quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Soulfly - Chama (2025)

A carreira dos Soufly é sem dúvida uma excelente métrica para explicar como o tempo passa rápido, parece que foi ontem que o lendário vocalista Max Cavalera abandonou os Sepultura contudo os seus Soulfly já atingiram a respeitável marca dos 25 anos de carreira. Uma das coisas que tem pautado a carreira da banda é a regularidade no lançamento de álbuns portanto três anos depois de ‘Totem’ aí está o seu décimo terceiro de originais ‘Chama’. Os Soulfly agora oficialmente compostos apenas por Max, o seu filho Zyon na bateria e Mike DeLeon na guitarra mostram que ‘Chama’ tem indubitavelmente uma “chama” revivalista, e não é um revivalismo do tribalismo que marcou com impacto as sonoridades primordiais da banda mas sim um revivalismo do Thrash cru, violento e intempestivo da fase mais emblemática dos Sepultura (‘Arise’ e ‘Chaos A.D.’). Talvez inspirado pelas consecutivas tours temáticas desses mesmos álbuns com o seu irmão Igor (Cavalera Conspiracy) Max tem progressivamente injectado mais Thrash em detrimento da vertente mais tribal em cada novo álbum de Soulfly. Outra diferença que já se vinha a notar em álbuns anteriores mas que em ‘Chama’ se acentua é que o Groove Thrash também tem vindo a perder terreno para uma abordagem com Thrash mais tradicional (vamos dizer assim), temas como a supersónica ‘Ghenna’ ou a formidável ‘Favela / Dystopia’ comprovam-no todavia ‘Chama’ ainda contem faixas altamente representativas das sonoridades “clássicas” da banda como ‘Storm The Gates’ou ‘Always Was, Always Will Be...’ (o nome acaba por ser auto-explicativo). 

7.5/10

[Sample] 

segunda-feira, 20 de outubro de 2025

Juneau - Scraps Of The Final Lights (2025)

Originários da região da Flandres na Bélgica mas concretamente da cidade Heist-op-den-Berg os Juneau começaram a sua pequena carreira em 2019 lançando o seu primeiro álbum de originais em 2021 ‘Cloak’ que ainda vamos ter oportunidade de analisar aqui no Blog. Quatro anos depois o trio Belga está de volta com ‘Scraps Of The Final Lights’, o seu segundo álbum. Muito bem acompanhados pelos seus conterrâneos Hemelbestormer e Pothamus também os Juneau apontam as suas sonoridades para um Post-Metal essencialmente focado em atmosferas dissonantes e etéreas conectadas através de riffs com uma elevada carga dramática com o intuito de provocar uma intensa e enérgica resposta emocional ao ouvinte. Tal como os seus já referidos compatriotas Hemelbestormer também os Juneau têm optado pela exclusão de vocalizações ficando a responsabilidade musical apenas entregue à vertente instrumental, uma escolha recorrente em bandas que se inserem no âmbito do Post-Metal mais orientado pela dimensão ambiental. Composto por apenas cinco temas ‘Scraps Of The Final Lights’ acaba por ser um álbum que faz da sua consistência e indivisibilidade os seus pontos mas fortes, todavia gostava de destacar as faixas, ‘Dissolve’ e ‘Heave’.

7/10

[Sample] 


quarta-feira, 15 de outubro de 2025

Testament - Para Bellum (2025)

