sábado, 26 de março de 2022

Killing Joke - Lord Of Chaos [EP] (2022)

Embora com a proximidade da data dos Óscares talvez fosse mais apropriado permanecer no separador do cinema a verdade é que o mês de Março tem por hábito ser um dos mais prolíferos em termos de lançamentos musicais, e desta feita são lançamentos que para além de muito esperados, estão a cargo de bandas distintas nos seus respectivos subgéneros e que eu aprecio particularmente. Começamos então pelo EP dos míticos britânicos Killing Joke intitulado ‘Lord Of Chaos’. Não tenho a mais pequena dúvida em afirmar que os Killing Joke serão porventura umas das mais subvalorizadas bandas no espectro da música mais pesada, com uma interessante conturbada carreira de 40 anos, os Killing Joke tiveram uma espécie de reenquadramento sonoro em 2003 e, a meu ver foi precisamente desde esse momento que a banda vem a disseminar genialidade através de cinco álbuns de originais culminando no formidável ‘Pylon’ em 2015 (curiosamente uma das primeiras reviews do Espelho Distópico). Composto por apenas quatro temas, ‘Lord Of Chaos’ começa com o tema titulo, o mais emblemático e exemplificativo do EP, mostrando logo aí que apesar do hiato de sete anos os Killing Joke continuam a apostar em força na sua criativa, genuína e viciante fórmula de Post-Punk com Industrial onde os hipnóticos e dissonantes riffs elevam as ecoantes e envolventes vocalizações de Jaz Coleman. ‘Lord Of Chaos’ continua na mesma toada com ‘Total’ e termina com dois remixes ‘Big Buzz [Motorcade Mix]‘ e ‘Delete In Dub [Youth's Disco 45 Dystopian Dub]‘ onde a banda explora também a sua versatilidade na destreza da transfiguração sonora. 

8/10

[Sample] 

sexta-feira, 25 de março de 2022

The Adam Project (2022)

The Adam Project’ é a mais recente proposta com chancela Netflix e conta desde logo com a participação do muito requisitado Ryan Reynolds como protagonista. A verdade é que o argumento de ‘The Adam Project’ deixa muito a desejar no que a originalidade diz respeito no entanto é de louvar o esforço em manter um mínimo de credibilidade no desenrolar da história, critério que cada vez é mais desprezado nas narrativas do cinema mais recente. Adam/Reynolds, um viajante temporal volta acidentalmente a 2022, três anos mais tarde do que o inicialmente desejado com o intuito de reencontrar a sua mulher Laura/Zoe Saldana (também ela uma viajante temporal) e conseguir salvar o “futuro” da sua linha temporal, todavia o seu primeiro contacto é nada mais, nada menos do que com a sua “versão” de apenas 12 anos. Além de Reynolds e SaldanaThe Adam Project’ conta também com as participações de Mark Ruffalo e Jennifer Garner. O tema das viagens temporais não é de todo uma novidade e tem-se vindo a revelar um risco dada a sua complexidade, contudo o principal foco de ‘The Adam Project’ aparenta ser uma abordagem mais familiar deixando a exploração dessa complexidade a cargo de filmes com outras características. Em jeito de conclusão pode-se afirmar que apesar de ser um filme entretido e com efeitos visais com uma qualidade algo surpreendente, ‘The Adam Project’ não é o tipo de filme que aspira a deixar marca no universo da sétima arte. 

6/10

quarta-feira, 23 de março de 2022

Chaos Walking (2021)

O super cobiçado Tom Holland tem aproveitado da melhor maneira o élan adquirido no franchise Spider-Man para se desmultiplicar em participações cinematográficas e o ano de 2021 veio mesmo a revelar-se como o mais produtivo da sua curta carreira pois além do fantástico ‘Cherry’ e ‘Spider-Man: No Way HomeHolland ainda deu o seu contributo num terceiro filme, ‘Chaos Walking’. Foi já precisamente neste mês que fiz de forma bastante entusiástica a review da formidável série ‘The Expanse’, ora se ‘The Expanse’ teve o condão de repescar um nível de qualidade há muito desparecido no género da ficção científica, ‘Chaos Walking’ atira-nos instantaneamente para a mediocridade instalada no universo da sétima arte, quem tiver interessado num tutorial do que não fazer num filme de ficção científica tem aqui um verdadeiro bombom. A história transpira monotonia e previsibilidade, no ano de 2257 uma jovem (a única sobrevivente do desastre ocorrido com a sua nave) chega a um planeta previamente colonizado por humanos onde aparentemente a indumentária usual é inspirada no velho Oeste e os homens (apenas os homens) por alguma razão desconhecida (e nunca explicada) tem os seus pensamentos audíveis para toda a gente, um fenómeno que os nativos intitulam de “o ruído”. A premissa de ‘Chaos Walking’ é tão genérica e insípida que realmente não despoleta qualquer motivo de interesse mas isso nem é o mais grave, pior ainda do que essa condição é o facto do filme nunca sequer tentar sair de um marasmo completamente sem sentido e sem finalidade. Além de HollandChaos Walking’ conta ainda com a participação de Mads Mikkelsen e mais uma lastimável participação de Daisy Ridley, um projecto de actriz comprovadamente falhado. 

4/10

 

sexta-feira, 18 de março de 2022

Spider-Man: No Way Home (2021)

Apesar de uma clara mudança de estratégia assente numa recente aposta em séries, a parceria entre a MCU e a Disney não se extinguiu em termos cinematográficos e chamada fase quatro aí está com ‘Spider-Man: No Way Home’. Se ‘Spider-Man: Homecoming’ e ‘Spider-Man: Far from Home’ foram a meu ver bastante emblemáticos do nível de mediocridade a que o cinema chegou o que dizer de ‘Spider-Man: No Way Home’?! Tenho poucas dúvidas em afirmar que a qualidade subiu em relação aos seus antecessores mas continuo bastante longe de compreender o fantástico feedback que, de uma maneira geral o filme tem recebido. Apesar das razoáveis sequências de acção, ‘Spider-Man: No Way Home’ continua a ter uma fraca estrutura assente numa premissa errática e pouco consistente, o multiverso. O multiverso da Marvel não funciona tal como é apresentado no filme, ou seja, apensas como uma conveniência para repiscar Tobey Maguire e Andrew Garfield dos anteriores franchises do aracnídeo e seus respectivos e icónicos vilões (como se por algum desconhecido motivo não existissem novos vilões por explorar), aliás o tema multiverso já tinha sido abordado no formidável filme de animação ‘Spider-Man: Into the Spider-Verse’ mas dessa feita de uma forma legítima e coesa. Não vou mais uma vez esmiuçar os erros crónicos deste franchise em particular mas o facto do pressuposto do filme ser desencadeado por um defeituoso feitiço do poderoso Dr. Strange aliado a uma espécie de desculpabilização e responsabilização dos inúmeros acontecimentos provocados pelos mais míticos inimigos do Spider-Man não deixam ‘Spider-Man: No Way Home’ aspirar a ter o mais ínfimo resquício de credibilidade.

5.5/10