É uma das séries mais
emblemáticas dos últimos anos, falo de ‘Fargo’
que começou em 2014 e já vai na quarta temporada que foi emitida precisamente
este ano. ‘Fargo’ transporta-nos
para uns Estados Unidos do interior onde inacreditáveis sequências de insólitos
acontecimentos tem lugar deixando os espectadores ainda mais perplexos quando
percebem que ainda para mais são baseados em factos verídicos.
Embora a cidade de Fargo propiamente dita se situe na
fronteira entre os estados do North
Dakota e Minnesota a maioria dos
acontecimentos da três primeiras séries ocorrem mesmo em Minnesota. Na primeira série as peripécias passam-se essencialmente
na pequena terreola de Bemidji e
começam quando um exímio assassino contratado Lorne Malvo/Billy Bob
Thornton é obrigado a interromper a sua viagem devido a um incidente de
viação com um veado, posteriormente e completamente por acaso tem um breve
encontro com Lester Nygaard/Martin Freeman um modesto e covarde
vendedor de seguros que é constantemente humilhado pela sua esposa, este casual
encontro no hospital entre os dois despoleta uma verdadeira torrente de homicídios
nunca vista em Bemidji para a qual a
polícia local não está de todo preparada com a excepção da uma sagaz,
inteligente, perseverante e ambiciosa detective local (Molly Solverson/Allison
Tolman). Esta primeira Season é na
minha opinião a melhor das quatro, não só pelo brilhante argumento, pela excelência
da produção dos emblemáticos irmãos Coen,
que já tinham sido responsáveis pelo formidável filme de 1996 do mesmo nome que
até tem uma interessante ligação a esta primeira série, mas também e essencialmente
pela fabulosa interpretação de Billy Bob
Thornton na pele de Malvo provavelmente
a melhor representação de um papel que eu já vi numa série.
A Season 2 de ‘Fargo’
remonta a 1979 e conta a história do famoso ‘massacre de Sioux Falls’. Lou
Solverson/Patrick Wilson o pai
de Molly Solverson que aparece na Season 1 já reformado era nesta altura
um polícia da ‘Minnesota State Patrol’
que se vê em mãos com um triplo homicídio supostamente cometido por Rye Gerhardt, um dos membros da todo-poderosa
família Gerhardt, uma família que
domina a criminalidade local, porém quase imediatamente aos homicídios Rye é atropelado por Peggy Blumquist/Kirsten Dunst que juntamente com o marido Ed/Jesse Plemons numa
pouco consistente tentativa de encobrir o sucedido acabam por se posicionar no
meio de uma sangrenta guerra pelo controle do crime na região entre a já
referida intrépida família Gerhardt
e a ‘máfia’ de Fargo liderada no
terreno pelo sereno mas mortífero Mike
Milligan/Bokeem Woodbine. A Season 2 de ‘Fargo’ prolonga o mesmo estilo da primeira dando enfâse ao argumento,
ao ambiente onde o esporádico humor negro atenua o drama e violência dos
acontecimentos, e especialmente à excelência das interpretações com destaque
para Dunst e Wilson mas onde não posso deixar de mencionar Nick Offerman (que foi recentemente o protagonista da série ‘Devs’) no fantástico papel de Karl Weathers, um pseudo advogado que
se perde constantemente em divagações politicas em virtude do seu “calculado” abuso
do álcool.
A Season 3 de ‘Fargo’ passa-se
em 2011 entre as cidades de St. Cloud,
Eden Valley, e Eden Prairie todas pertencentes ao estado do Minnesota e gira em torno da eterna quezília entre os irmãos Stussy ambos interpretados com mestria
por Ewan McGregor, Emmit um empresário de sucesso intitulado
pela comunidade local como ‘o rei do
estacionamento de Minnesota’ e Ray
um falhado agente de liberdade condicional que se apaixona por Nikki Swango/Mary Elizabeth Winstead uma delinquente manipuladora. Além da
constante hostilidade com o seu irmão Ray,
Emmit depara-se em simultâneo com
uma parceria não desejada com um tal de V.
M. Varga/David Thewlis, um corrupto
e intrépido empresário Britânico, consequência directa de um preexistente empréstimo
feito pela sua empresa quando esta passava por uma altura mais difícil. Um
bizarro homicídio protagonizado do por um dos condenados a cargo de Ray com a particularidade de a vítima
também ter o sobrenome Stussy dá o
mote para o desenrolar do enredo da série. Destaque para a sublime prestação de
David Thewlis na pele de V. M. Varga e para a subtil ligação com
a Season 1 através de Mr. Wrench, um criminoso com a
particularidade de ser surdo que foi enviado pela organização criminosa de Fargo juntamente com Mr. Numbers para confrontar Lorne Malvo nessa mesma temporada, aparece
agora novamente, numa altura mais avançada da temporada 3 onde se junta a Nikki
Swango enquanto ambos estão a ser transportados para uma prisão estadual.
Para finalizar e porque o post já
vai longo temos a temporada mais recente (Season
4) de ‘Fargo’ e embora seja a
mais recente cronologicamente até é a mais antiga pois passa-se 1950 desta vez
em Kansas City em vez de Minnesota. A Série começa com uma breve
introdução da evolução das associações criminosas até aos anos 50 naquela
região culimando com o despique entre duas, a facção dos italianos e a facção
dos Afro-americanos, a tradição vigente na altura para manter uma espécie de
acordo de paz era trocar os filhos mais novos de ambos os chefes entre as facções
e mais uma vez isso foi feito, no entanto e como vai sendo hábito no ambiente
de ‘Fargo’ mais uma vez uma devido a
uma série de acontecimentos altamente improváveis essa paz tem um final abrupto
fazendo vir à tona não só a guerra aberta entre as duas facções como também a
corrupção policial existente. Destaque não só para Josto Fadda/Jason
Schwartzman e Loy Cannon/Chris Rock como os dois respectivos
chefes, como também para Oraetta
Mayflower/Jessie Buckley uma invulgar
enfermeira psicopata, Odis Weff/Jack Huston o covarde policia com inúmeros
tiques nervosos, Gaetano Fadda/Salvatore Esposito o rude, violento e
impaciente irmão de Josto e o Marshal Dick “Deafy” Wickware/ Timothy Olyphant todos com extraordinárias
interpretações. Uma nota final para a ligação com a Season 2 pois Satchel Cannon
(o filho mais novo de Loy) viria anos
mais tarde a torna-se, nada mais, nada menos do que Mike Milligan.
Para concluir, ‘Fargo’ tem mantido ao longo das quarto
séries um invejável nível de qualidade assente em argumentos sólidos e consistentes
e magnificas personagens, justificando e de que maneira o prestigio que lhe tem
sido dado e afirmando-se desde logo como sendo uma das melhores séries já produzidas.
9/10
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