segunda-feira, 22 de junho de 2020

Lamb Of God - Lamb Of God (2020)


Sem dúvida uma das reviews mais apetecíveis do ano, não só pela demorada espera mas também pela jogada de alto risco de atribuir um título homónimo ao seu oitavo álbum, falo pois claro dos Norte-Americanos Lamb Of God e do seu novíssimo trabalho com o mesmo nome. Além de serem dos maiores responsáveis pela concepção do chamado Groove Thrash Metal ou Thrash Metal moderno os Lamb Of God são também a par dos Mastodon irrefutavelmente uma das duas grandes bandas Norte-Americanas de Metal do séc. XXI consolidando isso com o grande lugar de destaque na última e ultra prolongada tour de despedida dos lendários Slayer. Com todo este background a pressão era gigantesca sobre este ‘Lamb Of God’, mas ao contrário do que é habitual noutras bandas os Lamb Of God conseguiram produzir um álbum de elevadíssima qualidade, talvez mesmo o seu melhor álbum desde ‘Sacrament’ e uns furos acima do seu ultimo ‘VII: Sturm Und Drang’. A precoce saída de um dos seus fundadores (Chris Adler) levantou várias dúvidas sobre como iria soar ‘Lamb Of God’, no entanto a banda conseguiu não só estar ao nível das expectativas como até superá-las, ‘Lamb Of God’ é sólido, consistente, tecnicamente intratável, poderoso e inacreditavelmente viciante. O agridoce Groove intercalado com rajadas de velozes e enérgicos riffs fazem de faixas como ‘Memento Mori’, ‘Checkmate’, ‘New Colossal Hate’ ou ‘Resurrection Man’  verdadeiros “clássicos instantâneos”. Destaque para as excelentes e apropriadas participações de Jamey Jansta (Hatebreed) em ‘Poison Dream’ e Chuck Billy (Testament) na fantástica ‘Routes’. 

9/10

The Lighthouse (2019)


É verdade que o cinema está “on hold” devido à pandemia no entanto ‘The Lighthouse’ foi um dos últimos filmes que vi e justifica em pleno uma review. ‘The Lighthouse’ conta a história de 2 homens destacados para trabalhar num farol, completamente isolados do resto do mundo algures no final do séc. XVIII na costa de New England. O tempo vai-se passando enquanto o isolamento vai perversamente tomando conta dos dois faroleiros, tornando-se um verdadeiro e demente pesadelo onde as alucinações e o alcoolismo vão sendo cada vez mais habituais. O filme passa-se num ambiente exacerbadamente austero e inóspito e contém mesmo alguns traços de cinema Noir, a cinematografia é irrepreensível tal como as interpretações dos dois únicos e solitários protagonistas Thomas Howard / Robert Pattinson e Thomas Wake / Willem Dafoe. ‘The Lighthouse’ é em definitivo um filme pesado e claustrofóbico que explora exaustivamente as consequências mais extremas do isolamento prolongado…bem a propósito. 

7/10

Strange Days (1995)


Quem apreciou ‘Total Recall’ (1990) ou a série ‘Altered Carbon’ certamente não ficará desapontado com ‘Strange Days’. ‘Strange Days’ contem uma equilibrada mistura entre o Sci-Fi com o Cyberpunk Noir, encadeada num apetitoso argumento elaborado pelo incontornável James Cameron. A história do filme é baseada num traficante de memórias (Ralph Fiennes / Lenny Nero) que se vê envolvido num indecifrável crime, e que devido à sua “ocupação” tendencialmente ilegal o impossibilitar de contar com as autoridades, não lhe restar outra alternativa senão tentar desvendar o mesmo por iniciativa própria. ‘Strange Days’ conta não só com um irreconhecível Ralph Fiennes como protagonista como com a atraente Juliette Lewis como actriz secundária e a realização de Kathryn Bigelow que viria anos mais tarde a ser a primeira mulher a conquistar o Óscar de melhor realização com o fantástico ‘The Hurt Locker‘. Uma generosa dose de twists e imprevisibilidade fazem de ‘Strange Days’ um filme a não perder. 

