segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

The Last Duel (2021)

Devo confessar que a motivação decisiva que me fez assistir a ‘The Last Duel’ foi ver o nome de Ridley Scott na função de realizador, pois a mina saturação de filmes históricos continua vigorosa e saudável. ‘The Last Duel’ relata-nos literalmente a história do ultimo duelo conhecido ocorrido numa França do século XIV, envolvida numa guerra na icónica Normandia. O filme que começa precisamente com o duelo é todo ele contado em modo flashback sobre três visões diferentes acerca da origem desse mesmo duelo, a do honrado, integro e inculto Sir Jean de Carrouges/Matt Damon, a do seu amigo (que se vai tornando progressivamente seu inimigo) Jacques Le Gris/Adam Driver e da sua esposa Marguerite de Carrouges/Jodie Comer. Ao estilo do ancestral ‘Rashômon’ (1950) a narrativa de ‘The Last Duel’ vai-se reenrolando em torno de cinco ou seis cenas chave, com o respectivo e diferente olhar dos três personagens principais, culminando na cena da violação de Marguerite de Carrouges por parte de Jacques Le Gris sendo que esse acontecimento é crucial para despoletar o histórico duelo. Se em termos de realização ‘The Last Duel’ não apresenta falhas significativas que nem seriam sequer expectáveis dado que essa função ficou a cardo de uma figura incontornável do mundo da realização Norte-Americana, pouco mais se pode considerar auspicioso ou atractivo no filme, um argumento entediante que se torna ainda mais entediante pela maneira como o filme é construído a que se junta uma péssima e incompreensível escolha de actores, todos eles com prestações infelizes e sem o mínimo de credibilidade ou carisma, com a justa excepção a ir para a interpretação de Ben Affleck como Pierre d’Alençon.

6/10

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Last Night in Soho (2021)

Espanto é a minha reacção quase automática enquanto me vou inteirando do feedback altamente favorável relativamente a um filme como ‘Last Night in Soho’, quão calamitoso tem de andar o cinema actual para um filme tão débil que nem sequer chega ao nível do aceitável passar por uma película aclamada. Não me interpretem mal, ‘Last Night in Soho’ tinha sem dúvida à partida o potencial para ser um filme no mínimo decente, todavia a total desordem sobre a abordagem a adoptar por parte do realizador, acrescida de erros de palmatória na execução converteram o filme numa espécie de ‘The Devil Wears Prada’ do Terror primário e entediante. Eloise/Thomasin McKenzie é uma jovem criada pela avó que após entrar na faculdade muda-se da província rural Inglesa para a gigantesca cidade de Londres perseguindo o seu anseio de se tornar estilista, porém a sua paixão pelos anos 60 acaba por trai-la pois o que começam por ser sonhos vividos na primeira pessoa acerca de uma jovem dessa altura (Sandie/Anya Taylor-Joy), depressa se transformam em visões (sem qualquer tipo de explicação sobre a sua proveniência). O grande ponto positivo de ‘Last Night in Soho’ acaba por ser a sua cinematografia com uma forte presença da ambiência dos 60 onde o realizador consegue de uma forma bastante inventiva tirar partido de toda a paleta de cores para capturar cenas de elevado padrão artístico. Já ao nível da narrativa ‘Last Night in Soho’ é uma verdadeira anarquia de ideias onde a única constante aparenta ser a indefinição sobre o género a que o filme ambiciona pertencer. 

