quarta-feira, 11 de março de 2020

Game of Thrones (Season 1 - Season 8) (2011-2019)


E em jeito de comemoração do post número 500 do Espelho Distópico decidi escolher uma review muito especial, voltando ao separador das séries vou falar de Game of Thrones. Game of Thrones foi não só a série com a mais cara produção de sempre como provavelmente a série que mais hype gerou, e vai ser também um verdadeiro desafio tal não é a complexidade da sua história. Baseada na obra de George R. R. MartinA Song of Ice and Fire’ composta por sete títulos dos quais dois ainda não foram publicados (abordarei esse assunto mais à frente), Game of Thrones é composta por 8 seasons que para efeitos da review irei dividir em 3 partes.
Game of Thrones pode ser descrita como uma série épica onde a fantasia também tem uma generosa contribuição. No continente de Westeros temos a norte a chamada muralha (The Wall), uma gigantesca “parede” que separa o mundo inóspito e terrivelmente gélido vulgarmente conhecido como terra de ninguém habitado pelos Wildlings (um povo nómada e selvagem sem crenças nem fidelidades). A muralha é copiosamente vigiada pela Night’s Watch, uma espécie de patrulha de segurança composta por criminosos excomungados que aqui permanecem em jeito de pena penal. Um pouco a Sul encontra-se Winterfell, reino de uma das famílias mais importantes da Série, os Stark. Composta por Ned (o patriarca), Catelyn (a sua mulher) e os seus filhos (Robb, Sansa, Arya, Brann e Rickon), Winterfell é também o lar de Jon Snow o filho bastardo de Ned Stark, de crucial importância na série. A uma grande distância para Sul fica King’s Landing e como o próprio nome indica é cidade onde vive o Rei de Westeros, uma espécie de Capital dominada pela família Lannister. Embora a série comece com Robert Baratheon na cobiçada ‘cadeira de ferro’ isso rapidamente muda. Robert é portando casado com a rainha Cersei Lannister, progenitores de Joffrey, Tommen e Myrcella (que vive fora de King’s Landing), Cersei é também irmã de Jaime Lannister (kingslayer) e Tyrion Lannister (o anão) e filha de Tywin Lannister. Noutro continente (Essos) aparece outra personagem chave para a série, Daenerys Targaryen, uma das poucas sobreviventes da família Targaryen, uma nobre família que já esteve no poder mas caiu em desgraça, mas que no entanto continua com o direito real de poder voltar a ascender ao trono, além de Daenerys apenas o seu irmão Viserys perdurou.  

Seasons 1 e 2

Seria quase impossível fazer um resumo de todas as temporadas de Game of Thrones não só pela multiplicidade de histórias paralelas mas também pela inevitabilidade de desvendar importantes “spoilers”. As duas primeiras seasons são na minha opinião as mais interessantes, saltando à vista a invulgar e imediata capacidade de captar a atenção dos espectadores. Logo na primeira season Ned Stark é convidado a ser “hand of the king” (uma espécie de braço direito do rei) indo desta forma para king’s Landing e levando com ele as suas duas filhas, enquanto na night’s watch começam a correr rumores da volta de um ancestral e temível inimigo, os White Walkers (uma espécie de exercito de mortos vivos sem alma nem piedade). No continente de Essos, Daenerys começa a sua ascensão e transformação numa personagem incontornável. Já depois da morte do rei Robert a season 1 termina ainda com outra trágica e importante perda.
Na season 2 começa o conflito vulgarmente conhecido como “War of the five kings” pois com a “vaga” aberta no trono prontamente reclamada pelos Lannister e ocupada pelo desprezível Joffrey, outras 4 personagens reclamaram a legitimidade de Joffrey e o seu direito à tão cobiçada cadeira. Robb Stark, Stannis Baratheon, Renly Baratheon (ambos irmãos do falecido Robert) e Balon Greyjoy (Senhor das Iron Isles). A primeira batalha passa-se às portas de king’s Landing (Batlle of The black Water Bay) e tem um desfecho verdadeiramente surpreendente. Por esta altura muitas outras personagens já se tinham revelado como bastante importantes em Game of Thrones, tais como Brienne of Tarth (uma temerária e integra cavaleira que inicialmente está ao serviço de Renly Baratheon mas acaba por fazer uma inquebrável promessa a Catelyn Stark), Theon Greyjoy (o mal amado filho de Balon), Lorde Varys (um conselheiro do rei que se destaca pela sua inteligência e pela sua destreza a saber as notícias antecipadamente), Petyr "Littlefinger" Baelish (outro conselheiro do rei especialista na mentira, na traição e nos jogos de poder), Sir Davos Seaworth (um ex-ladrão que se torna o braço direito de Stannis Baratheon), Sir Jorah Mormont (o irredutível protector de Daenerys), Gregor Clegane “The hound” (talvez o mais eficaz, impiedoso e letal mercenário de King’s Landing) e o seu irmão Gregor Clegane "The Mountain" (um bárbaro e feroz semi-gigante que actua ao serviço dos Lannister) entre muitos outros. 

