sexta-feira, 16 de abril de 2021

The Lion's Daughter - Skin Show (2021)

Era para mim um dos álbuns mais aguardados de 2021, falo do quarto álbum de originais dos Norte-Americanos The Lion's DaughterSkin Show’. Tem sido constante e consequente a metamorfose dos The Lion's Daughter, longe vão os tempos da ambivalente mistura de Sludge Metal e Stoner dos primórdios da sua carreira e depois de uma intensa transformação aditivada por outras sonoridades onde se destacaram o Black Metal e o Post-Metal sem nunca descartarem o Sludge a banda fez uma clara aposta no Electrónico no seu último álbum ‘Future Cult’, evolução essa que foi agora aprofundada com ‘Skin Show’. ‘Skin Show’ não será porventura um álbum fácil de digerir, consequência directa de uma inédita e invulgar composição musical que talvez se possa catalogar como uma inacreditável fusão entre Sludge Metal e Synthwave onde se destacam a melodia açucarada dos sintetizadores em total contraste com os riffs sujos e opacos do Sludge imersos nas austeras e cavernosas vocalizações já habituais da banda. Os The Lion's Daughter arriscaram e de que maneria com ‘Skin Show’ essencialmente devido a um nítido piscar de olhos ao Gothic Rock dos anos 80, no entanto acho que o resultado obtido é surpreendentemente positivo comprovado por formidáveis faixas como ‘Neon Teeth’ e o tema titulo ‘Skin Show’, destaque ainda para a fantástica ‘Werewolf Hospital’ recuperando uma fase mais crua da banda onde ainda era bastante intensa a influência do Black Metal

8/10

[Sample] 

segunda-feira, 12 de abril de 2021

Philm - Time Burner (2021)

Voltamos ao presente a propósito do terceiro álbum de originais dos Norte-Americanos Philm intitulado ‘Time Burner’. Os Philm compostos pelo trio Gerry Nestler, Poncho Tomaselli e o incontornável Dave Lombardo atingiram um nível verdadeiramente excepcional com o seu segundo trabalho ‘Fire From The Evening Sun’ (2014) no entanto e de forma deveras inesperada em 2016 Lombardo abandonou o grupo, pondo em causa a própria continuidade da banda mas sete anos volvidos os Philm aí estão, de volta ao activo. Com ‘Time Burner’ os Philm voltam mais uma vez a demonstrar toda a sua capacidade técnica numa envolvente, peculiar e experimental mistura de Post-Hardcore, Rock Progressivo com laivos de Psychedelic Rock e até algum Jazz. ‘Time Burner’ certamente não alcança os estratosféricos níveis de qualidade do seu antecessor ainda assim não deixa de contar com faixas impactantes e de assinalável complexidade como são os casos das formidáveis ‘Cries Of The Century’ e ‘The Seventh Sun’. Destaque ainda para a roupagem de um improvisado Jazz de ‘Evening Star’ e a atmosfera hipnótica e dissonante de ‘Like Gold’ fazendo mesmo lembrar a intemporal ‘The End’ dos míticos The Doors.

7.5/10

[Sample] 

domingo, 11 de abril de 2021

Five The Hierophant - Five The Hierophant [EP] (2015)

Over Phlegethon’, o primeiro álbum de originais dos Londrinos Five The Hierophant já teve o merecido destaque aqui no Espelho Distópico no entanto a estreia absoluta da banda aconteceu dois anos antes mais precisamente em 2015 com o EP apropriadamente intitulado ‘Five The Hierophant’. Foi precisamente neste “primeiro passo” musical da banda que se percebeu de imediato que estávamos na presença de uma banda que nada tinha de seguidismo, pois a sua extravagante fusão de Post-Black, Post-Metal, Avantgarde Metal, Drone/Doom e Jazz era e continua a ser genuinamente inovadora. Foi também a partir de ‘Five The Hierophant’ que se percebeu que a banda dá prioridade à musica em detrimento das vocalizações pois estas só aparecerem esporadicamente sobre a forma de “spoken words” sendo praticamente substituídas por um espontâneo e misantropo saxofone. Do EP composto por cinco faixas sobressaem em particular as formidáveis ‘Death Be Not Proud’ e ‘Le Mort Joyeux’, duas verdadeiras peregrinações de ousados ritmos desconcertantes formando uma espécie de hipnose tribalista. 