6/10

domingo, 12 de dezembro de 2021

The Unforgivable (2021)

Têm escasseado as propostas cinematográficas neste Outono e a excepção é mais uma vez a Netflix que continua a ir marcando o ponto com sugestões regulares, ‘The Unforgivable’ é uma dessas últimas sugestões. O argumento de ‘The Unforgivable’ converge na história de Ruth Slater/Sandra Bullock, uma condenada que acaba de sair da prisão depois de cumprir uma pena de 20 anos e tenta contra todas as dificuldades reconstruir a sua vida, todavia Ruth não consegue esquecer o seu passado, um passado envolto numa tragédia que resultou na abrupta separação entre ela e a sua irmã de cinco anos. Ruth lida agora em simultâneo com as adversidades de voltar à sociedade com o estatuto de ex-presidiária e a obsessão de reencontrar a sua irmã. Além de Bullock no papel fulcral, ‘The Unforgivable’ conta também com as prestigiadas participações de Viola Davis, Vincent D'Onofrio e Jon Bernthal, todos eles com prestações conseguidas oferecendo credibilidade e densidade ao filme. ‘The Unforgivable’ contem sem dúvida algumas falhas de processo, entre elas o abusivo uso de flashbacks para focar o passado de Ruth, uma objectiva previsibilidade no desenrolar da história e uma evidente precaridade nos diálogos deixando o dramatismo quase exclusivamente a cargo dos maneirismos físicos dos actores, ainda sim o filme consegue manter uma invulgar consistência no universo do cinema actual.

7/10

[Trailer]     

quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Constantine: City of Demons (2018)

Ele é uma espécie de Dr. Strange da DC Comics, falo de John Constantine ou para ser mais preciso do filme de animação ‘Constantine: City of Demons’. Depois da mini-série também ela de animação com o mesmo título, a Warner Bros. em parceria com a DC Comics decidiram lançar ‘Constantine: City of Demons’ no formato de filme. Nesta história o emblemático Feiticeiro/Investigador do oculto é visitado pelo seu mais antigo amigo Chas Chandler, após uma longa e difícil separação entre os dois e já em jeito de desespero Chandler aborda Constantine para o inteirar que ele pode muito bem ser a ultima esperança para salvar a sua filha Trish, pois esta encontra-se num longo e permanente estado de coma. Com algumas relutâncias Constantine acaba por aceder ao pedido de Chandler, assumindo esta exaustiva e arriscada missão. ‘Constantine: City of Demons’ oferece-nos um consistente e bem construído argumento encaixado numa animação de excelência onde sobressaem os personagens mais obscuros, sádicos e cativantes como o demónio Beroul, o deus Azteca Mictlantecuhtli ou a enigmática Nightmare Nurse. Como também já é hábito nesta parceria cinematográfica, a vertente de integridade do filme nunca é deixada para segundo plano concebendo desta forma uma credibilidade e uma maturidade consideráveis par um filme de animação. 

8/10

[Trailer] 

terça-feira, 7 de dezembro de 2021

Dormant Ordeal - The Grand Scheme Of Things (2021)

Uma imparável e avassaladora força destrutiva, falo dos Polacos Dormant Ordeal a propósito do seu recente trabalho, ‘The Grand Scheme Of Things’. E com a chegada do seu terceiro álbum é com grande determinação que se pode afirmar que os Dormant Ordeal estão no ponto de maturação ideal. Talvez a par dos Britânicos Dyscarnate os Dormant Ordeal são uma das bandas relativamente recentes que vai certamente acrescentar algo no futuro do Death Metal. ‘The Grand Scheme Of Things’ atira-nos abruptamente para uma coerciva e turbulenta força centrífuga de Death Metal que vai variando entre nuances mais técnicas e outras mais discordantes. Riffs militarizados, violentos, frios, áridos e quase inumanos guiados por uma bateria sádica, resoluta e verdadeiramente impiedosa elevam ‘The Grand Scheme Of Things’ para um dos, se não mesmo o melhor lançamento de 2021 no domínio do Death Metal. A destreza técnica e o voraz apetite sanguinário exibidos sem apelo nem agrado em faixas como ‘Poetry Doesn’t Work On Whores’, ‘Here Be Dragons’ ou ‘Letters To Mr. Smith’ deixarão por certo os seus conterrâneos Behemoth com um indisfarçável orgulho.  

7.5/10 

[Sample]