Seasons 3, 4 e 5

Nesta altura Game of Thrones centra-se em simultâneo no desenrolar da complexa história e na evolução quer nos já referidos personagens, quer em outros que foram entretanto aparecendo. Para isso são constantemente abordadas as quatro principais zonas de acção (The Wall, Winterfell, king’s Landing e Essos). A norte do The Wall Jon Snow passa por um turbilhão de aventuras desde confrontos com os Wildlings, uma fervorosa paixão, ver-se forçado a aliar-se aos Wildlings, enfrentar os assustadores White Walkers e ter o primeiro vislumbre do seu tenebroso líder (Night King) até que, de volta ao The Wall, é eleito o comandante da Night’s Watch apenas para ser posteriormente traído pelos seus pares. O Reino de Winterfell ficou bastante desprotegido devido à dispersão da família Stark, com Sansa retida em King’s Landing, Arya numa épica jornada de volta a casa e Robb comandando as suas tropas para Sul. Entretanto um novo e altamente asqueroso inimigo dos Stark surge, Ramsey Bolton, um ser desprezível que captura e tortura Theon Greyjoy a seu belo prazer preparando o seu ataque a Winterfell. Em king’s Landing depois do domínio quase total do poder a família Lannister vai perdendo elementos de maneira algo preocupante levando a um isolamento da pérfida Cersei que aparentemente está a pagar de forma karmica todo o sofrimento que já provocou. Em Essos Daenerys traça a sua longa rota até king’s Landing, uma jornada que a vai fortificando e enaltecendo com pretendente ao trono, contando para isso já com um impressionante exercito, três dragões ao seu comando e o surpreendente apoio de Tyrion Lannister e Lorde Varys que em jeito de desertores da causa dos Lannister se juntam a Daenerys. Embora não com a mesma qualidade, nestas 3 seasons Game of Thrones continua a cativar os seus seguidores, a minha crítica vai para as longas esperas até acontecer algo de significativo, destaco no entanto as emblemáticas evoluções em várias personagens chave.  

Season 6, 7 e 8

É a partir da season 6 que os criadores da série começam a escrever “às cegas” pois o seu suporte literário só existe até este ponto da história. Para quem acompanhou Game of Thrones desde o seu inicio este factor torna-se demasiado evidente nestas três ultimas seasons ainda que mais acentuadamente mais perto do final. Três eventos icónicos acontecem na season 6, a importante e espectacular batalha intitulada “Battle of the bastards” opondo Jon Snow a Ramsey Bolton estando em jogo o controlo de Winterfell, e o orgulhoso titulo de “king in the North”, a jogada de alto risco de Cersei que apesar de lhe devolver o todo o poder da “cadeira de Ferro” isso é às custas de um terrível sacrifício, e a vasta e poderosa aliança anti-Lannister que se gera na parte final da season 6.
Na season 7 é finalmente dada a mais que merecida atenção à mais séria e temível ameaça de todos os aspirantes ao trono de Westeros, os White Walkers comandados pelo maquiavélico Night King, é mais ou menos por esta altura que muitas personagens de revelo se começam a aperceber que esta ameaça deve ser a prioridade e que impensáveis alianças tem de ser formadas em prol da sobrevivência.
A Season 8 e ultima é a season de todas as decisões, e tendo em conta que, qualquer coisa que pudesse desvendar teria de ser às custas de bastantes spoilers, apenas vou destacar a épica batalha “Battle of the long night” onde todos se unem contra o mais perigoso dos inimigos (White Walkers) e o derradeiro confronto entre as forças de Daenerys e as defesas de king’s Landing ainda ao serviço da resiliente Cersei.
A última Season de Game of Thrones gerou uma verdadeira revolta generalizada no seio dos fiéis fãs da série no entanto na minha opinião o problema é um pouco anterior e não pode nunca estar dissociado da falta de suporte literário com que os produtores tiveram que lidar. De repente parece que faltava resolver quase tudo e tantas eram as pontas soltas que a precipitação em prol da rapidez de finalizar a história deitou tudo a perder. A fase final de Game of Thrones pode muito bem ser caracterizada pela clara e evidente mudança de foco. Se até esta altura sempre tinha sido claro que o foco eram as personagens a partir daqui ele passou manifestamente a ser a espectacularidade da acção deixando a nu falhas graves, uma espécie de “traição” aos assíduos fãs da série. Peço desde já desculpa pelo invulgar tamanho do post e pelas várias personagens a quem dei pouco ou nenhum destaque, tentei ainda assim resumir o máximo possível e evitar spoilers a todo o custo. 

7.5/10

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