segunda-feira, 18 de julho de 2022

The Boys - Season 3 (2022)

2022 Assinala também o regresso de uma forte aposta da Amazon Prime, falo da terceira temporada de The Boys. Volto a frisar que a ideia inicial de The Boys é bastante fértil em originalidade como já o tinha referido na review da Season 1, uma perspectiva insólita e única sobre o que os heróis podem esconder por trás da sua aparência pseudo divina, é sem duvida uma abordagem refrescante, ora se esse primeiro impacto foi-se naturalmente diluindo na segunda temporada, a história da série até se desenrolou de uma forma satisfatória e interessente com várias revelações importantes sobre a empresa Vought (a grande responsável pela existência de super-heróis e por gerir a sua imagem), a inclusão de personagens com forte presença (Stormfront à cabeça) e uma natural evolução nos nossos já conhecidos personagens, ora esta Season 3 falha redondamente em dar sequência ao progresso atingido nessa segunda temporada acabando mesmo por conduzir a série a um estado de estagnação. Desta fez a inclusão de novos personagens é posta em prática através do recurso ao passado resgatando vários elementos do supergrupo predecessor aos Sete, com especial enfâse para o entediante e vazio Soldier Boy. A partir de certa altura desta Season 3 os episódios orbitam praticamente em torno de Soldier Boy deixando o grande objectivo dos renegados comandados por Billy Butcher (desmascarar os fétidos e hediondos segredos da gigante Vought e da sua fachada de Super-heróis corruptos e desprezíveis) completamente “na prateleira”. Após o último episódio desta Season 3, The Boys deixa uma conhecida, penosa e fatigante sensação que não se progrediu rigorosamente nada na história principal e que voltámos ao ponto inicial da temporada. Pela terceira vez vou também criticar o que me parece ser um erro crasso e sucessivo de The Boys, o absolutamente desnecessário exagero de sangue acompanhado da vivida e desproporcional exibição de uma vasta gama de atrocidades físicas, é verdade que existe a possibilidade de haver um motivo oculto para esta obsessão com o “gore” mas a meu ver ela só descaracteriza a série degradando a sua credibilidade e coerência em prol de uma imaturidade que roça o ridículo. 

6.5/10

domingo, 17 de julho de 2022

Stranger Things - Season 1 (2016), Season 2 (2017), Season 3 (2019), Season 4 (2022)

É talvez a única série a gerar um “hype” similar ao de Game of Thrones, e tal como em Game of Thrones também neste caso todo esse “hype” é mais do que justificado, falo de Stranger Things, uma das mais conceituadas séries com o carimbo Netflix. Stranger Things começou em 2016 e desde aí já conta com quatro temporadas sendo que a ultima terminou precisamente neste mês de Julho. Não é fácil, nada fácil mesmo conseguir destrinçar um ponto fraco em Stranger Things, desde o formidável argumento, o elenco escolhido com todo o propósito, passando pela banda sonora até aos efeitos visuais de excelência, tudo parece funcionar na perfeição. A história de Stranger Things atira-nos para a pequena cidade de Hawkins no estado de Indiana algures no anos 80, onde quatro inseparáveis amigos Mike Wheeler/Finn Wolfhard, Lucas Sinclair/Caleb McLaughlin, Dustin Henderson/Gaten Matarazzo e Will Byers/Noah Schnapp mostram toda a sua natural apetência para não se encaixarem entre os mais populares da sua escola, ficando por exclusão de partes com o rótulo de “nerds”, no entanto esse factor aparentemente até fortalece a sua alegria e genuína amizade. O início de Stranger Things fica marcado por dois acontecimentos que dão o mote para todo o desenvolvimento da série, primeiro o misterioso desaparecimento de Will Byers numa floresta perto de Hawkins que nem com a companhia dos seus fiéis amigos é evitado seguido de outro mistério, o surgimento da personagem mais icónica e intrigante de Stranger Things, El (diminutivo de Eleven, o número tatuado no interior do seu pulso), uma miúda com graves problemas de confiança marcada por um dramático e macabro passado do qual pouco ou nada se lembra e é precisamente por esta altura que já não se consegue deixar de acompanhar a série. A grande curiosidade, inteligência e irreverência destes miúdos vai-lhes proporcionado descobertas verdadeiramente surreais, ajudados por alguns adolescentes (Steve Harrington /Joe Keery, Nancy Wheeler/Natalia Dyer, etc.) o grupo percebe desde cedo que Hawkins está sobre uma tenebrosa ameaça sobrenatural, o “upsidedown world”, uma espécie de dimensão paralela de Hawkins de onde saem repulsivos, hediondos e perigosos monstros ao mesmo tempo que também se vão apercebendo que El não é uma miúda comum, ela possui e potencializa poderes telepáticos e telecinéticos transformando-se dessa forma na sua melhor esperança contra esta terrível ameaça. Stranger Things tem o condão de nos transportar para o imaginário “Spielbergiano” dos anos 80 povoado por filmes como The Goonies (1985), E.T. the Extra-Terrestrial (1982) ou Gremlins (1984), todavia a série não se fica por aí pois consegue também ir beber da inesgotável fonte de tensão e suspense do mestre Stephen King, aprimorando esta cativante e aditiva receita com toda a capacidade técnica e produtiva dos tempos actuais. Em suma Stranger Things consegue manter uma equilibrada e plausível fasquia de credibilidade apesar da sua essência surreal e aproveitar da melhor maneira as potencialidades tecnológicas actuais mantendo o foco no fundamental, a história que suporta a série. 

