quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Korn - The Nothing (2019)


Começo esta crítica com uma divagação, depois de “The Serenity Of Suffering” é a segunda vez que vou fazer uma crítica a um álbum dos Korn e tenho a sensação que desta vez vai ser tão ou mais difícil atribuir uma nota ao álbum. "The Nothing” é o novíssimo trabalho dos pioneiros do Nu-Metal, os Norte-Americanos Korn, e depois de variadíssimas audições continua complicado dar uma honesta opinião sobre o álbum. “The Nothing” tem sem dúvida um “arranque” de luxo pois parece-me que as 3 primeiras faixas são do melhor que existe no álbum, que logo de seguida teima em acentuar uma contínua linha descendente com a excepção da brilhante “H@rd3r”, inquestionavelmente a melhor faixa de “The Nothing”. Os Korn passaram por uma verdadeira panóplia de mutações ao longo da sua carreira, no entanto parece-me que lá acabaram por descobrir em definitivo o seu espaço musical. Dito isto e no meu entender a banda tem sido traída, pelo menos parcialmente, pela progressiva debacle do Nu-Metal porque simplesmente não tem para onde evoluir, especialmente no caso muito particular dos Korn, o que provoca inevitavelmente o aparecimento de músicas “banais” em cada álbum, e se “The Nothing” não foge a essa “regra”, outro exemplo recente é o novo trabalho dos Slipknot (“We Are Not Your Kind”) onde esse “handicap” é perfeitamente identificável. Uma palavra para a magnífica capa de “The Nothing”. 

7/10



segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Blood Red Throne - Fit To Kill (2019)


Três anos volvidos depois de “Union Of Flesh And Machine” e os Noruegueses Blood Red Throne voltam à carga com “Fit To Kill”. O que dizer deste álbum?! Desta vez começo por realçar o que é na minha opinião o único ponto negativo do álbum, a falta de inovação, mas que hoje em dia no meio de uma espécie de “standardização” do Death Metal onde o Melódico e o Sinfónico são quase uma obrigatoriedade, o Death Metal Old School rude, ácido e a destilar brutalidade dos Blood Red Throne, bem patente em “Fit To Kill”, até acaba por ter o condão de ser refrescante. Se em “Union Of Flesh And Machine” a envolvente de Death Metal Brutal pouca visibilidade deixava para outras influências já em “Fit To Kill” é bastante notória a intensidade e solidez de um Thrash Groove na maior parte das musicas, a fazer lembrar os SixFeet Under ou até mesmo os Bolth Thrower. “Fit To Kill” tem ainda a virtude de mesmo com esta deliberada infusão de Thrash Metal não perder agressividade nem peso. “Fit To Kill” é apenas a ultima amostra que os Blood Red Throne estão compactos, imponentes e numa impressionante “forma”. 

8/10

sábado, 14 de setembro de 2019

Mgla - Age of Excuse (2019)


Passados poucos dias da visita dos Mgla ao nosso País eis que aqui fica a review do sucessor de “Exercises In Futility” de seu nome "Age of Excuse". Os polacos Mgla são uma das recentes bandas de Black Metal com um justificado e generoso “hype”, e "Age of Excuse" não é mais do que a confirmação da grande qualidade da sua música. O álbum tem uma interessante e inquietante dicotomia entre o Black Metal mais tradicional e um Black Metal mais recente e moderno onde com muita atenção alguns toques de Avant-garde podem ser reconhecidos. O verdadeiro ex-libris de "Age of Excuse" tal como aconteceu com o seu antecessor são os magnéticos e extraordinários riffs, os Mgla tem nas suas guitarras uma distinta e fabulosa composição. "Age of Excuse" apresenta uma invejável solidez e prefigura-se desde já como um dos melhores álbuns de 2019, sendo que na minha opinião “Age of Excuse III" representa o exponente máximo da sua demarcada excelência. 

