Katatonia - Sky Void Of Stars (2023)

Numa altura em que celebram a simpática marca de trinta anos de carreira os lendários Suecos Katatonia estão de regresso com o seu décimo quarto álbum de originais ‘Sky Void Of Stars’. É talvez o prenúncio de uma excelente colheita musical em 2023, depois de uma fase menos exuberante seguida de outra em que aproximação ao Progressivo foi evidente os Katatonia estão de volta com um dos melhores álbuns da sua longa carreira e seguramente o melhor dos últimos tempos. ‘Sky Void Of Stars’ em vez de reorientar as sonoridades da banda num sentido regressivo projecta os Katatonia para a sua melhor versão, o seu Gothic Metal depressivo e melódico traçado com reminiscências de Progressivo está mais apurado e maduro que nunca. Riffs enérgicos e polidos estimulados por uma carga emocional assente na ímpar voz do emblemático Jonas Renkse impulsionam temas como ‘Colossal Shade’, ‘Author’, ‘Atrium’ ou ‘No Beacon To Illuminate Our Fall’ para potenciais futuros clássicos da banda. Outro factor que os Katatonia nunca descuram é a sua produção que mais uma vez roça o perfeito, o que é compreensível dado o peso que esta componente tem na sua qualidade musical. Um regresso em grande sem dúvida. 

8.5/10

[Sample] 

Cyberpunk: Edgerunners - Season 1 (2022)

A Netflix volta a apostar numa área em que de facto tem tido resultados interessantes, falo da série de anime ‘Cyberpunk: Edgerunners’. Inspirada pelo consagrado jogo ‘Cyberpunk’, ‘Cyberpunk: Edgerunners’ passe-se na ficcional cidade de Night City, regrada pelo crime e pela tecnologia onde as grandes corporações detêm todo o poder. Neste contexto e logo após a trágica morte da sua mãe, um desamparado e desorientado jovem (David Martinez) decide que o seu futuro passa por entrar numa espécie gangue com a função de Edgerunner (uma espécie de mercenário do crime tecnológico). Com muito gore e muita acção ‘Cyberpunk: Edgerunners’ é a verdadeira série de anime para adultos onde os limites para a crueldade sadismo se esbatem num mundo onde é comum e até aconselhável substituir-se partes do corpo por implantes tenológicos. Quem aprecia mundos distópicos e futuristas onde a acção está constantemente em evidência tem aqui uma série que certamente não o vai desiludir. 

7.5/10

[Sample]

Good Luck to You, Leo Grande (2022)

 Quando um filme tem como público-alvo viúvas em crise de meia-idade a tarefa de fazer uma review é simultaneamente desafiante e irrecusável. ‘Good Luck to You, Leo Grande’ uma das mais recentes propostas cinematográficas da Hulu pode ser enquadrado no domínio dos filmes minimalistas ou não fosse ele um filme quase por inteiro passado num quarto de Hotel, ora este género em particular tem a particularidade de concentrar o foco no actor ou atores principais, até porque normalmente são os únicos. Outro factor decisivo para o resultado final deste tipos de filmes é qualidade do diálogo e temos bons exemplos disso mesmo nos recentes ‘Locke’ ou ‘Buried’, pois bem ‘Good Luck to You, Leo Grande’ não se consegue distinguir em nenhum destes predicados, se nas interpretações a duplamente Oscarizada Emma Thompson ainda consegue sobressair na pele de Nancy Stokes, Daryl McCormack/Leo Grande pelo contrário vai tentando sem sucesso sincronizar as suas expressões com o contexto ao longo de todo o filme, no segmento do dialogo ‘Good Luck to You, Leo Grande’ é uma completa desilusão muito graças a uma interlocução aborrecida, repetitiva, redutora e altamente previsível.

5.5/10

The Menu (2022)

E se M. Night Shyamalan fizesse um filme sobre comida? Não, não é o caso porque ‘The Menu’ pode aparentar ser da sua autoria mas foi na realidade realizado pelo “desconhecido” Mark Mylod, um realizador que tem passado a maior parte da sua curta carreira ligado às séries, entre elas ‘Shameless’ e ‘Game Of Thrones’. A premissa de ‘The Menu’ tem tanto de insólito e de invulgar como de familiar por mais paradoxal que possa parecer, um jovem casal desloca-se a uma remota ilha apenas e só para experienciar um restaurante exquisite de comida gourmet dirigido pelo prestigiado e extravagante Chef Slowik/Ralph Fiennes, contudo este Chef tem planeado um menu cheio de surpresas que vão muito para além da simples apreciação de comida. De facto a ideia inicial de ‘The Menu’ abunda em criatividade e originalidade, uma espécie de hipérbole bastante assertiva sobre a arte da cozinha gourmet, todavia o filme transforma-se rapidamente duma disforme amálgama de decisões convenientes e anti natura feitas à medida para irem encaixando na progressão da história. Um destaque para o contraste entre as titubeantes e pouco entusiasmantes interpretações de Anya Taylor-Joy/Margot (ela que esteve formidável na pele de Beth Harmon na série ‘The Queen's Gambit’) e Nicholas Hoult/Tyler (talvez se lembrem dele como Hank McCoy/Beast em ‘X-Men: Days of Future Past’) e a esplendida prestação de Ralph Fiennes como Chef Slowik.

6.5/10 

Black Adam (2022)

Iniciamos 2023 com o foco apontado ao cinema começando por ‘Black Adam’, uma estirpe de ‘Shazam’ no formato de anti-herói e uma das últimas respostas da DC à chamada fase 4 da MCU. Só mesmo no cinema Norte-Americano é que seria viável um sujeito como Dwayne Johnson (a.k.a. The Rock) se transformar numa espécie de superstar dos blockbusters. À celebre frase “ele até não é mau actor” eu respondo com um “eu tenho muitas dificuldades em considera-lo como sendo um actor”, aliás ‘Black Adam’ até pode ser o filme ideal para se perceberem as diferenças entre um actor e um não-actor pois Dwayne Johnson contracena com Pierce Brosnan (esse sim um actor na verdadeira ascensão da palavra). Dito isto ‘Black Adam’ não é de todo um filme medíocre, aliás até fiquei um pouco surpreendido com as várias críticas negativas ao filme. “Ah e tal é só CGI”, “o filme não tem argumento nenhum” e “filmes de super-heróis já enjoam” além de não terem nada de construtivo são tão aplicáveis a ‘Black Adam’ como a dezenas de filmes dos últimos anos. Na minha opinião ‘Black Adam’ tem pontos muito positivos, desde logo a ideia de descartar por completo uma espécie de humor ridículo, fácil e infantil quase sempre presente neste tipo de filmes, a escolha do “não-actor” Dwayne Johnson como protagonista também se veio a revelar acertada pois o que se pedia era músculo, sentido de humor nulo e frases curtas. Uma última nota para a subtil ainda que não menos interessante abordagem aos temas da escravidão e da opressão, oferecendo uma densidade pouco habitual neste género de filmes. 

6.5/10