sábado, 30 de janeiro de 2021

The White Tiger (2021)

É um dos primeiros filmes de 2021, falo da nova proposta da NetflixThe White Tiger’. ‘The White Tiger’ não é mais do que uma interessante e realística visão da India actual contando para isso com um sólido e desconcertante argumento. O filme conta-nos a história pessoal de Balram/Adarsh Gourav desde a sua infância numa pequena localidade da India onde miséria e a pobreza reinam, no entanto numa mistura de sorte, persistência, ambição e humildade extrema Balram consegue arranjar um trabalho como motorista de uma das mais poderosas famílias da India e todo um novo mundo se abre para ele. De alguma forma ‘The White Tiger’ recupera um tema já abordado na primeira metade do surpreendente e conceituado ‘Parasite’, a perpetuação das diferenças entre ricos e pobres e como no mundo actual continua a haver uma barreira praticamente intransponível entre classes. ‘The White Tiger’ explora também de maneira bastante inquietante até que posto se pode singrar na vida sem por em causa a ética e a integridade. Com uma fantástica cinematografia e uma adequada realização ‘The White Tiger’ apresenta-se como a primeira boa sugestão cinematográfica do ano.

7/10

[Trailer] 

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Synchronic (2020)

Foi um dos poucos filmes que que saiu no final de 2020, falo de ‘Synchronic’. A história de ‘Synchronic’ assenta numa ideia simples mas prometedora, uma dupla de jovens paramédicos do turno da noite (numa evidente inspiração no extraordinário filme de 1999 ‘Bringing Out the Dead’ com Nicholas Cage) começam a encontrar várias vítimas em situações algo macabras e todas elas partilham um factor comum, o uso de uma desconhecida e perigosa droga. Após a dramática descoberta de um cancro possivelmente fatal um dos protagonistas começa também ele a usar essa inovadora droga e apercebe-se que o seu uso possibilita literalmente viajar para o passado. Apesar de aparentar ser um filme bastante promissor ‘Synchronic’ acaba no entanto por se revelar uma enorme desilusão, parece-me a mim que o realizador e argumentista Justin Benson (conhecido anteriormente por ser o criador de ‘The Endless’) foi evidentemente pretensioso e o que poderia até ser uma concepção inicial interessante acabou por ser revelar um desastre. ‘Synchronic’ afunda-se rapidamente em personagens mal concebidas e com medíocres interpretações, uma variante dramática completamente cliché e forçada e gritantes falhas de racionalidade e coerência ao longo do argumento, ou se preferirem, mais uma página do moribundo cinema Norte-Americano. 

5/10

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Bölzer - Hero (2016)

Os seus três EP’s já tiveram o merecido destaque aqui no blog no entanto o seu único álbum de originais incompreensivelmente ainda não, no entanto o “erro” vai agora ser rectificado. Falo dos Suíços Bölzer e do seu álbum de estreia ‘Hero’ situado entre os EP’s ‘Soma’ e ‘Lese Majesty’. Com a sua incomum e original abordagem ao tão saturado hibrido de Black com Death Metal os Bölzer transportam-nos mais uma vez com ‘Hero’ para uma peregrinação espiritual por entre misticismo e mitologia suportada por enérgicos e primitivos riffs, poderosas e infames sequências de blasbeats e atípicas vocalizações. Além da sua inventiva composição ‘Hero’ destaca-se também por um equilíbrio da sua produção onde a sujidade das guitarras contrastam com uma perfeita atmosfera dissonante com inspirações de Doom Metal e até de Post-Metal. As faixas ‘Chlorophyllia’, ‘Spiritual Athleticism’ e o tema título ‘Hero’ merecem sem dúvida uma pequena distinção individual. Apesar de ainda permanecerem um pouco na obscuridade, os Bölzer são sem dúvida uma banda que tem muito para oferecer no espectro da música mais pesada nos próximos tempos. 

