terça-feira, 25 de novembro de 2025

Roofman (2025)

A comédia que nunca foi encaixa que nem uma luva como o slogan de ‘Roofman’, um filme que até pelo trailer dá todo o ar de ser uma comédia mas que no entanto acaba por ser predominantemente uma drama “soft” que até é baseado em acontecimentos reais por mais insólitos que pareçam. O argumento de ‘Roofman’ centra-se em Jeffrey Manchester/Channing Tatum um ladrão que se torna célebre por causa do seu método de entrada (telhado do edifício), por ser simpático para os reféns e pela sua escolha preferencial de alvos (Macdonald’s). Ora num desses assaltos Jeffrey é apanhado pela polícia e posteriormente aprisionado, todavia depois de uma bem planeada fuga da prisão Jeffrey esconde-se durante meses num Toys "R" Us local. Enquanto esta estadia se vai prolongando Jeffrey começa-se a integrar na comunidade local assumindo para tal uma identidade falsa. Além de TatumRoofman’ conta ainda com a participação de Kirsten Dunst na pele de Leigh Wainscott (a nova paixão de Jeffrey) e o incrível Peter Dinklage que encarna Mitch, o intragável gerente do Toys "R" Us. ‘Roofman’ é um filme que dentro do género se pode considerar satisfatório onde as interpretações são adequadas e convincentes contudo o filme peca pela sua duração. Segmentos demasiados longos redundantes em termos de desenvolvimento do enredo.  

6.5/10

terça-feira, 18 de novembro de 2025

A Big Bold Beautiful Journey (2025)

O romantismo não está morto, é este o mote para a ideia por trás de ‘A Big Bold Beautiful Journey’. Dois estranhos acabam por ser forçados a partilhar uma viagem para um casamento de um amigo comum, todavia esta viagem transforma-se numa jornada surreal pois vão aparecendo portas que funcionam como uma espécie de portais para memórias dos passados de ambos. O filme tenta recuperar o romantismo e duplicidade da trilogia ‘Before Sunrise’, ‘Before Sunset’ e ‘Before Midnight’ adicionado uma vertente de fantasia similar a filmes como ‘Stardust’ ou ‘Big Fish’. ‘A Big Bold Beautiful Journey’ tem também uma dupla altamente conceituada nos papéis principais, Colin Farrell/David e Margot Robbie/Sarah e conta ainda com a participação do incrível Hamish Linklater (ele que brilhou na mini-série ‘Midnight Mass’). A grande questão que fica acerca de ‘A Big Bold Beautiful Journey’ é como é que um filme com uma boa ideia base (apesar de não uma novidade) e um elenco deste nível não resultou? A resposta é clara e está interligada com os personagens, não necessariamente com as interpretações (apesar de não serem brilhantes) mas com os personagens. A forma como os personagens estão escritos foi uma espécie de âncora que não deixou o filme atingir o seu potencial. Nenhum dos personagens mostra evolução e os diálogos são muito fracos, factor que vai tonando o filme cada vez mais entediante e menos genuíno e credível. ‘A Big Bold Beautiful Journey’ acaba por ser uma desilusão, nos dias que correm em que boas ideias escasseiam no mundo do cinema ainda é mais estranho como não se consegue concretizar uma delas num filme de boa qualidade. 

6.5/10 


sábado, 15 de novembro de 2025

Code 3 (2025)

Um dos filmes que mais me surpreendeu em 2025 foi ‘Code 3’, confesso que a proveniência da minha curiosidade acerca do filme veio em grande parte da generalidade das críticas positivas do mesmo. ‘Code 3’ centra-se na vida de Randy (um experiente e desgastado paramédico que trabalha do equivalente Norte-Americano ao nosso conhecido INEM), um papel interpretado de forma bastante assertiva e entusiástica por Rainn Wilson (ele que atingiu a patamar de ícone na pele do ímpar Dwight Schrute na versão Norte-Americana da série ‘The Office’). ‘Code 3’ acontece literalmente no ultimo turno de 24 horas de Randy, (o ultimo porque ele já aceitou um trabalho noutra área completamente diferente), aí podemos observar todas as imponderabilidades inerentes a um turno tão longo num trabalho tão intenso e exigente. Intensidade e emoção marcam a toada da cadência do filme, e mesmo com um argumento simples consegue uma cativante abordagem a uma temática pouco explorada, o único outro filme com semelhanças a ‘Code 3’ que me consigo recordar é o alucinante ‘Bringing Out the Dead’ de Martin Scorsese em 1999. ‘Code 3’ é mais um bom exemplo de como um filme de baixo custo consegue ser mais sedutor que os projectos com grandes produções e desta feita nem foi à custa de um argumento de excelência mas sim de uma equilibrada receita entre acção e emoção e um tema pouco explorado que desperta uma natural curiosidade.

