domingo, 14 de março de 2021

A Million Little Pieces (2018)

Inspirado no bem-sucedido livro de James Frey com o mesmo nome temos o filme ‘A Million Little Pieces’. O argumento de ‘A Million Little Pieces’ centra-se na vida de James Frey, um jovem que desde cedo entra numa interminável espiral de abuso de álcool e drogas até culminar num impreterível internamento numa prestigiada clinica de reabilitação em Minnesota, onde começa a sua catártica e dolorosa recuperação. ‘A Million Little Pieces’ apresenta-nos então um emocional e dramático percurso de um jovem em busca da sua salvação, caindo a responsabilidade de representação ao também ele jovem Aaron Taylor-Johnson fruto porventura de todo o hype gerado pelo seu protagonismo no filme ‘Kick-Ass’. O grande ponto negativo de ‘A Million Little Pieces’ é a sua óbvia falta de originalidade pois este tema já por inúmeras vezes foi abordado no cinema. O filme conta ainda com as boas prestações de Billy Bob Thornton como Leonard, Juliette Lewis como Joanne e Giovanni Ribisi como John. Em jeito de conclusão posso afirmar que ‘A Million Little Pieces’ tem de facto um bom equilíbrio entre a acção e o drama mas que no entanto não oferece nada de inaudito ou de particularmente interessante. 

6.5/10

Coming 2 America (2021)

Os tempos de pandemia que estamos a atravessar podiam muito bem servir para uma reflexão no cinema Norte-Americano, essencialmente acerca do seu acentuado decréscimo de qualidade com principal proeminência na última década, ao invés disso continua este lento e angustiante declínio sem fim à vista. Trinta e três anos depois de ‘Coming to America’ onde Eddie Murphy dava ainda os primeiros passos numa carreira que se viria a revelar de grande sucesso, surge então a sequela ‘Coming 2 America’. Talvez com as excepções de ‘T2 Trainspotting’ e ‘Blade Runner 2049’ as sequelas com esta distância temporal passam logo à partida uma imagem de um filme que está apenas extorquir mais uns dólares à custa de um sucesso antigo e ‘Coming 2 America’ assenta lamentavelmente nesse cliché. Correndo o risco de me repetir posso dizer que ‘Coming 2 America’ apresenta todos os “pecados fatais” do cinema actual, um argumento vulgar, previsível e forçado, personagens sem o mínimo de evolução e carisma e interpretações penosas. Chamar a ‘Coming 2 America’ uma comédia é quase uma ofensa a ícones do género como o falecido Leslie Nielsen, acho que com muito boa vontade podemos catalogar o filme como uma espécie de “soft” drama familiar com traços de pseudo musical. Mais que um desastre cinematográfico, ‘Coming 2 America’ é uma sequela que não consegue acolher nenhuma das qualidades do seu predecessor. 

4/10

sábado, 13 de março de 2021

Den skyldige (2018)

Na mesma categoria de filmes como ‘Locke’ ou ainda mais claustrofóbicos como ‘Buried’ ou ‘Phone Booth’ temos ‘Den skyldige’ (The Guilty), um filme com produção e realização inteiramente Dinamarquesas. O argumento de ‘Den skyldige’ centra-se no polícia Asger Holm/Jakob Cedergren que em cumprimento de uma espécie de ‘castigo’ foi destacado para trabalhar numa estação de atendimento telefónico de emergência (o equivalente ao nosso 112), após várias ligações que certamente nem justificavam um telefonema para o número de emergência, Asger atende uma perturbadora ligação de uma mulher que está nesse preciso momento a ser raptada, Asger começa então uma verdadeira cruzada de desdobramentos telefónicos na desesperante tentativa de evitar males maiores enquanto as suas próprias angustias vão ficando cada vez mais à superfície. Não é certamente tarefa fácil conseguir captar a atenção dos espectadores quando toda a acção de um filme se passa numa numa central telefónica, no entanto ‘Den skyldige’ conquista-nos de uma maneira arrebatadora através da sua capacidade de projectar os espectadores para a situação em que se encontra Asger. ‘Den skyldige’ é em suma, um Thriller psicológico onde o seu baixo orçamento não belisca a sua qualidade e emotividade.                                

7.5/10 

[Trailer]    

terça-feira, 9 de março de 2021

Five The Hierophant - Through Aureate Void (2021)

Precisamente no mesmo dia que saiu ‘Hermitage’ saiu também o novo trabalho dos excêntricos e inovadores Five The HierophantThrough Aureate Void’, depois do formidável e bizarro álbum de estreia ‘Over Phlegethon’ os Londrinos voltam à carga com mais cinco temas bastante “fora da caixa”. Por paradoxal que pareça o experimentalismo é de facto a zona de conforto dos Five The Hierophant e ‘Through Aureate Void’ é não só mais uma prova disso, como também mais uma amostra da bizarria musical que a banda tão bem sabe criar. ‘Through Aureate Void’ transporta-nos novamente através de um itinerário instrumental com pontuais “spoken words” inserido numa mescla de Post-Metal, Black Metal, Avantgarde Metal e Drone Metal onde predominam os ritmos hipnóticos e psicadélicos guiados por riffs robustos e densos com uma notória influência de Neurosis e um saxofone em modo livre e descomprometido. ‘Through Aureate Void’ prefigura-se desde já como um dos álbuns que vai marcar 2021, resultado directo da invulgar e imensurável veia criativa da banda. 

8/10

[Sample] 

 

sexta-feira, 5 de março de 2021

Moonspell - Hermitage (2021)

Faz hoje precisamente uma semana que os Moonspell, a mais reconhecida e bem-sucedida banda portuguesa de Metal de sempre lançou o seu 12º álbum de originais ‘Hermitage’. ‘Hermitage’ é provavelmente um dos primeiros álbuns onde são claramente evidentes os efeitos da pandemia que todos estamos a passar, desde logo no tema escolhido mas também no seu ambiente introspectivo e melancólico. Se existe banda que, apesar da sua sólida e longa carreira não tem medo de arriscar são sem dúvida os Moonspell e se isso é notório em ‘1755’, ‘Hermitage’ comprova mais uma vez a sua capacidade camaleónica, desta vez a banda aproxima o seu característico Dark Gothic Metal ao Rock Progressivo. Se em termos de ambiente e produção ‘Hermitage’ cumpre os seus objectivos já em termos de composição musical a tarefa parece-me que ficou aquém do esperado, a capacidade técnica de Ricardo Amorim é inquestionável no entanto dificilmente pode ser acompanhada pelo resto da banda numa arriscada incursão a um Progressivo ao jeito de Porcupine Tree ou Riverside. Mantendo a coerência, se critiquei na altura a “estagnação” musical evidenciada em ‘Extinct’ tenho de exultar agora o mérito dos Moonspell em enveredar novamente pelo experimentalismo no entanto, ao contrário do que por exemplo exibiram os Katatonia em ‘City Burials’, o Rock Progressivo não será porventura a melhor direcção para a banda exponenciar as suas melhores qualidades. Destaco ‘Common Prayers’, ‘Apophthegmata’ e o tema título ‘Hermitage’ como as faixas mais consistentes do álbum. 

6/10