terça-feira, 23 de maio de 2023

Os Óscares (2023), Edição 95

Já se passaram quase três meses portanto é provável que o tema já não esteja fresco na memória dos nossos leitores contudo vamos mais uma vez falar dos Óscares, dos seus vencedores e das (in) justiças da noite. Desta vez vamos inserir um pouco de imprevisibilidade e começar pelos prémios que envolvem mais drama, os Óscares de interpretação. Nos actores secundários o grande vencedor da noite ‘Everything Everywhere All at Once’ mostrou um sinal de força ao arrebatar os prémios feminino e masculino (Jamie Lee Curtis e Ke Huy Quan) e logo aqui a minha opinião diverge e muito na vertente masculina, obviamente que esta foi a noite de ‘Everything Everywhere All at Once’ mas os Óscares tem categorias por alguma razão e elas devem ser analisadas separadamente mais ainda no âmbito da interpretação. Brendan Gleeson (‘The Banshees of Inisherin’) ainda hoje se dever questionar o que mais poderia ter feito para vencer o Óscar. Nos papéis principais o superfavorito Brendan Fraser venceu com toda a justiça depois da sua magnífica encarnação de Charlie em ‘The Whale’ enquanto nas actrizes Michelle Yeoh (‘Everything Everywhere All at Once’) acabou por conquistar o galardão apesar da forte concorrência de Michelle Williams (‘The Fabelmans’) e Cate Blanchett (‘Tár’).

Passamos para as categorias dos argumentos, categorias essas que já tradicionalmente tendem a ser as mais criticáveis, no melhor argumento original o prémio sorriu mais uma vez a ‘Everything Everywhere All at Once’ e de facto considerando os nomeados a decisão faz algum sentido principalmente pela criatividade ainda que esse mesmo argumento seja parco em consistência. Já na vertente da adaptação o vencedor foi ‘Women Talking’ um filme que ainda não tive oportunidade de ver portanto não posso dar uma opinião sustentada todavia posso dizer que nenhum dos outros nomeados se destacou particularmente.

Passamos para as categorias técnicas começando pelo Óscar de melhor guarda-roupa onde ‘Black Panther: Wakanda Forever’ arrebatou o seu único Óscar da noite, uma decisão algo surpreendente dado que o grande favorito era ‘Babylon’. Na melhor caracterização quem levou a melhor foi ‘The Whale’ e com toda a justiça deixando logo aí ‘The Batman’ com pouca esperança de acabar a noite com algum Óscar na bagagem, é verdade que é de louvar a caracterização de Colin Farrell como The Penguin contudo ela não foi suficiente para superar a incrível transformação de Brendan Fraser em Charlie (‘The Whale’). Nos efeitos visuais o galardão foi atribuído a ‘Avatar: The Way of Water’, o filme que foi na verdade o único real candidato ao Óscar. Outro filme que acabou por se destacar nas categorias técnicas foi ‘Top Gun: Maverick’ ainda que apenas tenha conseguido ser bem-sucedido na categoria de melhor som. Foi na categoria de melhor direcção artística que houve a meu ver a grande injustiça das categorias técnicas com ‘Im Westen nichts Neues’ a levar de vencido ‘Babylon’ e se havia Óscar que claramente tinha de ser atribuído a ‘Babylon’ seria este. Por último, a melhor edição, Óscar também ele conquistado por ‘Everything Everywhere All at Once’ e de facto a edição deste filme era de um altíssimo grau de exigência.

Antes dos prémios mais cobiçados da noite resta falar da melhor cinematografia, um Óscar que tem sido muito disputado nos últimos anos, desta feita quem saiu vitorioso foi ‘Im Westen nichts Neues’, um filme que para além deste Óscar conseguiu também superar a concorrência no melhor filme estrageiro (uma categoria que cada ver faz menos sentido).

Nos dois principais Óscares (melhor realizador e melhor filme) o vencedor foi o mesmo, ‘Everything Everywhere All at Once’, como já era previsível. É raro, muito raro alguém superar o mestre Spielberg na arte realização o que só por si não faz com que um filme tenha qualidade ainda que supostamente é apenas a vertente da realização que está a ser analisada nesta categoria, mais um Óscar em débito para Spielberg, eu acho mesmo que ele já nem está a contabilizar. Nota para a nomeação de Ruben Östlund com ‘Triangle of Sadness’, uma das três nomeações conseguidas por este bizarro filme. Em jeito de conclusão tenho de exultar a minha estupefacção em ver, num ano em que o cinema foi mais uma vez exacerbadamente medíocre, num grupo de dez nomeados não haver espaço para filmes como ‘The Whale’, ‘Amsterdam’, ‘See How They Run’ ou ‘Bullet Train’, estes últimos três com umas inacreditáveis zero nomeações.

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