terça-feira, 24 de setembro de 2024

Norna - Norna (2024)

É estreita e intensa a ligação entre a Pelagic Records e o Post-Metal, existe abundância e qualidade em simultâneo sendo que um dos últimos projectos “temperado” na “fornalha” Pelagic dá pelo nome de Norna e estreou-se em 2022 com ‘Star Is Way Way Is Eye’. Ora dois anos passaram e o trio composto por uma dupla Suíça (Christophe Macquat e Marc Theurillat) e um Sueco (Tomas Liljedahl) volta a marcar presença com o seu segundo álbum de originais ‘Norna’. Confesso que ainda não ouvi o seu álbum de estreia contudo dizer que ‘Norna’ me deixou atordoado é um eufemismo. Este triunvirato sabe bem ao que vem, ‘Norna’ transpira intensidade, emoção e ansiedade tudo heterogeneamente mesclado num Post-Metal dono de uma apoteótica força gravitacional. Os últimos três temas do álbum (‘Shine By Its Own Light’, ‘Shadow Works’ e ‘The Sleep’) são simplesmente sensacionais, em cima de uma aura atormentada por um Post-Metal traçado com Sludge sobressaem os riffs musculados e compassados bafejados por uma ténue inspiração de Doom Metal. A quase obrigatória influência dos míticos Neurosis está presente tal como a partilha de algum "território" sonoro com os seus colegas de editora LLNN ainda que os Norna já tenham delineado perfeitamente as principais características da sua singular abordagem ao Post-Metal. ‘Norna’ é também ele um dos álbuns de referência de 2024.

8.5/10

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segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Generation Of Vipers - Guilt Shrine (2024)

Se existem regressos que são mais do que esperados e bastante publicitados existem porem outros que são uma completa supressa ainda que uma surpresa agradável, falo neste caso do regresso dos Norte-Americanos Generation Of Vipers com ‘Guilt Shrine’, o seu quinto álbum de originais. Uma década passou desde o lançamento do aclamado ‘Coffin Wisdom’, todavia os Generation Of Vipers (de forma algo estranha até) não aproveitaram o embalo, no entanto a “pausa” foi bastante benéfica para o trio oriundo do Tennessee ao contrário de outras bandas com hiatos semelhantes. ‘Guilt Shrine’ não é apenas um álbum de excelência praticamente sem pontos fracos, eu diria que tem todo o potencial para ser o melhor álbum da banda até à data e um dos principais álbuns de 2024 no contexto da música mais pesada. ‘Guilt Shrine’ traz-nos uns Generation Of Vipers sedentos de violência com um Hardcore intempestivo e rude praticamente fundido com um Sludge Metal também ele impiedoso, a sua mescla predilecta não está diferente apenas está mais intensa e enraivecida. As quatro primeiras faixas de ‘Guilt Shrine’, (‘Joyless Grails’, ‘In The Wilderness’, ‘Elijah’ e ‘Lux Inversion’ marcam definitivamente a toada do álbum, uma monstruosa e cruel onda de riffs que aliam o Groove ao peso de uma forma pulsante e estonteante. Foi uma longa espera de dez anos mas depois de ouvirmos ‘Guilt Shrine’ sentimos que existem esperas que valem a pena. 

9/10

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domingo, 22 de setembro de 2024

Earth Ship - Soar (2024)