7.5/10

[Sample] 

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Hannibal - Season 1 (2013, Season 2 (2014), Season 3 (2015)

E já foi há 30 anos que um magistral Anthony Hopkins imortalizou a personagem de Dr. Hannibal Lecter em ‘The Silence of the Lambs’ numa interpretação que viria a ser considerada das melhores de sempre na história do cinema, 10 anos mais tarde Dr. Hannibal Lecter voltaria ao grande ecrã em ‘Hannibal’ e consequentemente em ‘Red Dragon’, que no entanto cronologicamente até é a primeira história, toda a trilogia é adaptada a partir dos romances de Thomas Harris com o mesmo nome. Mais de uma década depois e também inspirada na obra de Harris, Hannibal é mais uma vez “desenterrado” mas desta vez em formato de série. ‘Hannibal’ é uma nova e refrescante abordagem à personalidade do icónico Dr. Hannibal Lecter, a série passada em três temporadas centra-se essencialmente na cáustica, bipolar e intensa relação entre Dr. Hannibal e Will Graham, Will que tinha anteriormente aparecido no já referido filme ‘Red Dragon’ e que é desta feita interpretado por Hugh Dancy, é um jovem e brilhante profiler que é convencido a trabalhar para o FBI por Jack Crawford/Laurence Fishburn como uma espécie de consultor externo, Will tem a particularidade de sentir empatia pelos assassinos conseguido mesmo recriar os crimes do seu ponto de vista tornando-se assim numa peça essencial para Jack Crawford. Seria praticamente impossível alguém superar Hopkins como Hannibal e a difícil escolha acabou então por recair em Mads Mikkelsen, escolha essa que se veio a comprovar bastante acertada pois Mikkelsen consegue fazer passar a frieza e inteligência do famoso psiquiatra/serial killer/canibal com grande mestria. ‘Hannibal’ oferece-nos uma perspectiva ímpar, não só sobre as mentes dos dois principais personagens como sobre outros dementes e desequilibrados assassinos, contando para isso com a preciosa ajuda de um ambiente incessantemente sóbrio, pesado, soturno, requintado e artístico em simbiose com uma extraordinária cinematografia e efeitos visuais de excelência. Deixo uma pequena observação acerca do argumento pois se nas duas primeiras temporadas nota-se a excelência na sua elaboração, já na terceira e ultima Season esse mesmo argumento parece ter sido apressado e demasiado concentrado. Em jeito de conclusão ‘Hannibal’ é uma série de culto imperdível com uma harmoniosa mistura de novidade e nostalgia focado num gradual e cativante embate entre duas mentes brilhantes confrontando constantemente o espectador com os aspectos mais sórdidos da natureza humana. 

9/10

[Trailer 1] [Trailer 2] [Trailer 3] 

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Doom Patrol - Season 2 (2020)

Jane, Rita Farr, Cyborg, Larry Trainor, Cliff Steele e Niles Caulder (The Chief), é esta a nossa Doom Patrol que depois de uma bem-sucedida Season 1 voltou em 2020 para a segunda dose. ‘Doom Patrol’ regressa então para uma segunda série apenas um ano depois da aclamada primeira série. A Season 2 de ‘Doom Patrol’ centra-se maioritariamente numa nova personagem (Dorothy Spinner) a filha perdida de Niles Caulder mantida em absoluto segredo em virtude dos seus imensos e ameaçadores poderes. Se é verdade que a criatividade da série em combinação com a continuidade da evolução das nossas já conhecidas personagens permanece a bom nível nesta Season 2 não deixa de ser também verdade que nos primeiros episódios a história vai-se desenvolvendo a um ritmo muito baixo mantendo a intriga num nível de pouco interesse, nível esse que no entanto vai progressivamente aumentando com o aproximar no final de série. Os três últimos episódios da série são definitivamente os melhores talvez em jeito de compensação por essa fase inicial mais titubeante. Destaco pela negativa a ausência do magistral e enigmático Mr. Nobody nesta Season 2, e espero sinceramente que regresse na ainda não confirmada Season 3.

7/10

[Trailer]