e harmonioso onde os sintetizadores têm particular destaque. O que os Dvne tendem a não mudar é a sua apetência pela curiosidade no Sci-Fi como factor decisivo na escolha do tema para cada álbum e ‘Etemen Ænka’ também não é excepção. Além da produção de excelência posso também salientar ‘Court Of The Matriarch’, ‘Mleccha’ e ‘Sì-XIV’ como os três pontos mais altos de ‘Etemen Ænka’. 

9/10

[Sample] 

segunda-feira, 15 de março de 2021

Rob Zombie - The Lunar Injection Kool Aid Eclipse Conspiracy (2021)

Não será ousado dizer que era um dos regressos mais esperados de 2021, falo do senhor Rob Zombie e do seu novo álbum de originais ‘The Lunar Injection Kool Aid Eclipse Conspiracy’. Se é mais do que justo dizer que ‘The Electric Warlock Acid Witch Satanic Orgy Celebration Dispenser’ não atingiu a mesma qualidade do seu predecessor ‘Venomous Rat Regeneration Vendor’, com uma paragem de cinco anos a expectativa foi crescendo e de que maneira. Talvez até de maneira inconsciente Rob Zombie tem infrutiferamente tentado recriar as mesmas condições que fizeram do seu álbum de estreia ‘Hellbilly Deluxe’ um estrondoso sucesso e uma verdadeira referência quando falamos da mistura de Industrial com Alternative Metal e penso que a razão para esse fenómeno torna-se mais evidente neste ‘The Lunar Injection Kool Aid Eclipse Conspiracy’, é que apesar de toda a temática de Zombies, monstros, ovnis, cartoons e terror em geral continuar imaculadamente a representar o “Universo Zombie” que Rob criou com tanta mestria, o “problema” não está na temática mas sim na composição musical, pois tem sido evidente a redução (inusitada ou não) da vertente Industrial em prol de sonoridades com inspiração Blues como se pode perceber em faixas como ‘Boom-Boom-Boom’ ou ‘Shake Your Ass-Smoke Your Grass’, ou até uma toada pseudo Country versão Rob Zombie como no tema ‘18th Century Cannibals, Excitable Morlocks And A One-Way Ticket On The Ghost Train’. Dito isto tenho de destacar as fantásticas ‘The Triumph Of King Freak (A Crypt Of Preservation And Superstition)‘ e ‘Get Loose’, infelizmente a inequívoca qualidade destas faixas não serve como padrão no resto de ‘The Lunar Injection Kool Aid Eclipse Conspiracy’.

7/10

[Sample] 

The Crown - Royal Destroyer (2021)

São por vezes denominados como os “Vader Suecos”, falo dos The Crown a propósito do seu recente lançamento ‘Royal Destroyer’. Três anos depois de ‘Cobra Speed Venom’ os The Crown voltam então à acção com aquele que já o seu nono álbum de originais, ‘Royal Destroyer’ talvez seja mesmo o seu melhor trabalho desde os seus tempos áureos de ‘Crowned In Terror’ e ‘Possessed 13’. Uma demolidora sequência inicial assente em poderosos riffs de impuro e hostil Death Metal com ligeiros traços de Thrash bem raivoso e vertiginoso bem ao género dos seus fortes concorrentes polacos Vader contrastando com uma segunda metade mais melódica com pontuais alusões a um caseiro Gotheburg Metal versão At The Gates fazem de ‘Royal Destroyer’ um álbum de inequívoca qualidade conseguindo até liberta-se um pouco do cativeiro musical tão comum no Death Metal apresentado na actualidade. Um destaque particular para as faixas ‘Let The Hammering Begin!’, ‘Ultra Faust’ e ‘Beyond The Frail’, porventura as mais apelativas deste regresso em grande estilo do quinteto sueco. 

7.5/10

[Sample] 

domingo, 14 de março de 2021

Cherry (2021)

Saiu do anonimato quando encarnou o popular super-herói Spider-Man no mais recente e ridículo franchise do aracnídeo, mas foi no surpreendente e bizarro ‘The Devil All the Time’ que provou ter muito mais para oferecer em termos de interpretação, falo de Tom Holland pois ele é o protagonista de ‘Cherry’, o mais recente filme com distribuição a cargo da Apple. A história de ‘Cherry’ divide-se literalmente em cinco capítulos começado pelo romance Shakespeariano entre Cherry/Tom Holland e Emily/Ciara Bravo ainda na sua adolescência. O filme continua mostrando a vida de Cherry depois de se alistar no exército e posteriormente na sua missão na guerra do Iraque, no entanto depois de estar de volta aos braços da sua amada Emily, Cherry percebe que nada será como dantes pois a sua experiência militar provocou-lhe uma duradoura, destrutiva e penosa PTSD (Post-traumatic stress disorder), uma grave doença mental que o empurra para uma decadente espiral no mundo das drogas levando Emily com ele. ‘Cherry’ é um filme com uma pesada carga emotiva pois aborda sequencialmente dois assuntos bastante dramáticos, imaginem o que seria juntar ‘Brothers’ (curiosamente com “outro” Spider-Man como protagonista, mais precisamente Tobey Maguire) com ‘Requim For A Dream’. O principal destaque vai como é óbvio para a formidável e decisiva prestação de Holland no principal papel, no entanto a fantástica cinematografia de ‘Cherry’ tem também obrigatoriamente que ter o seu merecido destaque.        

7.5/10

[Trailer]