7.5/10

[Sample] 

sexta-feira, 2 de abril de 2021

Cobalt - Gin (2009)

Também ele foi lançado há pouco mais de uma década falo do terceiro álbum de originais dos Norte-Americanos Cobalt simplesmente intitulado ‘Gin’. Sete anos antes do já aqui “dissecado” Slow Forever os Cobalt lançavam então ‘Gin’, e tal como no que viria a ser o seu sucessor já em ‘Gin’ os Cobalt mostravam toda a sua amplitude sonora, trazendo influências à partida bastante improváveis para o seu caldo de Black Metal. A dupla Phil McSorley/Erik Wunder explana e de que maneira todo o seu potencial técnico num magistral trabalho em termos de riffs ao longo de um álbum rico em variações onde o Black Metal se vai diluído em interferências de Crust Punk, Punk, Sludge Metal e até Progressivo sempre com uma formidável coesão e uma invulgar dinâmica provando que com a dose certa o Black Metal não é de todo incompatível com o Groove, aliás após quase 30 anos depois do aparecimento da segunda vaga de Black Metal eu diria que o Black Metal simplesmente não tem incompatibilidades. Destaque para as faixas ‘Arsonry’, ‘Stomach’ e ‘Pregnant Insect’ bem representativas da intrínseca qualidade de ‘Gin’.

7.5/10

[Sample] 

Primordial - Redemption At The Puritan's Hand (2011)

Vamos agora recentrar as atenções em dois álbuns “esquecidos” ambos com cerca de dez anos começando por ‘Redemption At The Puritan's Hand’ dos Irlandeses Primordial. Os Primordial são na minha opinião um verdadeiro caso de estudo no universo da música mais pesada, com uma impressionante fidelidade às suas origens musicais conseguem de algum modo manter uma invejável solidez na sua qualidade musical com uma constante e ponderada evolução sem interferências de qualquer tipo de moda passageira. Quatro anos depois de ‘To The Nameless Dead’ aclamado pela crítica como o seu melhor álbum até aos dias de hoje saiu então  Redemption At The Puritan's Hand’, e mesmo sem conseguir os níveis estratosféricos de qualidade do seu antecessor o álbum volta a mostrar uns Primordial com uma formidável capacidade criativa e técnica. A sua fórmula única entre o Black Metal e um característico Folk Irlandês cada vez mais robusta e vistosa oferece-nos novamente faixas épicas e intemporais como as sensacionais ‘No Grave Deep Enough’, ‘Lain With The Wolf’ e ‘God's Old Snake’. 

8/10

[Sample] 

The Father (2020)

Outro dos filmes a marcar presença nos Óscares com um total de seis nomeações é ‘The Father’. Engane-se quem pensa que o argumento minimalista de ‘The Father’ condiciona de algum modo a sua qualidade, a história do filme centra-se em exclusivo em Anthony/Anthony Hopkins um homem que em plena velhice debate-se com a terrível doença mental vulgarmente denominada de demência. Como já realcei, a grande virtude do filme não passa tanto pela densidade da sua história mas sim pena maneira como esta é contada e pelo virtuosismo dos seus protagonistas. O filme que conta também com a excelência da interpretação de Olivia Colman no papel de Anne (filha de Anthony) é essencialmente carregado pela magistral e irrepreensível prestação de Hopkins no papel de Anthony, sem dúvida a sua melhor interpretação desde o lendário papel de Dr. Hannibal Lecter no intemporal ‘The Silence of the Lambs’, um papel com um nível de dificuldade altíssimo que lhe garante desde já que será quase impossível não receber o Óscar da respectiva categoria, para grande infelicidade do sensacional Gary Oldman. ‘The Father’ oferece também uma formidável realização e uma extraordinária edição, aspectos que contribuem de maneira decisiva para os espectadores conseguirem “sentir” o quão perturbador e aterrorizante pode ser esta angustiante doença de uma forma quase tridimensional.    

        8/10

[Trailer]