sábado, 2 de março de 2019

Bohemian Rhapsody (2018)


Começo a critica este filme com uma declaração de interesses, pois apesar dos Queen serem sem dúvida uma banda emblemática da minha geração e de um talento incontornável, não são de todo uma banda que eu aprecie, estão mesmo muito longe disso. Como já se percebeu falo de Bohemian Rhapsody o mais recente filme de Bryan Singer acerca do insubstituível vocalista dos Queen (Freddie Mercury). O sucesso de um filme biográfico sobre uma figura deste calibre esta completamente refém do actor que o interpreta que neste caso foi o jovem actor Rami Malek, já conhecido do grande público por ser o protagonista da brilhante série Mr. Robot. Rami Malek faz sem dúvida um papel de altíssimo nível (valendo-lhe mesmo o Óscar de melhor actor principal) a mostrar que foi uma aposta ganha pois interpretar Freddie Mercury tem tanto de aliciante como de difícil. Parece-me a mim que apesar de arriscada, foi uma excelente decisão não transformar Bohemian Rhapsody num musical, mantendo assim o filme num estilo que apresenta mais profundidade credibilidade. Bohemian Rhapsody tem também o mérito de nunca descurando as especificidades de Mercury, manter o foco nos Queen e na sua evolução enquanto banda. Um filme vibrante e documental em simultâneo. 

7.5/10

Vice (2018)


Após uma prolongada ausência, estamos de volta à crítica e em plena ressaca da noite da entrega dos Óscares impõe-se um “review” cinematográfico. O filme em questão é Vice, um filme biográfico sobre uma figura de uma influência incontornável, o controverso Dick Cheney, considerado pelos entendidos como o mais poderoso vice-presidente Norte-Americano de sempre. Cheney é sensacionalmente interpretado por um quase irreconhecível Christian Bale que dá aqui mais uma vez uma prova irrefutável da sua extrema versatilidade, mas não é só Bale que faz a diferença, aliás todo o elenco é de luxo (Amy Adams, Steve Carell, Sam Rockwell) e todos apresentam interpretações de elevado nível. Para quem viu o brilhante The Big Short vai por certo notar semelhanças no estilo, o que não será de estranhar pois falamos do mesmo argumentista e realizador Adam McKay. Vice tem uma dinâmica muito característica onde o foco é a capacidade de Cheney para ascender na vida política em vez dos já enfadonhos dramas pessoais. Vice tem ainda uma ligeira dose de humor provocador e direccionado exclusivamente para o espectador. Um filme entusiasmante e revelador e dos mais consistentes do ano a meu ver.  

8/10

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

First Man (2018)


O nome por si só já é bastante revelador, First Man é um filme biográfico precisamente sobre o primeiro homem a pisar o solo lunar, o sobejamente conhecido astronauta Neil Armstrong. Foi com bastante apreensão que vi o filme pois se é verdade que falamos de um evento histórico de uma singular importância, não é menos verdade que é difícil imaginar como seria possível transformar esse acontecimento num filme fora do espectro documentário, posso dizer agora A posteriori que toda essa minha apreensão fazia sentido. First Man refaz a aliança Chazelle/Gosling já experienciada com sucesso em La La Land e se o filme em termos de produção, realização e cinematografia roça a perfeição, falha redondamente em todos os outros parâmetros. Tal como eu previa o astronauta Neil Armstrong não teve uma vida assim tão fascinante que justifica-se um filme sobre ela, sendo desde modo quase inevitável o contínuo tédio que se sente na maior parte do filme. Além de um aborrecimento generalizado a abrangente que está na essência do filme, este ainda é complementado com as intermináveis sequências onde o diálogo é inexistente a por a nu a impressionante falta de carisma das personagens. Desta vez nem Ryan Gosling faz um interpretação minimamente convincente e começa a criar um tendência preocupante que esta destinado irremediavelmente apenas a papeis minimalistas. 

6/10

Heavy Trip (2018)


Um filme completamente fora da caixa sem dúvida, falo de Heavy Trip, uma comédia finlandesa sobre imagine-se…uma banda de Death Metal. Sendo um género musical que acompanho há muitos anos, é óbvio que o filme me despertou a curiosidade. Heavy Trip tem indubitavelmente uma ideia original e invulgar colhendo neste aspecto, muito mérito. Numa pequena vila finlandesa 4 jovens amigos de longa data dedicam-se de alma e coração à sua amadora banda de Death Metal (Impaled Rektum), que é totalmente “underground” e desconhecida sem nunca perder de vista o seu sonho de tocar ao lado de bandas que idolatram num importante festival de Metal na Noruega. Apesar da criatividade latente, Heavy Trip não consegue em última analise, fugir a um humor “nonsense” e cru que não me cativa particularmente. Heavy Trip é em suma um filme razoável de entretenimento com uma ideia inovadora e ousada mas que dificilmente vai deixar marca. 

6.5/10

Green Book (2018)


Um dos filmes com mais nomeações nos próximos Óscares é Green Book, é mesmo apontado como favorito em várias categorias. Green Book é uma história baseada em eventos reais onde Don Shirley, um intocável pianista Afro-Americano de renome representante da classe alta embarca numa “tour” pela América profunda e sulista com o seu motorista/guarda-costas Tony Lip (Viggo Mortensen), um italiano de classe baixa do Bronx, numa verdadeira jornada épica onde são variadíssimas as peripécias com que são confrontados, e onde o racismo é quase sempre visado pois o filme passa-se nos Estados Unidos da América dos anos 60. Mortensen e a nova coqueluche de Hollywood Mahershala Ali fazem ambos papéis fenomenais, arriscava mesmo a dizer que Mortensen tem aqui a melhor interpretação da sua carreira até ao momento. Green Book tem uma abordagem ligeira, refrescante e interessante a um tema já amplamente saturado por Hollywood, espero eu que a escolha do tema não volte a ter um peso decisivo na entrega das cobiçadas estatuetas como já vai sendo habito, penso que a qualidade de Green Book é tão ostensiva que essa parcialidade apenas a iria manchar. 

7.5/10