terça-feira, 29 de outubro de 2024

Trap (2024)

M. Night Shyamalan, um dos mais caricatos realizadores que já exerceram a função está de regresso com ‘Trap’. M. Night Shyamalan consegue ter o condão de nunca passar despercebido, gerando quase em simultâneo amores e ódios e acesas discussões sobre os seus filmes. Do meu ponto de vista reconheço-lhe uma inegável originalidade mas parece-me que o auge da sua carreira já vai longe e os seus últimos filmes dignos de registo (‘Split’ e ‘Glass) são excepções numa mediania que se vai instalando cada vez mais. A história de ‘Trap’ centra-se em Cooper/Josh Hartnett, um serial killer conhecido como Butcher que vai com a sua filha a um concerto de uma ficcional diva da Pop (Lady Raven), interpretada por Saleka Shyamalan filha de M. Night Shyamalan (nepotismo sem apelo nem agrado). Todavia o concerto é simultaneamente uma gigantesca armadilha montada pelo FBI para apanhar Butcher, Cooper vê-se assim no meio de uma emboscada e tem de usar todos os seus atributos para conseguir escapar enquanto mantem a sua filha apenas concentrada em apreciar o concerto. Apesar da ideia parecer interessante na fase inicial do filme a sua execução vem a revelar-se péssima com o decorrer do mesmo. Cooper consegue ir escapado por entre os pingos da chuva enquanto o concerto decorre quase sempre graças a acontecimentos altamente convenientes ou à atroz impotência das autoridades quando se esperava que o factor decisivo fosse e sua capacidade de improviso e a sua destreza mental. Destaque para o esforço inglório de Josh Hartnett para elevar ‘Trap’ para outro nível em contraponto com o amadorismo da primogénita de M. Night Shyamalan na arte da representação. 

5.5/10

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

The Substance (2024)

Provavelmente o maior embuste do ano em termos cinematográficos, falo de ‘The Substance’, o mais recente filme com Demi Moore como protagonista. Estupefacção é um eufemismo quando me vou deparando com o chorrilho de reviews superlativas acerca de ‘The Substance’, apenas consigo explicar este fenómeno com a evidente decadência do cinema Norte-Americano, só por entre uma afluência de filmes de super-heróis e similares, prequelas, sequelas e remakes é que um filme como ‘The Substance’ consegue coleccionar elogios. Admito que o conceito por trás de ‘The Substance’ até é interessante e criativo todavia a sua execução é completamente aberrante. Elisabeth/Demi Moore (talvez a única escolha acertada do filme) é uma superestrela a entrar na curva descendente quer em termos de preponderância como também no que à sua juventude e beleza diz respeito, a braços com esta espécie de crise de meia idade Elisabeth descobre por acidente uma substância que gera um "duplo" seu embora bastante mais novo (Sue/Margaret Qualley). As regras de uso desta substancia são bastante simples, apenas uma delas pode estar “activa” enquanto a outra tem obrigatoriamente de estar numa espécie de coma e têm forçosamente de trocar de “papéis” semanalmente. Para além das gigantescas falhas de racionalidade da história, das absurdas opções técnicas de realização e de uma parte final completamente desprezível onde a desesperada demanda pela repulsa se torna uma doentia obsessão, a primordial e decisiva lacuna de ‘The Substance’ é que durante todo filme não se consegue identificar qualquer tipo de vantagem válida para a protagonista (Elisabeth) usar a tal substância. Um filme que pega num tema pertinente mas com uma abordagem completamente disparatada sem qualquer tipo de coerência ou propósito, lixo cinematográfico que, se não fosse por Demi Moore seria comparável a filmes como ‘Toxic Avenger’ ou outros que tais. 

4/10

domingo, 27 de outubro de 2024

Alien: Romulus (2024)

