quarta-feira, 25 de junho de 2025

Vildhjarta - Där Skogen Sjunger Under Evighetens Grana (2025)

A carreira do trio Sueco Vildhjarta tem essencialmente sido marcada por inconstâncias, depois de um álbum de estreia bastante promissor (‘Måsstaden’) seguiu-se um absurdo e prejudicial hiato de uma década até ao seu sucessor ‘Måsstaden Under Vatten’, ora agora passados quatro anos sem se perceber muito bem se a banda iria optar por outra longa paragem chega-nos ‘Där Skogen Sjunger Under Evighetens Grana’, o terceiro álbum de originais dos Vildhjarta. As sonoridades da banda cedo se foram trilhando pela orientação dos seus emblemáticos conterrâneos Meshuggah, uma influência orgulhosamente declarada, o seu Math Metal denso e técnico sempre pautado por riffs vincadamente Djent deu-lhes um invejável rótulo de seguidores dos já referidos Meshuggah. Estes longos intervalos entre álbuns não têm de facto sido nada favoráveis para os Vildhjarta, se ‘Måsstaden Under Vatten’ já esteve longe de confirmar uma ascensão da banda este ‘Där Skogen Sjunger Under Evighetens Grana’ é na minha opinião um claro retrocesso, é verdade que tecnicamente pouco ou nada se pode apontar aos doze temas que compõem o álbum, todavia os pontos positivos tendem a não aparecer mesmo depois de várias audições. ‘Där Skogen Sjunger Under Evighetens Grana’ apresenta-se como um álbum altamente entediante, lento e com uma falta de dinâmica e interligação por demais evidente, um desfilar constante de riffs encorpados e intensos mas sem correlação com os restantes instrumentos, demasiado compassados e proeminentes, faltam alternâncias de intensidade quer entre os temas quer mesmo num tema isolado a certa altura fica a secção que estamos a ouvir um intolerável e monótono loop hibrido entre Djent e Doom

6/10 


sexta-feira, 20 de junho de 2025

...And Oceans - The Regeneration Itinerary (2025)

É o terceiro álbum depois da “ressurreição”, falo de ‘The Regeneration Itinerary’ o sétimo álbum dos Finlandeses And Oceans. Dois anos depois de ‘As in Gardens, So in Tombs’ os And Oceans voltam à carga com este ‘The Regeneration Itinerary’. Esta espécie de segunda vida da banda tem sido essencialmente marcada por um regresso às suas sonoridades primordiais, o Symphonic Black Metal clássico que nos anos 90 foi proeminente especialmente em bandas do norte da Europa, um Black Metal orientado para a melodia onde os teclados têm um papel fulcral, ‘The Regeneration Itinerary’ encaixa também ele nesta descrição, temas como ‘Förnyelse I Tre Akter’, ‘The Fire In Which We Burn’, ‘Towards The Absence Of Light’ são excelentes exemplos do actual rumo musical da banda. Todavia é em ‘The Regeneration Itinerary’ que os And Oceans voltam a repiscar elementos da sua fase direccionada para o Electrónico/Industrial (‘A.M.G.O.D. ‘ e ‘Cypher’), ainda que de uma forma muito esporádica e tímida mas ainda assim notória essencialmente no tema inicial do álbum ‘Inertiae’ e de uma forma mais abrangente no tema de bónus que fecha ‘The Regeneration Itinerary’, ‘The Discord Static’. É penoso para mim ver que os And Oceans continuam muito receosos em reassumir por completo a sua vertente Electrónica e continuando a apostar num Black Metal em modo revivalista que apesar de ser inatacável no que à sua execução diz respeito aniquila por completo a tendência inovadora e diferenciadora que a banda já teve.

7.5/10

[Sample] 

domingo, 15 de junho de 2025

katatonia - Nightmares As Extensions Of The Waking State (2025)

Dois anos depois do fantástico ‘Sky Void Of Stars’ os icónicos Suecos Katatonia estão de volta com o seu décimo quinto álbum de originais ’Nightmares As Extensions Of The Waking State’. Mas antes de escalpelizarmos o álbum propriamente dito temos de tirar o “elefante da sala” e falarmos sobre as saídas dos dois guitarristas Roger Öjersson e principalmente Anders Nyström, não só um dos fundadores da banda como o responsável por grande parte das composições musicais dos Katatonia desde 1993 ainda por cima uma saída nada amistosa que segundo o próprio significou simultaneamente fim da longa amizade com o incontornável vocalista Jonas Renkse. Ora era inevitável uma cisão com este dramatismo e profundidade ter impacto na sonoridade deste ’Nightmares As Extensions Of The Waking State’. Se ‘Sky Void Of Stars’ é talvez o melhor álbum da banda deste ‘The Great Cold Distance ’Nightmares As Extensions Of The Waking State’ está vários furos abaixo e o pecado original apresenta-se (sem surpresa) nas guitarras, é verdade que o factor ambiental continua a puxar-nos para o passado mais recente da banda só que os riffs simplesmente não sobressaem, são melódicos mas sem alma, sem intensidade, sem personalidade e sem carisma. Os temas vão-se sucedendo sem que nenhum se destaque, falta o habitual golpe de asa que tem feito com que mesmo em álbuns menos conseguidos uma ou outra faixa se evidencie. O futuro irá ditar se ’Nightmares As Extensions Of The Waking State’ não será o início do fim da banda.