7.5/10

[Sample] 

segunda-feira, 10 de novembro de 2025

Caught Stealing (2025)

Três anos depois do aclamado ‘The WhaleDarren Aronofsky está de regresso com ‘Caught Stealing’. Quem é espectador assíduo dos filmes de Guy Ritchie ou ficou particularmente cativado por ‘Lucky Number Slevin’ certamente não vai ficar desiludido com ‘Caught Stealing’. A sinopse começa com o regresso a casa de Hank Thompson/Austin Butler (um prometedor jogador de Baseball que hipotecou a sua carreira devido a um grave acidente de viação) e a sua namorada Yvonne/Zoë Kravitz que com alguma relutância aceitam tomar conta do gato do seu vizinho Russ/Matt Smith (ele que ganhou estatuto por conta da sua participação em House of Dragon na pele de Daemon Targaryen) enquanto ele vai para Londres ver o seu pai. Esta decisão vem a relevar-se pouco acertada pois Hank vê-se no centro de um conflito de interesses entre a máfia russa e Judaica consequência dos negócios pouco recomendáveis do seu vizinho e amigo Russ, negócios aos quais Hank é completamente alheio. As duas grandes diferenças entre ‘Caught Stealing’ e ‘Lucky Number Slevin’ são desde logo a qualidade dos actores apensar de uma sólida prestação de Austin Butler no principal papel e a ausência de humor em ‘Caught Stealing’, um filme cru e violento sem espaço para trechos humorísticos, traços quase sempre comuns nos filmes de Aronofsky. ‘Caught Stealing’ nunca será um filme de eleição mesmo comparado a outros do cardápio Aronofsky, todavia é reconfortante ver que ainda são produzidos filmes com um argumento bem gizado nos tempos que correm.  

7/10 

 [Sample]

quinta-feira, 6 de novembro de 2025

Highest 2 Lowest (2025)

E eis que de quando em vez o homem lá reaparece, falo do sui-generis realizador Spike Lee a propósito do seu novo filme ‘Highest 2 Lowest’. À primeira vista ‘Highest 2 Lowest’ aparenta ser um remake de ‘High And Low’ (1963) do aclamado realizador Japonês Akira Kurosawa mas não é assim tão linear que o seja pois o filme também “bebe” bastante inspiração no romance King's Ransom (1959) escrito por Ed McBain, podemos então dizer que é uma heterógena mistura dos dois. ‘Highest 2 Lowest’ conta com a participação do conceituado actor Denzel Washington/David King como protagonista (é a quinta vez que se entra num filme realizado por Spike Lee) e de Jeffrey Wright/Paul Christopher como co-protagonista. Com o selo Apple TV+Highest 2 Lowest’ foi recebido com um verdadeiro coro de críticas negativas e apesar de eu achar que o filme é satisfatório de facto a grande maioria delas estão assentes em argumentos válidos. As grandes falhas de ‘Highest 2 Lowest’ são na verdade de natureza técnica, nada do nível Michael Bay mas graves se tivermos em conta que estamos a falar do homem que nos deu ‘BlacKkKlansman’ e ‘25th Hour’. Desde logo a banda sonora, não vou entrar na discussão das escolha mas sim da sua função, a banda sonora de um filme serve essencialmente para intensificar as cenas, deve ser um espécie de adorno e não o filme servir ele próprio como adorno à banda sonora, também deve estar num volume que funcione como musica de fundo o que não é caso, o género cinematográfico que contraria o que acabei de dizer é o musical e ‘Highest 2 Lowest’ claramente não é um musical. Outro grande defeito do filme é a sua medíocre edição, estamos todos cientes do grande fascínio de Lee pela cidade de Nova Iorque contudo o filme podia e devia ser menos extenso bastava para isso uma edição mais competente. Por último queria destacar a fraquíssima qualidade da generalidade dos actores do filme ainda por cima contracenando com dois pesos pesados como Denzel Washington e Jeffrey Wright ainda mais sobressaíram as abissais diferenças de representação. 

6.5/10 


segunda-feira, 3 de novembro de 2025

Psychonaut - World Maker (2025)

Será que ir progressivamente absorvendo o legado dos The Ocean é o suficiente?! Não, não é o os Belgas Psychonaut estão perfeitamente conscientes disso. As semelhanças são óbvias e reconhecidas pelos próprios, além de partilharem a mesma editora (Pelagic Records) os The Ocean de alguma forma têm apadrinhando a fantástica ascensão do trio Belga nessa mesma editora. Com uma carreira marcada por passos convictos e seguros os Psychonaut lançaram no passado dia 24 de Outubro o seu terceiro álbum de originais ‘World Maker’. É preciso uma resistência assinalável para não ficarmos completamente apaixonados por ‘World Maker’ logo na primeira audição, os mais saudosistas irão dizer que o antecessor ‘Violate Consensus Reality’ ou mesmo ‘Unfold The God Man’ contêm temas mais emblemáticos, admito que sim contudo em termos de consistência e regularidade não tenho dúvidas é assinalar ‘World Maker’ como o melhor álbum da banda até ao momento. Um formidável dualismo entre Post-Metal e Progressivo onde a criatividade e o talento vão alicerçando um caminho norteado por uma aura psicadélica acabando invariavelmente num clímax emocional que é um verdadeiro deleite para os sentidos. Não posso deixar de falar no guitarrista/vocalista Stefan de Graef que vai “saltitando” entre os Psychonaut e os Hippotraktor (também eles integrados na Pelagic Records), pondo ao serviço de ambas as bandas a sua inequívoca perícia. É mandatório ouvir ‘World Maker’ na íntegra ainda assim atrevo-me a destacar o tema ‘All In Time’…é só mais uma pérola das muitas com que os Psychonaut nos têm brindado. 

9/10

[sample]