8.5/10

quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Mindhunter - Season 1 (2017), Season 2 (2019)


David Fincher, o conceituado realizador que durante por mais de duas décadas muito fez por nivelar por cima a qualidade do cinema norte-americano, também ele dedicou-se agora às séries (é incrível o prestigio que tem as séries hoje em dia). O seu sobejamente conhecido interesse no tema “serial killers” foi por demais evidente na criação de Mindhunter. Mindhunter é uma série bastante sofisticada e inovadora pois esmiuça o tema “serial killers” na vertente dos “profilers” mas na precisa altura da génese do seu aparecimento no FBI, quando ainda nem sequer o termo profiler era utilizado.
                Na primeira Season e logo desde início são-nos dados a conhecer os dois protagonistas, Holden Ford (Jonathan Groff) que, com uma invulgar capacidade psíquica, uma impressionante intuição e uma incrível mestria em identificar pormenores importantes fazem dele o protótipo de um profiler e o seu colega Bill Tench (Holt McCallany) o detective da velha guarda, implacável no escrutínio das provas e incorruptível, os dois fazem uma dupla com uma dinâmica muito própria. A série desenvolve-se numa toada de entrevistas aos mais intrigantes e perigosos assassinos em série que estavam encarcerados na altura. Mais tarde na série surge ainda um terceiro elemento, a brilhante académica Dr. Wendy Carr (Anna Torv) muito astuta na área psicológica ficando-lhe entregue o trabalho de documentar e analisar as mesmas entrevistas, feitas ao longo da série.
                Na Season 2 e já com uma unidade do FBI apenas dedicada aos “Serial Killers” embora ainda num estado muito embrionário, a dupla Holden/Tench começa quase por acaso a investigar uma série de assassinatos de crianças afro-americanos em Atlanta em simultâneo com mais entrevistas sendo as mais notórias aos emblemáticos “Son of Sam” e Charles Manson. É também na segunda Season que o detective Bill Tench é confrontado com um sensível drama familiar.
                Quem como eu tem um apaixonante interesse pela psicologia criminal, Mindhunter é sem dúvida a série a não perder. 

8.5/10 

[Trailer Season 1] [Trailer Season 2]               

domingo, 8 de setembro de 2019

Tool - Fear Inoculum (2019)


Se não tenho duvidas que era o álbum mais esperado do ano, aliás, talvez o álbum mais esperado da década ou será que podemos mesmo considerar o álbum mais esperado de sempre?! Os Tool fizeram-me a mim e a muitos outros admiradores da sua música uma verdadeira tortura de 13 longos anos de espera, mas eis que quando já parece ser apenas uma ilusão longínqua, se torna mesmo real a sucessão de “10000 Days”. Os Tool são uma banda que tem feito por estar à margem de rótulos, de ondas musicais, de pressões e com isso foram ganhando um importante e irrevogável reconhecimento, na minha opinião os Tool vão ser lembrados como uma das bandas mais importantes da viragem do milénio senão mesmo a mais importante. Quando se passam 13 anos é difícil saber o que prever de um álbum, como é o caso perfeito de “Fear Inoculum”, no entanto é fácil chegar a uma simples conclusão apenas com uma audição…os Tool continuam a ser os Tool. “Fear Inoculum” tal como todos os álbuns de Tool é daqueles álbuns de “digestão lenta”, conforme se vai ouvindo uma e outra vez parece que vai soando cada vez melhor. “Fear Inoculum” dilui-se nas sonoridades típicas dos Tool onde uma espécie de Rock Psicadélico Ambiental se funde com o Progressivo sendo o resultado um som inimitável e inatingível para qualquer outra banda assente numa magnífica produção. “Fear Inoculum” podia muito bem se situar entre “Lateralus” e “10000 Days” pois existe uma ténue predominância da vertente ambiental muito vincada em “Lateralus”, a grande novidade do álbum é no entanto o grande realce dado a Adam Jones (guitarra) na composição do álbum pois o grande peso pesado em termos de composição musical nos Tool até agora sempre foi a secção rítmica (Baixo e Bateria). Não vou dizer que o álbum é perfeito porque não é, “Culling Voices” e “Chocolate Chip Trip” penso que são 2 faixas abaixo da média altíssima do resto do álbum. Os Tool são uma banda em que detesto ter de destacar musicas tal não é a banalidade da habitual qualidade mas posso dar um ligeiro enfase a “Pneuma” e “7empest”. É para mim um exercício de dificuldade quase hercúleo manter a imparcialidade quando falo dos Tool, e dito isso, como não sou hipócrita ao ponto de achar que o consigo fazer a 100%, prefiro dizer que fiz o maior esforço possível nesse sentido para falar deste “Fear Inoculum”. 

9/10