6.5/10


domingo, 8 de junho de 2025

Machine Head - Unatøned (2025)

Para haver desilusão tem forçosamente de existir uma ilusão prévia e é por essa mesma razão que posso desde já antecipar que ‘Unatøned’ não será a desilusão de 2025 para o Espelho Distópico. Apesar da notória melhoria de ‘Øf Kingdøm And Crøwn’ em comparação com o seu antecessor ‘Catharsis’ eu já há muito tempo que perdi a esperança relativamente ao “caminho” musical tomado por Robb Flynn e os seus Machine Head. As péssimas reviews acerca de ‘Unatøned’ têm proliferado por essa internet fora e Robb Flynn aparentemente não teve poder de encaixe, tanto é que respondeu directamente à review da Metal Forces Magazine. Bom a minha humilde opinião vale o que vale mas dado que em tempos os Machine Head foram das bandas que mais apreciava acho que tenho algum crédito para por mais sal na ferida. A verdade é que os Machine Head não concebem um álbum acima de satisfatório desde ‘The Blackening’ em 2007 e ‘Catharsis’ e este ‘Unatøned’ roçam mesmo o medíocre e a culpa de tudo isto assenta quase totalmente em cima do Sr. Robb Flynn. Ninguém tem acusado Flynn de falta de empenho ou falta de atitude não me parece sinceramente que o problema se concentre aí, o grande erro de Flynn a meu ver tem sido a gestão dos recursos humanos da banda pois desde uns anos a esta parte tem sido uma verdadeira porta giratória de elementos, elementos esses que mal entram na banda já sabem que estão a prazo, ora tudo isto converge numa falta de personalidade musical aliada a uma nítida falta de criatividade. ‘Unatøned’ é um álbum completamente genérico e asséptico, um álbum que ninguém se lembrará daqui a um par de anos e o resultado inevitável da falta de estabilidade da banda. Ao Sr. Robb Flynn fica o recado talvez a mudança do foco para uma reconstrução ponderada da banda, com elementos que tenham algo de novo para dar e se identifiquem com a mística dos Machine Head ou mesmo “desligar a tomada” e dar por terminada a carreira da banda seja mais produtivo do que perder tempo a reagir a críticas. 

5/10 


sábado, 31 de maio de 2025

Captain America: Brave New World (2025)

É o penúltimo filme da chamada fase cinco do MCU, trata-se de ‘Captain America: Brave New World’. ‘Captain America: Brave New World’ é o quarto filme sobre o icónico personagem da Marvel Comics e o primeiro depois de Steve Rogers abandonar a função. Como tantos outros ‘Captain America: Brave New World’ percorre uma cheklist de falhas análogas a praticamente todos os filmes com o crivo MCU, aliás fazer reviews sobre este género específico de filmes tem-se verificado cada vez mais entediante. Os personagens sem carisma, as desinspiradas interpretações os argumentos aborrecidos e previsíveis e uma falta de autenticidade generalizada são os trademarks clássicos deste subgénero cinematográfico e em ‘Captain America: Brave New World’ será fácil identificarmo-los todos. Penso que a breve trecho a tecnologia vai fechar o círculo e a AI ficará responsável pela concepção e execução de filmes desta categoria. Um dos poucos focos de interesse do filme acaba por ser a participação de Harrison Ford interpretando não só o Presidente Thaddeus Ross como o Red Hulk (uma variação esmeralda do nosso conhecido monstro verde). Um final de carreira penoso para uma figura lendária como Harrison Ford, o homem que imortalizou Han Solo em ‘Star Wars’ e o arqueólogo mais famoso do mundo em ‘Indiana Jones’, vê-se agora relegado para uma espécie de co-protagonista no franchise que ele próprio ergueu (‘Indiana Jones and the Dial of Destiny’) e disponibilizar um rosto para um monstro totalmente gerado por C.G.I.

 5/10


quinta-feira, 29 de maio de 2025

Anora (2024)

Ganhou cinco Óscares da Academia e a palma de ouro de Cannes, falo de ‘Anora’, o filme sensação de 2024. A primeira questão que me ocorre é se todo o hype acerca de ‘Anora’ é justificado?! A resposta é um rotundo não. Tal como ‘The Substance’ o hype gerado em torno de ‘Anora’ apenas se compreende pela fraquíssima qualidade da concorrência. Impendentemente do meu gosto pessoal os últimos Óscares de melhor filme têm dado primazia à originalidade, característica que nem se constata neste caso específico, a história de ‘Anora’ não passa de uma espécie de adaptação moderna de ‘Pretty Woman’. Ani/Mikey Madison, uma Stripper/Prostituta é contratada por Ivan/Mark Eydelshteyn (filho de um poderoso oligarca Russo), a paixão entre os dois vai-se intensificado e o que começou por ser um simples “serviço prestado” transforma-se num precipitado casamento. Quem não fica de todo contente com esta notícia são os pais de Ivan que rapidamente se deslocam da Rússia para os Estados Unidos com a vincada intenção de cancelar este casamento. Ora na comparação com o velhinho ‘Pretty Woman’ ‘Anora’ perde em praticamente toda a linha, quer seja pela qualidade das personagens e respectivas interpretações que seja pela falta de objectividade da segunda metade do filme, a certo ponto dá a sensação que nem o próprio Sean Baker/Argumentista e Realizador sabe muito bem que rumo deve dar à parte final do filme. Talvez os esporádicos e disfarçados segmentos cómicos sejam mesmo a única vertente em que ‘Anora’ leva a melhor sobre o clássico de Richard Gere e Julia Roberts.

6.5/10