Depois de uma notada ausência de seis anos o trio Germânico Earth Ship está de regresso com o seu sexto álbum de originais intitulado ‘Soar’. A banda composta pelo casal Jan e Sabine Oberg (Grin) conta agora com a participação de André Klein (Slowshine) na bateria. Porventura será exagero dizer que ‘Soar’ é uma espécie de regresso ao passado por parte dos Earth Ship todavia é mais do que notório o engrossar da agressividade comparativamente aos trabalhos mais recentes da banda. A sua característica e dinâmica dicotomia entre Sludge e Stoner continua a emanar vivacidade e energia mas o nível de rugosidade está mais em concordância com os sensacionais ‘Iron Chest’ (2012) e ‘Withered’ (2014) do que propriamente com ‘Resonant Sun’ (2018). O principal destaque de ‘Soar’ tem obrigatoriamente de ir para a qualidade e intensidade da guitarra, riffs pulsantes, enérgicos e pertinentes tornam temas como ‘Shallow’, ‘Ethereal Limbo’ ou ‘Acrid Haze’ imperdíveis para os apreciadores do género. Nota também para a vertente psicadélica da faixa ‘Radiant’, um tema numa toada ambiental que foge um pouco da temática mais austera e feroz predominante em ‘Soar’.

7.5/10

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sábado, 21 de setembro de 2024

Nile - The Underworld Awaits Us All (2024)

É com grande espectativa que recebemos os Norte-Americanos Nile ao nosso país no concerto ontem dia 20 (RCA Club Lisboa) e hoje dia 21 (Hard Club Porto), até porque a banda trás na bagagem o recentíssimo ‘The Underworld Awaits Us All’, o seu décimo álbum de originais. Estes verdadeiros prodígios do Death Metal técnico/brutal continuam o seu caminho praticamente indiferentes a qualquer tipo de tendências efémeras até porque os Nile cedo ganharam um estatuto muito peculiar marcado de forma bastante vincada pela inesgotável inspiração na antiga cultura Egípcia. Mais algumas mudanças no seio banda juntamente com uma alteração de editora não diminuíram em nada o ímpeto e dinâmica que os Nile continuam a apresentar. ‘The Underworld Awaits Us All’ é apenas mais um capítulo da gigantesca e inabalável força cinética destes “senhores do deserto”. Temas simultaneamente sólidos e dilacerantes como ‘Naqada II Enter The Golden Age’, ‘Overlords Of The Black Earth’ ou ‘True Gods Of The Desert’ são bem exemplificativos de como o manancial técnico dos Nile serve para exultar um subgénero tão indigesto como o Technical Death Metal, a abordagem dos Nile ao mesmo não só mostra uma indesmentível mestria como já faz parte da sua própria identidade.

 7.5/10

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sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Dark Tranquillity - Endtime Signals (2024)

Quatro anos parece ser a nova cadência entre álbuns dos Suecos Dark Tranquillity. A banda dispensa apresentações pois a sua carreira que já ultrapassa os 30 anos fala por si. Pioneiros do chamado Gothenburg Metal (um subgénero que ganhou um fortíssimo hype na segunda metade dos anos 90), os Dark Tranquillity chegam a 2024 com o seu décimo terceiro álbum de originais ‘Endtime Signals’ precisamente quatro anos depois de ‘Moment’ e oito após o lançamento de ‘Atoma’. Antes de entrar na análise de ‘Endtime Signals’ propriamente dita tenho de mencionar as “caras novas” da banda, Joakim Strandberg-Nilsson (bateria) e Christian Jansson (baixo), deixando assim Mikael Stanne como o único membro fundador ainda presente no quinteto Sueco. Musicalmente ‘Endtime Signals’ acaba por encaixar na linha do que os Dark Tranquillity nos tem “oferecido” nos últimos tempos, o tal Death Metal carregado de melodia que divide opiniões entre a facção que aponta para o tédio em contraponto com o pessoal mais conservador que defende a fidelidade a um subgénero de forma acérrima. Eu acho que cada caso é um caso e que no caso dos Dark Tranquillity a sua mestria na execução dilui uma tendência óbvia para a repetição e para uma parca criatividade e temas ‘Shivers And Voids’, ‘The Last Imagination’ ou ‘Enforced Perspective’ são provas irrefutáveis de tal afirmação. ‘Endtime Signals’ pode ser consideração como um álbum com uma qualidade aceitável que apesar de não suscitar climaxes musicais tem os seus inegáveis pontos de interesse, esperamos contudo que o título do álbum não tenha um significado escondido.

7/10 

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