7/10

domingo, 14 de junho de 2020

December Wolves - Blasterpiece Theatre (2002)


Boston, Massachusetts não será com certeza o primeiro sítio em que se pensa quando se fala de Black Metal, é ainda assim a terra natal dos December Wolves, uma banda que iniciou a sua carreira em 1994 partindo de um Black Metal em estado mais puro mas que acabaria por lançar em 2002 a sua bizarra “masterpiece” de seu nome ‘Blasterpiece Theatre’. ‘Blasterpiece Theatre’ é daqueles álbuns que se conseguem fazer uma vez na vida e tendo em conta a curta carreira da banda é de facto um feito assinalável, ‘Blasterpiece Theatre’ transpõe-nos para um Black Metal ao mesmo tempo Industrial e Experimental macabro, psicótico e dilacerante que em momento algum diminui a intensidade. São notórias as semelhanças com o Black Metal revolucionário dos Dodheimsgard ou dos Thorns não só pelos elementos de Industrial como também pelo ambiente caótico e esquizofrénico, tal como com os Franceses Spektr muito granças à generosa dose de experimentalismo do álbum. Destaco ‘Kolobos’ e ‘Public Aquarian Freebase’ como os melhores exemplos desta distorcida viagem ao inferno onde a evidente abundância de originalidade e talento realça os December Wolves como uma banda bem à frente do seu tempo. 

8.5/10 

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Modulate - Detonation (2008)


Modulate é o projecto musical de estúdio do DJ Geoff Lee oriundo de Manchester (Inglaterra), apesar da sua grande aposta passar essencialmente por remixes de outras bandas como Die Krupps, SAM, God Module ou Suicide Commando só para citar alguns, em 2007 sobre a sigla Modulate saiu o EP de estreia intitulado ‘Skullfuck’, no entanto a minha atenção vai-se centrar sobre o seu único álbum de originas até ao momento ‘Detonation’ lançado em 2008. ‘Detonation’ explanada em toda a plenitude as influências de Lee que vão desde o Power Noise, Techno, Hard-Dance, Dark EBM até ao Industrial. É por demais evidente a variedade de sonoridades entre as faixas de ‘Detonation’, se por exemplo é notório o Techno Industrial versão Combichrist em ‘Tweekin N Funkin’ ou o Power Noise de uns SAM em ‘Bass Alert’ ou mesmo o Aggrotech de God Module em ‘Skullfuck’ o que dizer da cover de ‘No Good’ dos The Prodigy. ‘Detonation’ é na sua essência uma compilação de excelência no espectro da música Electrónica

7.5/10

End - Splinters From An Ever-Changing Face (2020)


Depois da sua estreia absoluta em 2017 com o seu EP ‘From the Unforgiving Arms of God’ os End acabam agora de lançar o seu primeiro trabalho de longa duração ‘Splinters From An Ever-Changing Face’. Os End são uma espécie de supergrupo contanto com membros de Counterparts, Fit For An Autopsy, Misery Signals e The Dillinger Escape Plan o que quase só por si deixa uma latente curiosidade acerca do seu som, sendo verdade que nem todos os supergrupos têm uma inerente qualidade os End são muito mais do que a soma dos seus membros. ‘Splinters From An Ever-Changing Face’ é um verdadeiro rolo compressor de aguda raiva acumulada, técnica, solidez e peso. Desde a inicial ‘Cover Not’ passado pela dilacerante ‘Pariah’ até a final ‘Sands of Sleep’ os End demostram como o seu visceral ódio explode numa ultra pesada dicotomia entre moderno Hardcore e Metalcore deixando um impressionante rasto de destruição a cada audição. ‘Splinters From An Ever-Changing Face’ consegue em apenas 34 minutos aglutinar um impressionante concentrado de fúria, violência e destreza qual soco no estomago. ‘Splinters From An Ever-Changing Face’ vai com certeza ter o seu merecido lugar nas fileiras dos melhores álbuns deste ano. 

8.5/10