quinta-feira, 30 de outubro de 2025

Conjurer - Unself (2025)

Apesar de ser ter tornado um subgénero bastante popular nos últimos quinze anos não o é particularmente no Reino Unido todavia os Conjurer têm sido uma espécie de porta-estandarte do Post-Metal em terras de sua majestade. Três anos depois de ‘Páthos’ os Conjurer voltam a conjurar ("Pun intended"), desta feita o seu terceiro trabalho de originais ‘Unself’. Completamente libertos de dogmas musicais, eu diria que os Conjurer exteriorizam com ‘Unself’ a sua versão mais Neurosis, um álbum que agrega o Post-Metal ao seu indissociável e fiel aliado Sludge Metal com uma carga simultaneamente emocional e gravitacional digna de registo. Se no tema ‘All Apart’ a banda mostra que a impetuosa e pulsante onda de Sludge Metal também é compatível com infusões de Black Metal temos por exemplo ‘This World Is Not My Home’ou ‘Let Us Live’ onde sobressai um arrastamento mais compatível com o Doom Metal mas se preferirem faixas mais em concordância com as sonoridades dos “padrinhos” da mescla Sludge/Post-Metal (os já referidos Neurosis), eu aconselharia ‘There Is No Warmth’ ou ‘Foreclosure’, o ponto mais alto de ‘Unself’ no meu ponto de vista. Não dira que ‘Unself’ confirma em definitivo a inequívoca qualidade dos Conjurer, ‘Páthos’ já tinha cumprido esse desígnio, eu acho que ‘Unself’ mostra sim que a banda ainda tem muito potencial de expansão em termos de criatividade e de identidade.  

7.5/10

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domingo, 26 de outubro de 2025

Tombs - Feral Darkness (2025)

Cinco anos depois da interessante proposta ‘Under Sullen Skies’ os Norte Americanos Tombs estão de regresso com sexto álbum de originais ‘Feral Darkness’. Se há característica que tem diferenciado este quarteto Nova-iorquino é a sua abordagem pouco convencional na concepção de cada álbum e ‘Feral Darkness’ não é excepção. Catalogados (não em nome próprio entenda-se) como uma banda de Post Black Metal os Tombs decidiram em ‘Feral Darkness’ complicar ainda mais as infrutíferas tentativas de encaixar as suas sonoridades numa qualquer “gaveta”. Se apesar da verdadeira “salada” de influências, ‘Under Sullen Skies’ era maioritariamente um álbum de Black/Sludge Metal, ‘Feral Darkness’ exibe uns Tombs muito mais virados para dar preponderância ao Death Metal e ao Doom sendo que a sua “trademark” continua bem vincada, cada tema tem uma essência muito própria e pode oferecer sonoridades completamente dispares do anterior. Temos Black Metal sujo, cavernoso e pestilento em ‘Black Shapes’ e ‘Wasps’, Doom melódico em ‘The Sun Sets’, uma natural mistura de Doom com Post-Metal em ‘The Wintering’ e ainda o Death Metal doentio bem ao estilo dos seus compatriotas Necrophagia em ‘Glass Eyes / Ghoul’ e ‘Granite Sky’. Esta impressionante abrangência sonora contida dentro um só álbum acaba por ser simultaneamente positiva e negativa pois se por um lado promete que ‘Feral Darkness’ dificilmente se vai tornar entediante com o tempo por outro também mostra que a banda tem muita relutância em definir o seu rumo musical. 

8/10 

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quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Soulfly - Chama (2025)

