quinta-feira, 31 de março de 2022

Absent In Body - Plague God (2022)

Plague God’ é a estreia absoluta do supergrupo Absent In Body, composto pelo ultra activo Scott Kelly (Neurosis), Mathieu Vandekerckhove e Colin H. Van Eeckhout (Amenra) e o lendário baterista Igor Cavalera (Sepultura/Cavalera Conspiracy). Espectativas a um nível estratosférico para a primeira audição de ‘Plague God’, embora algumas superbandas não tenham feito jus ao seu estatuto esse parece não ser o caso dos Absent In Body. Se a dicotomia entre os quase indissociáveis Atmospheric Sludge Metal e Post-metal seria naturalmente espectável, a adição de outras “substâncias toxicas” tais como o Doom Metal e até uma espécie de hibrido entre Noise e Industrial ao composto final de ‘Plague God’, certamente que acabou por surpreender até os mais proféticos entendidos. ‘Plague God’ entrega-nos cinco temas unidos umbilicalmente por uma característica comum, uma impiedosa, desumana e mastodôntica parede de som onde sobressai o vigor e a brutalidade dos riffs aliada à assustadora e sobrenatural voz de Kelly. Um destaque especial para as sensacionais faixas que marcam o início e o final de ‘Plague God’, ‘Rise From Ruins’ e ‘The Half Rising Man’, respectivamente. 

7.5/10

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quarta-feira, 30 de março de 2022

Abbath - Dread Reaver (2022)

A cada três anos um novo álbum, tem sido esta a cadência escolhida por Abbath para o seu projecto pós Immortal. Depois de ‘Outstrider’ segue-se então ‘Dread Reaver’, e a grande diferença entre ‘Dread Reaver’ e os seus antecessores é evidente até na primeira audição, Abbath claramente relegou a sua eterna ligação ao Black Metal para segundo plano dando desta feita primazia ao Thrash e até ao Heavy Metal clássico. Esta abordagem está longe de ser novidade pois já nos longínquos anos 90 os Suecos Witchery a fizeram ou se preferirem um exemplo mais recente temos o projecto do lendário guitarrista dos Testament Eric Peterson intitulado Dragonlord. Claramente inspirado por bandas da chamado ‘first wave os Black Metal’ tais como Venom e Merciful Fate podemos dizer que Abbath teve o engenho e a mestria de cunhar estas influências num punhado de temas com qualidade acima da média. A grande fatalidade de ‘Dread Reaver’ é sem dúvida a sua produção, não se justifica uma produção com este nível de mediocridade em pleno 2022 além do mais numa banda que certamente dispõe dos meios financeiros que outras terão dificuldade em conseguir, mesmo que a intenção de Abbath tenha sido uma espécie de revivalismo das sonoridades do início dos anos 90 também através da produção, essa estratégia acabou por revelar-se bastante prejudicial na qualidade geral de ‘Dread Reaver’. 

7/10 

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terça-feira, 29 de março de 2022

Gloson - The Rift (2022)

O mês de Março fica também marcado pelo regresso dos Suecos Gloson com o seu segundo álbum ‘The Rift’. Depois de uma auspiciosa estreia em 2017 com ‘Grimen’ o quarteto Sueco volta a dar sinal de vida com este ‘The Rift’, um álbum arrojado sem ser pretensioso, que além de confirmar os Gloson como uma das bandas de referência no universo do Post-Metal posiciona-se desde já como uns dos melhores de 2022. Ao contrário do que podemos ouvir em ‘Grimen’ desta vez os Gloson deram primazia a uma tremenda e imponente infusão de Sludge Metal em detrimento do Doom Ambiental, ou seja um Post-Metal muito mais austero, corpulento e monolítico sempre aliando à sujidade e impetuosidade do Sludge. Dos seis temas que constituem ‘The Rift’ destacam-se em particular os quatro primeiros, uma pujante, dissonante e incomensurável onda de Sludge dispersa por quatro vagas, segue-se então a faixa ‘Cerberus IV (Exodus)‘, talvez o tema onde mais sobressai a dinâmica emocional da atmosfera do Post-Metal inteligentemente potenciada pelo assertivo uso de teclados. ‘The Rift’ espelha de maneira ébria a consistente e consciente evolução dos Gloson

8/10

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segunda-feira, 28 de março de 2022

Meshuggah - Immutable (2022)

À célebre pergunta: se uma banda deve arriscar “evoluir” as suas sonoridades ao longo da sua carreira ou deve manter-se fiel a uma fórmula vencedora? Há uma tendência para a maioria das respostas serem permanentes e imóveis, no entanto na minha opinião a chamada área cinzenta é óbvia, portanto a resposta mais acertada depende muito da situação específica. O caso dos lendários Suecos Meshuggah é um excelente exemplo disso mesmo, depois de uma fantástica evolução sonora onde um estranho e ultra técnico Thrash Metal agregado a uma exclusiva abordagem ao Progressivo modernizado com Djent deu origem ao chamado Math Metal, um subgénero de qual os Meshuggah podiam perfeitamente reclamar a patente tal não é o seu ímpar domínio da complexidade técnica do mesmo. Ora se os Meshuggah tiveram a capacidade para descobrir este próspero filão sonoro, que sentido faria agora mudar a sua vertente musical para algo diferente?! Coincidentemente ou nem por isso, o seu novo trabalho de originais tem precisamente o título de ‘Immutable’. Após uma longa espera de seis anos desde o extraordinário ‘The Violent Sleep Of Reason’ a banda está de volta com uma nova tremenda e sólida parede sonora pautada como é hábito pela superlativa solidez, os poliritmos hipnóticos e uma impetuosidade quase desumana. Um destaque para as faixas ‘Ligature Marks’, ‘I Am That Thirst’ e em particular para o sensacional single ‘Light The Shortening Fuse’. 

8/10

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domingo, 27 de março de 2022

Deathspell Omega - The Long Defeat (2022)

Foi de forma totalmente súbita e inesperada que os Franceses Deathspell Omega anunciaram o lançamento do seu oitavo álbum de originais ‘The Long Defeat’. Apesar de conciliarem o estatuo de mais importante banda de Black Metal fora da Escandinávia com o reconhecido mérito de terem desencadeado o vulcão adormecido do Black Metal Gaulês os Deathspell Omega continuam a cultivar de maneira meticulosa a sua aversão à publicidade optando pela sua favorita forma de promoção que mais não é do que uma espécie de anti promoção que lhe vai permitindo nunca sair do casulo de banda de culto independentemente do crescimento do seu estatuto. Três anos depois de ‘The Furnaces Of Palingenesia’ o trio Francês volta a atormentar-nos o sono com cinco novos dantescos pesadelos forjados na sua exclusiva e inimitável fornalha de Black Metal Avant-Garde. As grandes novidades de ‘The Long Defeat’ em relação aos seus antecessores são a inclusão de assertivos e focalizados solos reforçando ainda mais a sua versatilidade técnica e a incorporação de um ambiente onde a intimidade e a emoção conquistam o seu espaço dentro da tendência de austeridade e dissonância já habitual da banda. Um destaque especial para os formidáveis dois temas que encerram ‘The Long Defeat’, ‘Sie Sind Gerichtet!’ e ‘Our Life Is Your Death’. 

8/10 

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