Já aqui o afirmei, eles são desde há muito tempo a minha banda preferida do chamado Bay Area Thrash Metal, falo dos Norte-Americanos Testament a propósito do seu décimo terceiro álbum de originais ‘Para Bellum’. Confesso que a primeira audição do álbum não me cativou mas com mais rodagem o interesse foi crescendo. Cinco anos depois do fantástico ‘Titans of Creation’ estas verdadeira lendas do Thrash Metal voltam à carga com ‘Para Bellum’, e se à coisa que tem destacado os Testament da concorrência é a sua exímia capacidade de fazer pontes entre um Thrash mais tradicional e “puro” e o Thrash mais moderno onde o Groove tem uma contribuição indispensável. Pois bem em ‘Para Bellum’ a banda talvez tenha exagerado de adição de influências de outros subgéneros, não de uma forma extrema ao ponto de porem a sua identidade em causa como quase aconteceu em ‘Demonic’ mas são notórias as ingerências de Death e até Black Metal em temas como ‘For The Love Of Pain’ ou ‘Witch Hunt’, faixas que até podiam encaixar num álbum de Drangonlord (projecto paralelo do icónico guitarrista Eric Peterson). Destaco também que apesar da inequívoca qualidade de temas como os singles ‘Infanticide A.I.’ e ‘Shadow People’ ou ‘Room 117’, ‘Para Bellum’ é órfão daquela faixa bomba com que a banda nos costuma presentear, ‘The Pale king’, ‘Native Blood’, ‘Children Of The Next Level’ ou ‘More Than Meets The Eye’ são excelentes exemplos recentes.

7/10 

[Sample] 

domingo, 12 de outubro de 2025

The Naked Gun (2025)

A icónica trilogia que começou com ‘The Naked Gun: From the Files of Police Squad!’ no longínquo ano de 1988 e terminou em 1994 com ‘Naked Gun 33 1/3: The Final Insult’ teve o condão de imortalizar Leslie Nielsen como um dos maiores símbolos de sempre da comédia nonsense em cinema. Ora três décadas depois e quinze anos após a morte de Nielsen o franchise é ressuscitado com o novo ‘The Naked Gun’. Por esta altura este tipo de “reboots” já carregam uma espécie de aura negativa intrínseca, já não se põe a questão das espectativas, toda a gente sabe que o filme vai ser fraco a única duvida é saber o quanto. Com Liam Neeson/Frank Drebin Jr. e Pamela Anderson/Beth Davenport como protagonistas ‘The Naked Gun’ tenta a todo o custo recuperar a mística dos primeiros filmes apesar de nunca o conseguir pois era Nielsen que carregava de forma estranhamente natural a maior parte dessa mística. O filme tem o mérito de não ser literalmente um “reboot” mas sim uma nova história que apesar de estar constantemente a apelar à nostalgia tem a sua própria vida. É verdade que ‘The Naked Gun’ serve o seu propósito de entretenimento ligeiro contudo falha em toda a linha na tentativa de se fazer passar por uma bem-sucedida comédia, a ausência de ideias para se fabricar qualquer coisa de raiz em Hollywood é deplorável pra além de preocupante. A grande conclusão é que ‘The Naked Gun’ é um filme que nunca devia ter visto a luz do dia, a melhor forma de homenagear Leslie Nielsen é mesmo deixar o seu legado em paz.

6/10

quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Kinds of Kindness (2024)

Composto por três histórias que mais parecem episódios de ‘Black Mirror’ escritos por Gaspar Noé, ‘Kinds of Kindness’ é a mais recente insanidade do realizador Yorgos Lanthimos. Depois do reconhecido sucesso com ‘Poor ThingsLanthimos recupera não só uma generosa dose de extravagância como a dupla Willem Dafoe e Emma Stone adicionando ainda à mistura duas estrelas em ascensão, Margaret Qualley e Jesse Plemons. A primeira história de ‘Kinds of Kindness’ centra-se na relação altamente tóxica de um “patrão” com o seu funcionário, este patrão tem total controlo sobre a vida do seu subalterno como se de um autêntico guionista se tratasse. Já na segunda narrativa o enfoque vai para a vida de um polícia que depois de perder a sua mulher e toda a esperança de a voltar a encontrar, recupera-a finalmente todavia não acredita que seja mesmo ela. Na terceira e última história a acção passa-se em torno de uma seita religiosa e das suas obsessões. Não sendo um filme muito fácil de digerir ou de processar ‘Kinds of Kindness’ apresenta-se como um filme que desperta interesse e emoções ilustrando através do exagero como se podem tornar incontroláveis comportamentos de domínio, subserviência e obsessão entre outros. Apesar de ser parco em diálogos ‘Kinds of Kindness’ também sobressai pela qualidade das suas personagens especialmente na componente psicológica. 

7/10

[Trailer]