As eleições:
Desta vez sim fiquei surpreendido confesso, os portugueses são no mínimo
estranhos, parece que somos constantemente atingidos por aquele famoso aparelho
que parece uma caneta, do “Man in Black”. A TSU, o irrevogável, a colocação de
professores, o CITIUS, os orçamentos inconstitucionais, os vistos gold, as
mortes nas urgências, o “enorme aumento de impostos”, o BES, a interminável austeridade
e por último, o RELVAS, repito, o RELVAS. Como é possíveis 2 milhões de tal de
portugueses se terem esquecido disto. A questão nem é defender o Costa (que é
verdade que podia ter feito uma campanha muito melhor e deu vários tiros no pé
na pré-campanha) no entanto eu estava crente que bastava a alternativa ser o
Badaró para a coligação ter uma estrondosa derrota, mas não, não sei se por
efeito do hype do “50 Shades of Grey” mas muita gente votou com o intuito de
levar mais “porrada”. Eu nem sei porque fiquei surpreendido…no país do “Big
Show Sic”, do “Portugal em Festa”, da “Quinta” e dos “Batanetes” é claro que
não há impossíveis.
Os dramas
pós-eleitorais: Findas as eleições temos assistido a um “circo político” de
proporções épicas, O Costa viu uma oportunidade clara de poder ser 1º Ministro
e não a quer perder e isso esta a provocar uma revolta de níveis
estratosféricos na direita portuguesa. Nunca se tinha visto tal, um mau perder
de uma mesquinhez incomparável, a fazer lembrar birras de putos da primária. Já
foram usados todos os tipos de argumentos desde o “Quem ganha é que tem de
governar”, “Isto nunca foi feito em Portugal” etc. Bom ao contrário do que
muita gente pensa, quando se vota não é no Passos nem no Costa, vota-se num
deputado do distrito onde estamos recenseados, dito isto a assembleia ficou com
a seguinte composição após as eleições de 4 de Outubro passado: PSD-89, PS-86,
BE-19, CDS-18, PCP-15, PEV-2 e PAN-1, ou seja a coligação que estava no governo
tem um total conjunto de 107 deputados e PS, BE, PCP e PEV combinados tem 122
deputados, e tem por isso TODA a legitimidade democrática e Constitucional para
formarem um governo se assim entenderem como acontece neste momento e tem
acontecido por essa europa fora. Não tem de ser obrigatoriamente o partido mais
votado a formar governo, alguém que explique isto a alguns “meninos”
ressabiados de direita com laivos de fascismo. Até o ex-1º ministro aderiu a
esta onda quando chegou ao cúmulo de querer mudar a constituição para efeitos
eleitorais…o que mostra bem o seu afamado “desapego” do poder.
A múmia (a.k.a –
Cavaco Silva): 20 anos, sim, há 20 anos que este senhor anda na política activa
e a minha pergunta é como é que isso é possível?! Faltam-me adjectivos para
descrever esta personagem, inoperante, completamente alheio da vida das
pessoas, retrógrado, antiquado, autoritário, aborrecido e podia continuar aqui
umas horas. Já nem vou falar dos seus tempos de 1º ministro, mas vai ser
conhecido como o presidente que tem amiguinhos do “desfalque” do BPN no
conselho de estado; o presidente que disse que o BES era seguro DIAS antes da “derrocada”;
o presidente que põe bandeiras nacionais ao contrário; que promulga uma lei que
acaba com o feriado que comemora precisamente o cargo a que preside; o presidente
dos discursos de frases feitas; o presidente que em plena crise política achou
que era mais importante visitar as ilhas selvagens; o presidente sem coragem; o
presidente que decidiu ignorar os repetidos avisos do tribunal constitucional
para antecipar as eleições precisamente para evitar o que aconteceu; o
presidente que falta às comemorações do 5 de Outubro para pensar nos resultados
eleitorais do dia antes, apesar de ter dito que já tinha estudado todos os cenários
possíveis… havia de certeza mais ainda para dizer mas acho que a ideia esta
vincada. É demasiado óbvia a deterioração cognitiva do senhor mas nem é isso o
mais grave, o grave é que não é verdade que este sujeito seja o presidente de
todos os portugueses, até porque muito dificilmente alguém com menos de 50 anos
se pode identificar minimamente com este indivíduo. No entanto há coisas
positivas, faltam “apenas” mais 2 meses de múmia e a novidade de hoje, o seu último
acto político será a indigitação de um governo que une as esquerdas pela
primeira vez na história da política portuguesa…não vai ser um sapo mas sim um hipopótamo
que esta personagem vai ter que engolir.
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