Sete anos depois da aberração cinematográfica chamada Alien: Covenant o famoso franchise volta a ter mais um capítulo, desta vez sem o icónico Ridley Scott na realização pois essa função ficou a cargo de Fede Alvarez, um individuo que apesar de ser um novato na arte da realização curiosamente participou na equipa de efeitos visuais de ‘Aliens’ (1986). Cronologicamente ‘Alien: Romulus’ passa-se algures entre ‘Alien’ (1978) e o já referido ‘Aliens’ e conta-nos a história de um grupo de jovens mineiros na colónia estelar de Jackson no ano 2142. Esta colónia é gerida pela companhia Weyland-Yutani, uma empresa que trata os seus funcionários praticamente como escravos prologando os seus contractos quase indefinidamente. Dentro deste contexto e numa mistura de desespero e revolta, o grupo liderado por Rain e Andy (o seu irmão andróide) decide resgatar uma nave abandonada pela companhia para tentar fugir para o planeta Yvaga contudo eles cedo vão perceber que não estão sozinhos pois a nave esta está pejada de Xenomorfos sedentos de novas vítimas. Pode-se considerar ‘Alien: Romulus’ como um considerável “upgrade” comparativamente ao seu antecessor ‘Alien: Covenant’ no que diz respeito a ambiente, efeitos visuais e dinamismo ainda que não consiga escapar ao seu “pecado capital”, as óbvias, absurdas e por vezes vergonhosas “colagens” aos dois primeiros filmes do franchise. ‘Alien: Romulus’ deixa uma espécie de constante déjà-vu lacrado por uma falta de criatividade descarada num argumento que apenas se restingue a aplicar a fórmula já existente. 

6.5/10

quarta-feira, 23 de outubro de 2024

Wolfs (2024)

Eles não contracenavam desde o popular ‘Burn After Reading’ (2008) dos icónicos irmãos Coen, falo da célebre dupla George Clooney e Brad Pitt que volta a ser destaque em ‘Wolfs’. Com o selo Apple TV +Wolfs’ tem uma história simples embora cativante e que apesar das criticas pouco abonatórias prova que um orçamento reduzido não é necessariamente sinonimo de um filme medíocre. Clooney e Pitt são dois “solucionadores” (pessoas especialistas em fazer desparecer qualquer tipo de problema) que chegam quase em simultâneo a um quarto de hotel onde acabou de decorrer uma morte acidental, contudo estes dois personagens (que nunca revelam o nome) trabalham por hábito sozinhos pois no seu ramo profissional confiança é uma “moeda” bastante rara. Dado o contexto com que se deparam, os dois (embora contrariados) vão progressivamente cedendo à inevitabilidade de unir esforços para resolver o imbróglio que têm pela frente. Como já tinha referido ‘Wolfs’ tem tido um feedback pouco simpático mas sem grande fundamento (a meu ver), o filme desenrola-se a um ritmo fluido e vai oferecendo aqui e ali imprevisibilidade na história, factor decisivo para manter o interesse do espectador até ao final. Um último destaque para as interpretações bem conseguidas de Clooney e Pitt ainda que sejam ambas bem dentro das suas respectivas zonas de conforto.

7.5/10 

[Trailer]

terça-feira, 22 de outubro de 2024

Beetlejuice Beetlejuice (2024)

Trinta e seis anos é o tempo que separa ‘Beetlejuice’ de ‘Beetlejuice Beetlejuice’ (a criatividade não abunda quando se trata de escolher nomes), o lendário Tim Burton revisita um dos seus mais icónicos filmes e simultaneamente “ressuscita” Michael Keaton para reencarnar uma vez mais o fantasmagórico Beetlejuice. Não é fácil encontrar um argumento aceitável para estas sequelas com cerca de três décadas de diferença, a tendência é usar a “fórmula” que teve sucesso (‘Ghostbusters: Afterlife’), quando o que se pede é uma história que tenha algo de diferente e refrescante para contar usando o imaginário já existente e respeitando o legado do mesmo. ‘Beetlejuice Beetlejuice’ consegue (parcialmente) cumprir o que se pedia ainda que não seja o tipo de filme que exige um argumento de excelência sobretudo quando tem ao “leme” o mestre da arte da fantasia e sobrenatural, o genial Tim Burton. A história de ‘Beetlejuice Beetlejuice’ divide-se em duas narrativas, por um lado temos o regresso dos mortos da esposa de Beetlejuice (Delores/Monica Bellucci), empenhada na sua vingança contra Beetlejuice por outro temos Astrid/Jenna Ortega, a filha de Lydia Deetz/Winona Ryder e neta de Delia Deedz/Catherine O'Hara, que encontra um portal para o mundo dos mortos graças a um encontro romântico que se vem a revelar uma emboscada. Se a primeira apesar de básica tem alguns pontos de interesse e alguma comédia “nonsense” bem incorporada a segunda história abusa na previsibilidade e no tédio. Pode-se dizer que ‘Beetlejuice Beetlejuice’ acaba por cumprir os mínimos olímpicos de entretenimento mas que vai cair facilmente no esquecimento.

6.5/10