A carreira dos Soufly é sem dúvida uma excelente métrica para explicar como o tempo passa rápido, parece que foi ontem que o lendário vocalista Max Cavalera abandonou os Sepultura contudo os seus Soulfly já atingiram a respeitável marca dos 25 anos de carreira. Uma das coisas que tem pautado a carreira da banda é a regularidade no lançamento de álbuns portanto três anos depois de ‘Totem’ aí está o seu décimo terceiro de originais ‘Chama’. Os Soulfly agora oficialmente compostos apenas por Max, o seu filho Zyon na bateria e Mike DeLeon na guitarra mostram que ‘Chama’ tem indubitavelmente uma “chama” revivalista, e não é um revivalismo do tribalismo que marcou com impacto as sonoridades primordiais da banda mas sim um revivalismo do Thrash cru, violento e intempestivo da fase mais emblemática dos Sepultura (‘Arise’ e ‘Chaos A.D.’). Talvez inspirado pelas consecutivas tours temáticas desses mesmos álbuns com o seu irmão Igor (Cavalera Conspiracy) Max tem progressivamente injectado mais Thrash em detrimento da vertente mais tribal em cada novo álbum de Soulfly. Outra diferença que já se vinha a notar em álbuns anteriores mas que em ‘Chama’ se acentua é que o Groove Thrash também tem vindo a perder terreno para uma abordagem com Thrash mais tradicional (vamos dizer assim), temas como a supersónica ‘Ghenna’ ou a formidável ‘Favela / Dystopia’ comprovam-no todavia ‘Chama’ ainda contem faixas altamente representativas das sonoridades “clássicas” da banda como ‘Storm The Gates’ou ‘Always Was, Always Will Be...’ (o nome acaba por ser auto-explicativo). 

7.5/10

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segunda-feira, 20 de outubro de 2025

Juneau - Scraps Of The Final Lights (2025)

Originários da região da Flandres na Bélgica mas concretamente da cidade Heist-op-den-Berg os Juneau começaram a sua pequena carreira em 2019 lançando o seu primeiro álbum de originais em 2021 ‘Cloak’ que ainda vamos ter oportunidade de analisar aqui no Blog. Quatro anos depois o trio Belga está de volta com ‘Scraps Of The Final Lights’, o seu segundo álbum. Muito bem acompanhados pelos seus conterrâneos Hemelbestormer e Pothamus também os Juneau apontam as suas sonoridades para um Post-Metal essencialmente focado em atmosferas dissonantes e etéreas conectadas através de riffs com uma elevada carga dramática com o intuito de provocar uma intensa e enérgica resposta emocional ao ouvinte. Tal como os seus já referidos compatriotas Hemelbestormer também os Juneau têm optado pela exclusão de vocalizações ficando a responsabilidade musical apenas entregue à vertente instrumental, uma escolha recorrente em bandas que se inserem no âmbito do Post-Metal mais orientado pela dimensão ambiental. Composto por apenas cinco temas ‘Scraps Of The Final Lights’ acaba por ser um álbum que faz da sua consistência e indivisibilidade os seus pontos mas fortes, todavia gostava de destacar as faixas, ‘Dissolve’ e ‘Heave’.

7/10

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quarta-feira, 15 de outubro de 2025

Testament - Para Bellum (2025)

Já aqui o afirmei, eles são desde há muito tempo a minha banda preferida do chamado Bay Area Thrash Metal, falo dos Norte-Americanos Testament a propósito do seu décimo terceiro álbum de originais ‘Para Bellum’. Confesso que a primeira audição do álbum não me cativou mas com mais rodagem o interesse foi crescendo. Cinco anos depois do fantástico ‘Titans of Creation’ estas verdadeira lendas do Thrash Metal voltam à carga com ‘Para Bellum’, e se à coisa que tem destacado os Testament da concorrência é a sua exímia capacidade de fazer pontes entre um Thrash mais tradicional e “puro” e o Thrash mais moderno onde o Groove tem uma contribuição indispensável. Pois bem em ‘Para Bellum’ a banda talvez tenha exagerado de adição de influências de outros subgéneros, não de uma forma extrema ao ponto de porem a sua identidade em causa como quase aconteceu em ‘Demonic’ mas são notórias as ingerências de Death e até Black Metal em temas como ‘For The Love Of Pain’ ou ‘Witch Hunt’, faixas que até podiam encaixar num álbum de Drangonlord (projecto paralelo do icónico guitarrista Eric Peterson). Destaco também que apesar da inequívoca qualidade de temas como os singles ‘Infanticide A.I.’ e ‘Shadow People’ ou ‘Room 117’, ‘Para Bellum’ é órfão daquela faixa bomba com que a banda nos costuma presentear, ‘The Pale king’, ‘Native Blood’, ‘Children Of The Next Level’ ou ‘More Than Meets The Eye’ são excelentes exemplos recentes.

7/10 

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