8.5/10 

[Trailer 1] [Trailer 2] [Trailer 3] [Trailer 4]

terça-feira, 12 de julho de 2022

Conjurer - Páthos (2022)

Os Conjurer têm-se vindo a destacar como uma das mais promissoras e interessantes bandas provenientes do Reino Unido nos últimos tempos e ‘Páthos’ (o seu segundo álbum de originais) assinala mais uma vez toda a sua qualidade e intensidade. Quatro anos depois da sua estreia com ‘Mire’ os Conjurer voltam a debitar sonoridades que talvez de forma precipitada foram imediatamente encaixadas no Post-Metal. Não é, e continua a não ser nada fácil catalogar a musicalidade deste quarteto Britânico (um síndrome comum nas bandas mais interessantes) tal não é a multiplicidade de subgéneros abordada pela banda entre temas do álbum. ‘Páthos’ tem então uma diversidade musical que vai desde o brutal e monólito Post-Hardcore de ‘Rot’, passado pelo evidente Sludge/Post-Metal de faixas como ‘It Dwells’ e ‘In Your Wake’, um final a puxar ao Black Metal de ‘All You Will Remember’ até a um Post-Metal numa vertente mais Doom com vestígios de Death Metal em ‘Basilisk’ e ‘Those Years, Condemned’. Os Conjurer mostram-nos com ‘Páthos’ que a música de facto não deve ter barreiras ou propriedades insolúveis, e que se o seu fio condutor da banda é sem dúvida o Post-Metal e o Sludge essa dicotomia tem tudo a ganhar quando é aditivada com outros ingredientes. 

7.5/10

[Sample]

sábado, 9 de julho de 2022

Porcupine Tree - Closure / Continuation (2022)

Era um dos regressos mais esperados de 2022, falo de Steven Wilson com os seus icónicos Porcupine Tree. ‘Closure / Continuation’ é o décimo primeiro capítulo da longa carreira dos Porcupine Tree, que depois da excepcional trilogia ‘In Absentia’, ‘Deadwing’ e ‘Fear Of A Blank Planet’ de alguma forma desiludiram um pouco com o seu último trabalho de originais ‘The Incident’ (2009). Curiosamente ou talvez não foi a partir desse momento que a carreira da banda passou por um hiato superior a uma década pois o seu mentor Steven Wilson decidiu concentrar a sua energia no seu projecto a solo, porém treze anos depois os Porcupine Tree estão de volta e em muito boa forma. Vista por muitos como uma banda de culto com um deficit de reconhecimento relativamente à sua aptidão técnica e inventiva os Porcupine Tree nunca esconderam a grande influência dos lendários Pink Floyd na sua sonoridade, todavia tem sido na sua capacidade de influenciar outras bandas que se tem destacado e muito, que o digam os Anathema, King Buffalo, Between The Buried And Me, Riverside ou de forma ainda mais vincada os suecos Opeth. ‘Closure / Continuation’ atira-nos instantaneamente para a zona de conforto da banda, o Rock Progressivo com esporádicos e metódicos trechos de Electrónico composto de forma meticulosa e pormenorizada sempre com a “almofada” de evolução necessária para ficar mais apurado a cada nova audição. Destaco o single ‘Harridan’, a “slow burner” ‘Chimera's Wreck’ e particularmente a formidável ‘Herd Culling’ como as melhores faixas de ‘Closure / Continuation’. 

7.5/10

[Sample] 

sexta-feira, 8 de julho de 2022

Uncut Gems (2019)

Não é propriamente um actor que eu admire e ainda por cima ficou “colado” à comédia, um subgenenero cinematográfico que se foi tornando cada vez mais banal e desinteressante, falo de Adam Sandler, todavia ‘Uncut Gems’ é um exemplo claro que nada é definitivo. ‘Uncut Gems’ remonta a 2019 e aborda um assunto que de alguma forma também foi explorado pelo esotérico Guy Ritchie num dos seus mais emblemáticos filmes, o fantástico ‘Snatch’, ora também a história de ‘Uncut Gems’ gira em torno de uma pedra preciosa de tamanho considerável mais precisamente uma Opala da Etiópia, contudo ‘Uncut Gems’ diverge de ‘Snatch’ pelo seu ambiente pesado, degradante e por vezes até angustiante sem qualquer espaço para a perspectiva humorística. Howard Ratner/Adam Sandler é um Judeu (mais cliché seria difícil) Nova-iorquino que possuí um negócio de joalharia, porém a sua aflitiva e prejudicial obsessão com o mundo das apostas atira-o para um zona negra e perigosa onde as dividas acumuladas a indivíduos não recomendados e a reincidência em actos que no mínimo roçam o ilícito são constantes. Um filme interessante e com uma realização algo invulgar e por vezes inovadora até que mostra um Adam Sandler eficaz e capaz apesar de estar a milhas da sua área de conforto. 

7.5/10

[Sample]